Summary: | Diversas doenças virais emergentes e re-emergentes têm sido descritas em morcegos. As alterações ambientais provocadas por seres humanos associada a adaptação dos morcegos às áreas urbanas aumentam as chances da transmissão dessas doenças para humanos e animais domésticos. O estudo das coronaviroses associadas a esse hospedeiro tem evidenciado que os morcegos atuam como reservatório dessa doença, enquanto o estudo das rotaviroses ainda foi pouco explorado. Este estudo tem como objetivo verificar a ocorrência de coronavírus e rotavírus em diversas espécies de morcegos do Estado de São Paulo, Brasil, e realizar inferências filogenéticas a partir dos genes RdRp e S dos coronavírus, assim como de genes de proteínas estruturais e não estruturais dos rotavírus. Para tanto, foi utilizada a RT-PCR seguida de sequenciamento de DNA. Para análise filogenética e de diversidade molecular foi utilizado critério de otimização de distância e cálculo das identidades de nucleotídeos e aminoácidos entre as sequências obtidas e sequências recuperadas do GenBank. A ocorrência de coronavírus foi de 2,95% (9/305) e a de rotavírus de 9,18% (28/305). De acordo com a análise filogenética do gene da RdRp oito amostras foram classificadas como alphacoronavirus. A análise do gene S dos CoV mostrou que as amostras deste estudo formaram uma linhagem única, segregadas das demais amostras de alphacoronavírus. Em relação aos rotavírus, foi possível a identificação de um genótipo G3-P[3]-IX-RX-CX-MX-AX-NX-T3-E3-H6, similar a encontrada em morcegos, equinos e humanos. Além disso, outra amostra foi classificada como G20, similar ao genótipo encontrado em humano, sendo que os genótipos encontrados para os genes VP4, NSP3 e NSP5 desse vírus podem ser classificados como novos genótipos. Os resultados obtidos mostram que esses animais podem carrear agentes infecciosos de importância na saúde pública, sendo que mais estudos são necessários para o esclarecimento do papel dos morcegos como reservatório e fonte de infecção destas zoonoses virais.
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Several viral emerging and re-emerging diseases have been described in bats. Environmental changes caused by humans associated with the adaptation of bats to urban areas increase the chance of transmission of these infectious diseases to humans and domestic animals. Coronaviruses studies associated with bats have shown that these hosts act as reservoirs for these viruses, while rotaviruses has been poorly studied in these hosts. This study aimed to determine the occurrence of Rotavirus and Coronavirus in several species of bats from São Paulo State, Brazil, and to perform phylogenetic inferences from Coronavirus RdRp and S genes, as well as from Rotavirus structural and non-structural proteins genes. To this end, RT-PCR followed by DNA sequencing was used. Optimization criterion of distance and identities calculation of the nucleotides and amino acids among the obtained sequences and sequences retrieved from the GenBank were used for phylogenetic and molecular diversity analysis. The occurrence of Coronavirus was 2.95% (9/305) and of Rotavirus was 9.18% (28/305). According to phylogenetic analysis of the RdRp gene, eight strains were classified as Alphacoronavirus. The analysis of the CoV S gene showed that the starins of this study formed a single lineage, segregated from other alphacoronaviruses lineages. Regarding Rotavirus, it was possible to identify the genotype G3-P [3] -IX-RX-CX-MX-AX-NX-T3-E3-H6, similar to that reported in bats, horses and humans. In addition, another strain was classified as G20, similar to the genotype described in humans, while the genotypes found for VP4, NSP3 and NSP5 genes may be classified as new genotypes. These results show that bats may carry infectious agents of public health interest, but further studies are necessary to clarify the role of these animals as reservoirs and infectious sources of these viral zoonoses.
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