Efeitos do canabidiol no comportamento agressivo induzido por isolamento social em camundongos
O Canabidiol (CBD), principal composto não-psicotomimético da Cannabis sativa, possui diversas propriedades farmacológicas, incluindo a indução de efeitos tipoantidepressivos e ansiolíticos em roedores após administração sistêmica. O isolamento social aumenta comportamentos agressivos em camundo...
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Universidade de São Paulo
2016
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Agressividade
Canabidiol Receptor 5-HT1A Receptor CB1 Residente-Intruso 5-HT1A Receptor Agressiveness Cannabidiol CB1 Receptor Resident-Intruder Alice Hartmann dos Santos Efeitos do canabidiol no comportamento agressivo induzido por isolamento social em camundongos |
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O Canabidiol (CBD), principal composto não-psicotomimético da Cannabis sativa, possui diversas propriedades farmacológicas, incluindo a indução de efeitos tipoantidepressivos e ansiolíticos em roedores após administração sistêmica. O isolamento social aumenta comportamentos agressivos em camundongos, condição denominada agressão induzida pelo isolamento social ou agressão territorial. Drogas ansiolíticas e antidepressivas podem atenuar comportamentos agressivos. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar se o CBD atenuaria comportamentos agressivos induzidos pelo isolamento social em camundongos. Camundongos Suíços machos (7-8 semanas de idade no dia do isolamento, 30-40 g no dia do teste) foram mantidos isolados (camundongos residentes) para indução dos comportamentos agressivos. Paralelamente, camundongos co-específicos (camundongos intrusos) foram mantidos agrupados (oito por caixa). Neste modelo, um camundongo intruso da mesma linhagem, sexo e idade foi colocado na caixa moradia do residente. As interações entre os camundongos residente e intruso foram gravadas por 20 min e a latência para a primeira mordida contra o intruso, o número de ataques e o tempo total de ataques foram analisados por um observador cego aos grupos experimentais. Após 10 dias de isolamento social, foi testado se a administração aguda (i.p.) de CBD (5, 15, 30 ou 60 mg/kg), 30 min antes do teste, atenuaria comportamentos agressivos dos camundongos residentes contra os intrusos. Para avaliar a participação de receptores 5-HT1A e CB1 nos efeitos do CBD, grupos independentes de animais receberam 1 injeção prévia de WAY 100635 (antagonista dos receptores 5-HT1A, 0,3 mg/kg) ou AM251 (antagonista dos receptores CB1, 1 mg/kg), 30 min antes do CBD (15 mg/kg). Para controlar possíveis efeitos motores da droga, grupos independentes de animais tratados com doses efetivas de CBD ou não efetivas de WAY100635 ou AM251 foram submetidos ao actímetro para avaliação da atividade locomotora total. O CBD (15 mg/kg) aumentou a latência para o residente atacar o intruso e este efeito foi atenuado tanto pela administração prévia de AM251 (VEI+VEI: 186,62±83,16; VEI+CBD: 956,25±150,77; AM+VEI: 271,71±156,18; AM+CBD: 395,86±208,24; p=0,030) quanto WAY100635 (VEI+VEI: 116,33±29,38; VEI+CBD: 860,87±177,36; WAY+VEI: 305,12±159,16; WAY+CBD: 302,57±154,68; p=0,011). Além disso, o CBD reduziu o número de ataques em todas as doses testadas (VEI: 23,00±3,66; CBD 5: 12,25±2,43; CBD 15: 6,62±2,43; CBD 30: 7,71±3,24; CBD 60: 8,16±2,36; p=0,002) e as doses intermediárias (15 e 30 mg/kg) foram capazes de diminuir o tempo total de ataques (VEI: 114,37±22,65; CBD 5: 80,87±23,83; CBD 15: 40,00±14,58; CBD 30: 25,86±12,88; CBD 60: 54,67±9,68; p=0,018), ambos os efeitos sendo atenuados pelo AM251 (Número de ataques - VEI+VEI: 19,25±2,56; VEI+CBD: 3,25±2,36; AM+VEI: 22,86±4,97; AM+CBD: 14,14±4,10; p=0,028; Tempo total de ataques - VEI+VEI: 66,62±9,19; VEI+CBD: 11,75±9,56; AM+VEI: 118,86±31,00; AM+CBD: 58,71±17,45; p=0,049) e WAY100635 (Número de ataques - VEI+VEI: 30,83±6,77; VEI+CBD: 7,87±4,68; WAY+VEI: 22,50±5,06; WAY+CBD: 23,57±6,74; p=0,059; Tempo total de ataques - VEI+VEI: 151,17±32,65; VEI+CBD: 16,75±10,88; WAY+VEI: 113,75±24,66; WAY+CBD: 76,29±21,36; p=0,002). Não foi observado efeito motor do CBD em nenhuma das doses testadas, bem como do WAY100635 e AM251. Esses resultados evidenciam que o CBD atenua comportamentos agressivos em camundongos e nos permitem sugerir um mecanismo misto, visto que há o envolvimento de receptores CB1 e 5-HT1A. Desse modo, este fitocanabinoide poderia ser uma alternativa terapêutica para tratar comportamentos agressivos associados a transtornos psiquiátricos
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Cannabidiol (CBD), a major non-psychotomimetic compound from Cannabis sativa plant, induces anxiolytic- and antidepressant-like effects in rodents after systemic administration. Long-term individual housing increases aggressive behavior in mice, a condition named isolation-induced aggression or territorial aggression, which can be attenuated by anxiolytic and antidepressant drugs. Thus, the aim of the present study was to verify whether CBD would attenuate the aggressive behavior induced by social isolation. Male Swiss mice (7-8 weeks of age on the isolation day, 30-40 g on the test day) were individually housed (resident mice) to induce aggressive behavior, while conspecific mice (intruder mice) were grouped housed (eight per cage). In this model, an intruder mouse of the same strain, sex and age is placed in the resident home cage. The resident-intruder interactions were videotaped for 20 min and the latency to the first bite against the intruder, the number of attacks and the total duration of aggressive encounters were recorded and later analyzed by an observer blind to the treatment groups. After 10 days of social isolation, we tested if acute intraperitoneal CBD administration (5, 15, 30 and 60 mg/kg) to the resident mice 30 min prior to the test would attenuate aggressive-like behavior towards the intruder animal. To evaluate the involvement of 5-HT1A and CB1 receptors in the CBD effects, independent groups of animals were injected with WAY100635 (0.3 mg/kg) or AM251(1 mg/kg) 30 min prior to CBD (15 mg/kg). To control possible motor effects, independent animals treated with effective doses of CBD or ineffective doses of WAY100635 or AM251 were submitted to the actimeter to evaluate the total locomotor activity. CBD (15 mg/kg) increased latency to attack the intruder and this effect was attenuated by the prior administration of AM251 (VEI+VEI: 186.62±83.16; VEI+CBD: 956.25±150.77; AM+VEI: 271.71±156.18; AM+CBD: 395.86±208.24; p=0.030) or WAY100635 (VEI+VEI: 116.33±29.38; VEI+CBD: 860.87±177.36; WAY+VEI: 305.12±159.16; WAY+CBD: 302.57±154.68; p=0.011). Moreover, CBD reduced the number of attacks in all tested doses (VEI: 23.00±3.66; CBD 5: 12.25±2.43; CBD 15: 6.62±2.43; CBD 30: 7.71±3.24; CBD 60: 8.16±2.36; p=0.002) as well as the duration of aggressive behavior encounters in the intermediary doses (15 and 30 mg/kg; VEI: 114.37±22.65; CBD 5: 80.87±23.83; CBD 15: 40.00±14.58; CBD 30: 25.86±12.88; CBD 60: 54.67±9.68; p=0.018), both effects were attenuated by AM251 (Number of attacks - VEI+VEI: 19.25±2.56; VEI+CBD: 3.25±2.36; AM+VEI: 22.86±4.97; AM+CBD: 14.14±4.10; p=0.028; Total time of attacks - VEI+VEI: 66.62±9.19; VEI+CBD: 11.75±9.56; AM+VEI: 118.86±31.00; AM+CBD: 58.71±17.45; p=0.049) and WAY100635 (Number of attacks - VEI+VEI: 30.83±6.77; VEI+CBD: 7.87±4.68; WAY+VEI: 22.50±5.06; WAY+CBD: 23.57±6.74; p=0.059; Total time of attacks - VEI+VEI: 151.17±32.65; VEI+CBD: 16.75±10.88; WAY+VEI: 113.75±24.66; WAY+CBD: 76.29±21.36; p=0.002). CBD, in all tested doses, as well as WAY100635 and AM251, did not induce locomotor changes. These findings suggest that CBD decreases aggressive behaviors in mice and allow us to suggest that this effect involves CB1 and 5-HT1A receptors. Therefore, this phytocannabinoid may be therapeutically useful to treat aggressive behaviors that are usually associated with psychiatric disorders
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Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar se o CBD atenuaria comportamentos agressivos induzidos pelo isolamento social em camundongos. Camundongos Suíços machos (7-8 semanas de idade no dia do isolamento, 30-40 g no dia do teste) foram mantidos isolados (camundongos residentes) para indução dos comportamentos agressivos. Paralelamente, camundongos co-específicos (camundongos intrusos) foram mantidos agrupados (oito por caixa). Neste modelo, um camundongo intruso da mesma linhagem, sexo e idade foi colocado na caixa moradia do residente. As interações entre os camundongos residente e intruso foram gravadas por 20 min e a latência para a primeira mordida contra o intruso, o número de ataques e o tempo total de ataques foram analisados por um observador cego aos grupos experimentais. Após 10 dias de isolamento social, foi testado se a administração aguda (i.p.) de CBD (5, 15, 30 ou 60 mg/kg), 30 min antes do teste, atenuaria comportamentos agressivos dos camundongos residentes contra os intrusos. Para avaliar a participação de receptores 5-HT1A e CB1 nos efeitos do CBD, grupos independentes de animais receberam 1 injeção prévia de WAY 100635 (antagonista dos receptores 5-HT1A, 0,3 mg/kg) ou AM251 (antagonista dos receptores CB1, 1 mg/kg), 30 min antes do CBD (15 mg/kg). Para controlar possíveis efeitos motores da droga, grupos independentes de animais tratados com doses efetivas de CBD ou não efetivas de WAY100635 ou AM251 foram submetidos ao actímetro para avaliação da atividade locomotora total. O CBD (15 mg/kg) aumentou a latência para o residente atacar o intruso e este efeito foi atenuado tanto pela administração prévia de AM251 (VEI+VEI: 186,62±83,16; VEI+CBD: 956,25±150,77; AM+VEI: 271,71±156,18; AM+CBD: 395,86±208,24; p=0,030) quanto WAY100635 (VEI+VEI: 116,33±29,38; VEI+CBD: 860,87±177,36; WAY+VEI: 305,12±159,16; WAY+CBD: 302,57±154,68; p=0,011). Além disso, o CBD reduziu o número de ataques em todas as doses testadas (VEI: 23,00±3,66; CBD 5: 12,25±2,43; CBD 15: 6,62±2,43; CBD 30: 7,71±3,24; CBD 60: 8,16±2,36; p=0,002) e as doses intermediárias (15 e 30 mg/kg) foram capazes de diminuir o tempo total de ataques (VEI: 114,37±22,65; CBD 5: 80,87±23,83; CBD 15: 40,00±14,58; CBD 30: 25,86±12,88; CBD 60: 54,67±9,68; p=0,018), ambos os efeitos sendo atenuados pelo AM251 (Número de ataques - VEI+VEI: 19,25±2,56; VEI+CBD: 3,25±2,36; AM+VEI: 22,86±4,97; AM+CBD: 14,14±4,10; p=0,028; Tempo total de ataques - VEI+VEI: 66,62±9,19; VEI+CBD: 11,75±9,56; AM+VEI: 118,86±31,00; AM+CBD: 58,71±17,45; p=0,049) e WAY100635 (Número de ataques - VEI+VEI: 30,83±6,77; VEI+CBD: 7,87±4,68; WAY+VEI: 22,50±5,06; WAY+CBD: 23,57±6,74; p=0,059; Tempo total de ataques - VEI+VEI: 151,17±32,65; VEI+CBD: 16,75±10,88; WAY+VEI: 113,75±24,66; WAY+CBD: 76,29±21,36; p=0,002). Não foi observado efeito motor do CBD em nenhuma das doses testadas, bem como do WAY100635 e AM251. Esses resultados evidenciam que o CBD atenua comportamentos agressivos em camundongos e nos permitem sugerir um mecanismo misto, visto que há o envolvimento de receptores CB1 e 5-HT1A. Desse modo, este fitocanabinoide poderia ser uma alternativa terapêutica para tratar comportamentos agressivos associados a transtornos psiquiátricos Cannabidiol (CBD), a major non-psychotomimetic compound from Cannabis sativa plant, induces anxiolytic- and antidepressant-like effects in rodents after systemic administration. Long-term individual housing increases aggressive behavior in mice, a condition named isolation-induced aggression or territorial aggression, which can be attenuated by anxiolytic and antidepressant drugs. Thus, the aim of the present study was to verify whether CBD would attenuate the aggressive behavior induced by social isolation. Male Swiss mice (7-8 weeks of age on the isolation day, 30-40 g on the test day) were individually housed (resident mice) to induce aggressive behavior, while conspecific mice (intruder mice) were grouped housed (eight per cage). In this model, an intruder mouse of the same strain, sex and age is placed in the resident home cage. The resident-intruder interactions were videotaped for 20 min and the latency to the first bite against the intruder, the number of attacks and the total duration of aggressive encounters were recorded and later analyzed by an observer blind to the treatment groups. After 10 days of social isolation, we tested if acute intraperitoneal CBD administration (5, 15, 30 and 60 mg/kg) to the resident mice 30 min prior to the test would attenuate aggressive-like behavior towards the intruder animal. To evaluate the involvement of 5-HT1A and CB1 receptors in the CBD effects, independent groups of animals were injected with WAY100635 (0.3 mg/kg) or AM251(1 mg/kg) 30 min prior to CBD (15 mg/kg). To control possible motor effects, independent animals treated with effective doses of CBD or ineffective doses of WAY100635 or AM251 were submitted to the actimeter to evaluate the total locomotor activity. CBD (15 mg/kg) increased latency to attack the intruder and this effect was attenuated by the prior administration of AM251 (VEI+VEI: 186.62±83.16; VEI+CBD: 956.25±150.77; AM+VEI: 271.71±156.18; AM+CBD: 395.86±208.24; p=0.030) or WAY100635 (VEI+VEI: 116.33±29.38; VEI+CBD: 860.87±177.36; WAY+VEI: 305.12±159.16; WAY+CBD: 302.57±154.68; p=0.011). Moreover, CBD reduced the number of attacks in all tested doses (VEI: 23.00±3.66; CBD 5: 12.25±2.43; CBD 15: 6.62±2.43; CBD 30: 7.71±3.24; CBD 60: 8.16±2.36; p=0.002) as well as the duration of aggressive behavior encounters in the intermediary doses (15 and 30 mg/kg; VEI: 114.37±22.65; CBD 5: 80.87±23.83; CBD 15: 40.00±14.58; CBD 30: 25.86±12.88; CBD 60: 54.67±9.68; p=0.018), both effects were attenuated by AM251 (Number of attacks - VEI+VEI: 19.25±2.56; VEI+CBD: 3.25±2.36; AM+VEI: 22.86±4.97; AM+CBD: 14.14±4.10; p=0.028; Total time of attacks - VEI+VEI: 66.62±9.19; VEI+CBD: 11.75±9.56; AM+VEI: 118.86±31.00; AM+CBD: 58.71±17.45; p=0.049) and WAY100635 (Number of attacks - VEI+VEI: 30.83±6.77; VEI+CBD: 7.87±4.68; WAY+VEI: 22.50±5.06; WAY+CBD: 23.57±6.74; p=0.059; Total time of attacks - VEI+VEI: 151.17±32.65; VEI+CBD: 16.75±10.88; WAY+VEI: 113.75±24.66; WAY+CBD: 76.29±21.36; p=0.002). CBD, in all tested doses, as well as WAY100635 and AM251, did not induce locomotor changes. These findings suggest that CBD decreases aggressive behaviors in mice and allow us to suggest that this effect involves CB1 and 5-HT1A receptors. Therefore, this phytocannabinoid may be therapeutically useful to treat aggressive behaviors that are usually associated with psychiatric disorders 2016-01-28 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-20072016-151736/ por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade de São Paulo Ciências Biológicas (Farmacologia) USP BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP instname:Universidade de São Paulo instacron:USP |