Summary: | Dado o recente quadro de expansão da rede de universidades públicas federais, no qual se destaca a construção de novos campi em diversos municípios brasileiros, este trabalho se propõe a estimar o impacto regional de curto prazo desta expansão. Para tanto, primeiramente utiliza-se a abordagem de Insumo-Produto através da matriz de insumo-produto microrregionalizada. Aplicando-se a expansão de gastos públicos com universidades federais como choque no setor Educação Pública, constata-se, para o período de 2004 a 2010, um efeito total de R$ 19,9 bilhões sobre valor bruto da produção e R$ 11,5 bilhões sobre valor adicionado, que representa 0,39% sobre o PIB nacional e um efeito médio anual de R$ 1,9 bilhão. Com relação a pessoal ocupado, há um efeito de 467 mil pessoas ocupadas. No nível local, constata-se que as microrregiões menores economicamente, e que receberam campi universitários, apresentam os maiores impactos relativos. Com relação à segunda abordagem da questão, entende-se a expansão pela implantação de novos campi universitários federais como um tratamento de política pública, que tem impacto no curto prazo sobre a renda domiciliar per capita local. Desta forma, estima-se econometricamente um efeito do tratamento sobre os tratados, com base no método de Diferenças em Diferenças com Pareamento por Escore de Propensão. Os resultados indicam um efeito positivo no período de 2000 a 2010 por volta de 3,3% sobre a renda domiciliar per capita municipal, com o grupo de municípios com até 65 mil habitantes apresentando o maior efeito do tratamento, com valor de 5,2% sobre a renda. Apesar dos resultados destas duas abordagens não serem diretamente comparáveis, o efeito médio anualizado do tratamento é de 0,16% sobre o PIB per capita microrregional, segundo o método de Insumo-Produto, e de 0,27% sobre a renda domiciliar per capita das microrregiões tratadas, através do método econométrico. Em complemento à segunda abordagem e entendendo-se que a implantação de um novo campus pode trazer benefícios políticos futuros aos governantes locais, estima-se também o efeito político do tratamento sobre os municípios tratados. Os resultados indicam efeitos de 27% e 10% sobre a probabilidade de eleição em 2008 de partido pertencente à coligação política vencedora das eleições de 2004 e sobre a probabilidade de reeleição em 2008 do partido político do prefeito, respectivamente. Os resultados apontam para um efeito político superior ao efeito sobre a renda local, no curto prazo, beneficiando os grupos políticos estabelecidos no poder municipal.
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Given the recent expansion of the federal universities\' system in Brazil, which emphasizes the construction of new campuses in various municipalities, this study aims to estimate the shortrun regional economic impact of this expansion. Firstly we use the Input-Output approach through the Interregional Input-Output matrix with 558 micro-regions of the Brazilian economy. Applying the expansion of public spending on universities as a shock to the Public Education sector, for the period 2004 to 2010, we get a total effect of R$ 19.9 billion of Gross value of production and R$ 11.5 billion of value added, representing 0.39% of the national GDP and average annual effect of R$ 1.9 billion. With respect to employment, there is an effect of 467 thousand employed people. At the local level, it appears that the smaller regions economically, which received campuses, present the greatest relative impacts. Regarding the second approach to this issue, we interpreted the expansion from the implementation of new federal university campuses as a public policy treatment, which has short-run impact on the local per capita household income. Thus, it is estimated econometrically a treatment effect on the treated, based on Differences-in-Differences method with Matching by Propensity Score. The results indicate a positive effect in the period 2000-2010 around 3.3% of municipal household per capita income, with the group of municipalities with up to 65,000 inhabitants presenting the greatest treatment effect, around 5.2% on income. Although the results of these two approaches are not directly comparable, the annualized average treatment effect on the treated is 0.16% of micro-regional per capita GDP, according to the Input-Output method, and 0.27% of micro-regional per capita household income, by the econometric method. In addition to the second approach and understanding that the establishment of a new campus can bring future political benefits for local public administrators, we also estimated the political effect of the treatment on the treated municipalities. The results indicate effects of 27% and 10%, respectively, on the probability of election in 2008 of a political party belonging to the 2004 winner political coalition and on the probability of re-election in 2008 of the political party of the mayor. The results point in the short-run to a greater political effect than the effect on local incomes, benefiting political groups established in municipal power.
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