Perfil do comportamento materno-filial de ovinos da raça Santa Inês e sua influência no desempenho dos cordeiros ao desmame

O presente estudo investigou o perfil comportamental de ovinos entre o parto e a primeira mamada dos neonatos e sua influência sobre a sobrevivência e peso ao desmame dos cordeiros. O experimento foi conduzido em uma criação comercial de sistema intensivo, ao longo de três estações de parição, e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Camila Raineri
Other Authors: Evaldo Antônio Lencioni Titto
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2008
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74131/tde-17022009-091055/
Description
Summary:O presente estudo investigou o perfil comportamental de ovinos entre o parto e a primeira mamada dos neonatos e sua influência sobre a sobrevivência e peso ao desmame dos cordeiros. O experimento foi conduzido em uma criação comercial de sistema intensivo, ao longo de três estações de parição, entre junho e novembro de 2006. Foram acompanhadas 216 ovelhas gestantes da raça Santa Inês e os 306 cordeiros nascidos. As observações comportamentais de ovelhas e cordeiros foram realizadas em períodos de 12 horas, através do método direto e em amostragem focal a cada 5 minutos. Para as mães, foram analisadas as variáveis postura (PTM), atividade (ATM) e tempo para tocar a cria (TTC). Os comportamentos avaliados nos cordeiros foram postura (PTC), atividade (ATC), tempo para ficar em pé (TEP) e tempo para mamar (TPM). Foi também estudada a influência do tipo (simples, duplo ou triplo) e duração do parto (TP e DP) sobre a manifestação dos comportamentos materno-filiais e desempenho dos cordeiros. As análises foram conduzidas através do pacote estatístico SAS®. O modelo adotado para avaliar a relação entre as variáveis foi o General Linear Model, através do procedimento GLM. As ovelhas recém-paridas despendem seu tempo principalmente com comportamentos voltados à formação de um vínculo exclusivo com a cria e com cuidados importantes para a sobrevivência imediata do cordeiro. Já os cordeiros, após aptos a se levantarem e se locomoverem, priorizaram a ingestão do colostro. A rapidez das ovelhas em iniciar os cuidados maternais (TTC=1,4863±8,3587 segundos), a baixa ocorrência de comportamentos antagônicos à cria e a agilidade dos cordeiros para se levantar (TEP=20,8797±17,6991 minutos) e mamar (TPM=46,0726±27,7284 minutos) são indícios da adaptação comportamental da raça Santa Inês a condições extensivas de criação. Os cuidados maternais realizados entre o nascimento e a primeira mamada do cordeiro influenciaram em sua agilidade, medida através do tempo para ficar em pé (P<0,01) e para mamar (P<0,01). A atividade da mãe interferiu no peso do cordeiro ao desmame (P<0,05), tendo os que receberam cuidados mais adequados apresentado um melhor desempenho. Sob as condições deste estudo, a agilidade do neonato não interferiu no peso ao desmame. Também não foram verificados efeitos do comportamento materno ou neonatal sobre a sobrevivência dos cordeiros até o desmame. Cordeiros nascidos de partos múltiplos ou longos apresentaram menor agilidade neonatal (P<0,05). O peso ao nascer sofreu forte influência do tipo de parto (P<0,01), sendo maior para filhotes nascidos de partos simples. Da mesma forma, o tipo do parto influenciou também o peso ao desmame dos cordeiros (P<0,01). === The present study investigated sheep maternal-offspring behavior from birth to first suck and its influence on lamb survival and weight at weaning. The experiment was conducted on a commercial intensive system flock, from June to November, 2006. Data were collected on 216 Santa Inês ewes and their 306 newly-born lambs. Focal animal observations were carried out every 5 minutes, in 12-hour periods. For the ewes, the variables analyzed consisted on posture (PTM), activity (ATM) and time to touch the lamb (TTC). The behaviors analyzed for the lambs were posture (PTC), time to stand up (TEP) and time to suck (TPM). The influence of birth type (simple, double or triple) and labor length, litter size and weight at weaning were also considered. The analyses were conducted through the SAS® statistical package. The model adopted to evaluate the relation between variables was the General Linear Model through the GLM procedure. Immediately after parturition, ewes spent their time mostly with behaviors directed to bonding with the neonates. Newly-born lambs, soon after succeeding in standing up and walking, prioritized colostrum ingestion. The short time required to start maternal care (TTC=1.4863±8.3587 seconds), the low incidence of negative behaviors against the lambs and the neonatal agility to stand (TEP=20.8797±17.6991 minutes) and suck (TPM=46.0726±27.7284 minutes) are indicatives of behavioral adaptations to extensive conditions. Maternal behaviors influenced neonatal agility, measured through time to stand (P<0.01) and to suck (P<0.01). Maternal activity influenced lamb weight at weaning (P<0.05), so lambs that received more adequate care were heavier. Under this study conditions, neonatal agility did not interfere on lamb weight at weaning. Effects of maternal and neonatal posture or activity on lamb survival up to weaning were not verified either. Lambs born from multiple or long births showed less neonatal agility (P<0.05). Lamb birth weights were influenced by the litter size, being singles born heavier (P<0.01). Labor conditions also influenced lamb weight at weaning (P<0.01).