Summary: | O diabetes mellitus em pessoas em idade produtiva pode acarretar a perda de habilidades para o trabalho, redução da produtividade e aposentadoria precoce. Este estudo objetivou construir um modelo teórico sobre os significados atribuídos à experiência de ser trabalhador com diabetes na perspectiva das pessoas com diabetes e dos profissionais de saúde. Utilizou-se a abordagem qualitativa na perspectiva do Interacionismo Simbólico, como referencial teórico e a Teoria Fundamentada nos Dados, como referencial metodológico. A coleta dos dados foi orientada pelo processo de amostragem teórica, sendo a entrevista o principal recurso utilizado. Foram entrevistadas 11 pessoas com diabetes mellitus tipo 2 e 8 profissionais de saúde. As entrevistas foram realizadas no período de março de 2012 a maio de 2013 e transcritas na íntegra. A análise dos dados foi realizada em três etapas: codificação aberta, axial e seletiva, que permitiram a identificação das categorias e do fenômeno central. Verificou-se que para pessoa com diabetes a experiência do adoecer é compreendida como uma condição velada em diferentes interações sociais e contextos de vida e que precisa ser por ela administrada. Experiência cotidiana com uma condição crônica suscita o medo da morte e a experiência de limitações nas atividades diárias, que compromete a identidade e o desempenho de papéis como o de trabalhador. Neste processo, percebe-se a atenção a saúde como parte da rotina da pessoa com diabetes em idade produtiva, a qual é compreendida como uma atenção fragmentada, centrada em ações biológicas e prescritivas, que não abarcam as implicações emocionais e sociais desta condição crônica e não oferecem suporte para lidar com esta condição no contexto do trabalho. Embora, a revelação das implicações entre diabetes e trabalho apresente a existência de uma implicação recíproca entre a enfermidade e o e trabalho, esta condição mantém-se velada neste contexto, devido ao medo de sofrer preconceito. Assim, as pessoas com diabetes e os profissionais de saúde revelam a busca por ações e estratégias que viabilizam o ser trabalhador com diabetes, na qual adaptam as ações de autocuidado ao ambiente e condições de trabalho, evitando promover mudanças na rotina e formas de organização desta atividade. Como consequência, as pessoas com diabetes apresentam-se com dificuldades para manter-se no trabalho, o que pode antecipar sua saída do mercado de trabalho. Frente a esta realidade, o profissional de saúde percebe-se com dificuldades para intervir nas demandas do trabalhador com diabetes e identifica a necessidade de instrumentalização para atuar frente a esta demanda. A experiência descrita centraliza-se no modelo teórico sempre foi velado, que possibilita uma compreensão abrangente sobre a experiência da pessoa com diabetes que trabalha e oferece subsídios para intervenções ampliadas em saúde que considerem as pessoas com diabetes em sua integralidade e para o desenvolvimento de dispositivos legais que garantam a realização de ações de autocuidado no contexto do trabalho
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Diabetes mellitus in people of working age can lead to the loss of job skills, reduced productivity and premature retirement. This study aimed to construct a theoretical model of the meanings attributed to the experience of being a worker with diabetes from the perspective of people with diabetes and healthcare professionals. We used a qualitative approach in the perspective of Symbolic Interactionism as a theoretical and Grounded Theory in Data as a methodological framework. Data collection was guided by theoretical sampling process, and the interview was the main resource used. 11 people with diabetes mellitus type 2 and 8 health professionals were interviewed. The interviews were conducted from March 2012 to May 2013 and then they were transcribed. Data analysis was performed in three stages: open, axial and selective coding, which allowed the identification of categories and the central phenomenon. It was found that for people with diabetes, the experience of illness is understood as a veiled condition in different social interactions and contexts of life and needs to be administered by it. Everyday experience with a chronic condition raises the fear of death and experience limitations in daily activities, which compromises the identity and role performance as a worker. In this process, it is realized the attention to health as a routine of the person with diabetes in productive age, which is understood as a fragmented attention focused on biological and prescriptive actions that do not address the emotional and social implications of this chronic condition and do not offer support to deal with this condition in the workplace. Although, the revelation of the implications between diabetes and work to present the existence of a mutual implication of the disease and the work, this condition remains veiled in this context due to the fear of suffering prejudice. Thus, people with diabetes and healthcare professionals reveal the search for actions and strategies that enable the worker with diabetes, in which the self-care actions adapted to the environment and working conditions avoiding foster changes in routine and ways of organizing this activity. As a result, people with diabetes present with difficulties to keep up at work, what can anticipate their exit from the labor market. Facing this reality, the health professional perceives his difficulty to intervene in the demands of the worker with diabetes and identifies the need to provide tools to act against this demand. The experience described focuses on the theoretical model and it was always veiled, enabling a comprehensive understanding of the experience of people with diabetes who works and provides grants for expanded health interventions that consider people with diabetes in their entirety and to the development of devices legal ensuring the achievement of self-care actions in the workplace
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