Retraimento social em bebês: um estudo exploratório sobre os irmãos mais novos de crianças com transtorno do espectro do autismo

A presença de uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em uma família está associada à maior vulnerabilidade emocional dos pais assim como à maior suscetibilidade de seus irmãos bebês ao transtorno e a outros problemas do desenvolvimento. A detecção e a intervenção precoces têm si...

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Bibliographic Details
Main Author: Ligia Perez Paschoal
Other Authors: Rogerio Lerner
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-15082016-160123/
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Bebês
Desenvolvimento psíquico
Irmãos
Retraimento social
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Psychical development
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Retraimento social
Autism
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Psychical development
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Social withdrawal
Ligia Perez Paschoal
Retraimento social em bebês: um estudo exploratório sobre os irmãos mais novos de crianças com transtorno do espectro do autismo
description A presença de uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em uma família está associada à maior vulnerabilidade emocional dos pais assim como à maior suscetibilidade de seus irmãos bebês ao transtorno e a outros problemas do desenvolvimento. A detecção e a intervenção precoces têm sido apontadas como fundamentais para redução do sofrimento e melhoria do prognóstico de desenvolvimento de bebês. O retraimento social, fenômeno essencialmente diático e relacionado a perturbações duradouras da interação, constitui importante sinal de sofrimento psíquico nos primeiros meses de vida. Manifesta-se através da redução ou ausência de comportamentos positivos (como contato visual, sorrisos e balbucios) e/ou pelo aumento da frequência de comportamentos negativos (como choros, gritos e gestos de autoestimulação), e pode ter origem em uma combinação de fatores orgânicos e ambientais. Por estar associado a uma série de problemas de comportamento e relacionamento que se estendem da infância à idade adulta, sua identificação nos primeiros dois anos de vida constitui importante sinal de alerta para risco de desenvolvimento psíquico, podendo ser útil na avaliação deste grupo específico de bebês. O objetivo do presente estudo consiste em descrever e avaliar a ocorrência de retraimento de bebês, irmãos de crianças com diagnóstico de TEA, em comparação com outros bebês, irmãos de crianças sem diagnóstico de TEA, além de estimar a associação entre o retraimento do bebê e outras variáveis como: sexo do bebê; escolaridade materna; suporte social percebido pela mãe; grau de autismo do irmão; e presença de sinais de risco para autismo do bebê. A amostra do estudo foi composta por 133 famílias, sendo 68 pertencentes ao grupo caso (com um bebê e, ao menos, um(a) filho(a) mais velho com TEA) e 65 pertencentes ao grupo contraste (sem nenhum(a) filho(a) com TEA, a lém de um bebê). A avaliação do retraimento foi realizada através da codificação da Alarm Distress Baby Scale (ADBB) aplicada a filmagens da interação mãe-bebê. Embora a frequência de retraimento tenha sido duas vezes maior entre os bebês do grupo caso (19,11%, n=13) em relação aos bebês do grupo contraste (9,23%, n=6), a diferença encontrada não foi estatisticamente significativa (p=0,103). Dentre os itens avaliados pela escala, bebês, irmãos de crianças com TEA, apresentaram redução significativa da expressão facial em comparação aos irmãos de crianças sem TEA (p=0,012), independentemente do desfecho de retraimento. O grau de autismo do irmão e o suporte social percebido pela mãe não apresentaram associação com o retraimento (p=0,250 e p=0,554), assim como o sexo ou a idade do bebê. Em contrapartida, o retraimento parece estar associado ao risco para autismo do bebê (p=0,003) e ao grau de escolaridade materna (p=0,042). Ainda que não apresentem risco estatístico comprovado para o retraimento, o conjunto de resultados indica que bebês, irmãos de crianças com TEA, podem apresentar maior vulnerabilidade para tal. Os resultados demonstram, portanto, que irmãos de crianças com autismo têm chance aumentada de apresentarem problemas do desenvolvimento, o que aponta para a consequente necessidade de elaboração de estratégias de intervenção junto a essas famílias === The presence of a child with Autism Spectrum Disorder (ASD) in a family is associated with greater parental emotional vulnerability as well as with higher susceptibility of the infants siblings to this disorder and other developmental problems. Early detection and intervention have been identified as central on reducing suffering and improving the developmental prognosis of the infants. The social withdrawal, phenomenon essentially dyadic and related to lasting disturbance of interaction, is an important sign of psychological distress in early life. Expressed over reduction or absence of positive behaviors (such as eye contact, smiles and babbling) and/or by increasing frequency of negative behaviors (such as cries, screams and self-stimulation actions), can come from a combination of organic and environmental factors. Due to association with several behavioral and relationships problems extending from childhood to adulthood, identifying social withdrawal in the first two years is an important warning sign for risk of psychical development, also useful for assessing this specific group of infants. The aim of present study is to describe and assess the occurrence of social withdrawal in infant siblings of children diagnosed with ASD compared to infant sibling of children without a diagnosis of ASD, and estimate the association between infants withdrawal and other variables such as: sex of the infant; maternal education; social support perceived by the mother; degree of autism on the child diagnosed; and the presence of risk factors for infants autism. The study sample was composed by 133 families, 68 in the case group (with a infant and at least one older child with ASD) and 65 in the contrast group (without a child with ASD, besides the infant). Withdrawal assessment was coded by the Alarm Distress Baby Scale (ADBB) of mother-infant interaction video recordings. Although the frequency of withdrawal has been twice as high among the group of infant case (19.11%, n = 13) compared to the contrast group (9.23%, n = 6), the difference was not statistically significant (p = 0.103). Among the items of the scale, sibling infant of children with ASD showed significantly decrease on facial expression compared to siblings of children without ASD (p = 0.012), regardless the withdrawal outcome. Childs autism degree and social support perceived by the mother were not associated with withdrawal (p = 0.250; p = 0.554), as well as sex or infants age. In contrast, withdrawal appears to be associated with the risk for infants autism (p = 0.003) and with the degree of maternal education (p = 0.042). Although the results did not show statistical risk examined on withdrawal, it still indicates that infants siblings of children with ASD may be more vulnerable to such outcome. Therefore, the results demonstrate that infant siblings of children with ASD are more likely to have developmental problems, which points to the consequence need to develop of intervention strategies for these families
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O retraimento social, fenômeno essencialmente diático e relacionado a perturbações duradouras da interação, constitui importante sinal de sofrimento psíquico nos primeiros meses de vida. Manifesta-se através da redução ou ausência de comportamentos positivos (como contato visual, sorrisos e balbucios) e/ou pelo aumento da frequência de comportamentos negativos (como choros, gritos e gestos de autoestimulação), e pode ter origem em uma combinação de fatores orgânicos e ambientais. Por estar associado a uma série de problemas de comportamento e relacionamento que se estendem da infância à idade adulta, sua identificação nos primeiros dois anos de vida constitui importante sinal de alerta para risco de desenvolvimento psíquico, podendo ser útil na avaliação deste grupo específico de bebês. O objetivo do presente estudo consiste em descrever e avaliar a ocorrência de retraimento de bebês, irmãos de crianças com diagnóstico de TEA, em comparação com outros bebês, irmãos de crianças sem diagnóstico de TEA, além de estimar a associação entre o retraimento do bebê e outras variáveis como: sexo do bebê; escolaridade materna; suporte social percebido pela mãe; grau de autismo do irmão; e presença de sinais de risco para autismo do bebê. A amostra do estudo foi composta por 133 famílias, sendo 68 pertencentes ao grupo caso (com um bebê e, ao menos, um(a) filho(a) mais velho com TEA) e 65 pertencentes ao grupo contraste (sem nenhum(a) filho(a) com TEA, a lém de um bebê). A avaliação do retraimento foi realizada através da codificação da Alarm Distress Baby Scale (ADBB) aplicada a filmagens da interação mãe-bebê. Embora a frequência de retraimento tenha sido duas vezes maior entre os bebês do grupo caso (19,11%, n=13) em relação aos bebês do grupo contraste (9,23%, n=6), a diferença encontrada não foi estatisticamente significativa (p=0,103). Dentre os itens avaliados pela escala, bebês, irmãos de crianças com TEA, apresentaram redução significativa da expressão facial em comparação aos irmãos de crianças sem TEA (p=0,012), independentemente do desfecho de retraimento. O grau de autismo do irmão e o suporte social percebido pela mãe não apresentaram associação com o retraimento (p=0,250 e p=0,554), assim como o sexo ou a idade do bebê. Em contrapartida, o retraimento parece estar associado ao risco para autismo do bebê (p=0,003) e ao grau de escolaridade materna (p=0,042). Ainda que não apresentem risco estatístico comprovado para o retraimento, o conjunto de resultados indica que bebês, irmãos de crianças com TEA, podem apresentar maior vulnerabilidade para tal. Os resultados demonstram, portanto, que irmãos de crianças com autismo têm chance aumentada de apresentarem problemas do desenvolvimento, o que aponta para a consequente necessidade de elaboração de estratégias de intervenção junto a essas famílias The presence of a child with Autism Spectrum Disorder (ASD) in a family is associated with greater parental emotional vulnerability as well as with higher susceptibility of the infants siblings to this disorder and other developmental problems. Early detection and intervention have been identified as central on reducing suffering and improving the developmental prognosis of the infants. The social withdrawal, phenomenon essentially dyadic and related to lasting disturbance of interaction, is an important sign of psychological distress in early life. Expressed over reduction or absence of positive behaviors (such as eye contact, smiles and babbling) and/or by increasing frequency of negative behaviors (such as cries, screams and self-stimulation actions), can come from a combination of organic and environmental factors. Due to association with several behavioral and relationships problems extending from childhood to adulthood, identifying social withdrawal in the first two years is an important warning sign for risk of psychical development, also useful for assessing this specific group of infants. The aim of present study is to describe and assess the occurrence of social withdrawal in infant siblings of children diagnosed with ASD compared to infant sibling of children without a diagnosis of ASD, and estimate the association between infants withdrawal and other variables such as: sex of the infant; maternal education; social support perceived by the mother; degree of autism on the child diagnosed; and the presence of risk factors for infants autism. The study sample was composed by 133 families, 68 in the case group (with a infant and at least one older child with ASD) and 65 in the contrast group (without a child with ASD, besides the infant). Withdrawal assessment was coded by the Alarm Distress Baby Scale (ADBB) of mother-infant interaction video recordings. Although the frequency of withdrawal has been twice as high among the group of infant case (19.11%, n = 13) compared to the contrast group (9.23%, n = 6), the difference was not statistically significant (p = 0.103). Among the items of the scale, sibling infant of children with ASD showed significantly decrease on facial expression compared to siblings of children without ASD (p = 0.012), regardless the withdrawal outcome. Childs autism degree and social support perceived by the mother were not associated with withdrawal (p = 0.250; p = 0.554), as well as sex or infants age. In contrast, withdrawal appears to be associated with the risk for infants autism (p = 0.003) and with the degree of maternal education (p = 0.042). Although the results did not show statistical risk examined on withdrawal, it still indicates that infants siblings of children with ASD may be more vulnerable to such outcome. 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