A integração das ações no campo da saúde mental entre a estratégia de saúde da família e o núcleo de apoio à saúde da família: desafios para uma prática interdisciplinar

Com o intuito de superar os modelos tradicionais de atenção à saúde, caracterizados pela fragmentação e pelo elevado grau de especialização das intervenções, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada como dispositivo prioritário para a reorganização do sistema de saúde. Para tanto, é com...

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Bibliographic Details
Main Author: Fernanda Rodrigues Leite de Oliveira
Other Authors: Belinda Piltcher Haber Mandelbaum
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2013
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-15082013-101853/
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Interdisciplinaridade
Profissionais da Saúde (Integração)
Promoção da Saúde
Saúde da Família
Saúde Mental
Family Health
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Fernanda Rodrigues Leite de Oliveira
A integração das ações no campo da saúde mental entre a estratégia de saúde da família e o núcleo de apoio à saúde da família: desafios para uma prática interdisciplinar
description Com o intuito de superar os modelos tradicionais de atenção à saúde, caracterizados pela fragmentação e pelo elevado grau de especialização das intervenções, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada como dispositivo prioritário para a reorganização do sistema de saúde. Para tanto, é composta por equipe multiprofissional que deve atuar no desenvolvimento de ações de promoção da saúde, prevenção de adoecimento, tratamento e reabilitação com foco no indivíduo, na família e na comunidade. Com o objetivo de ampliar e apoiar o trabalho da ESF, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Tais núcleos são compostos por equipes multiprofissionais que devem operar de acordo com a lógica do Apoio Matricial, trabalhando de maneira conjunta com a ESF. Para isso, os profissionais do NASF desenvolvem algumas ações estratégicas, como discussões de casos, realização de atendimentos compartilhados e ações de educação permanente. A partir da experiência profissional junto ao NASF foi possível verificar alguns impasses e dificuldades relacionados ao desenvolvimento das ações em Saúde Mental e também à integração das equipes de ESF e NASF. Que concepções de Saúde Mental e de cuidado guiam as ações? Como se dá a integração dos diferentes saberes e do trabalho entre os profissionais na construção de projetos terapêuticos? Frente a essas questões, este estudo objetiva discutir o panorama em que se insere a prática e a integração das ações em Saúde Mental desenvolvidas pelos profissionais da ESF e NASF. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa orientada pelo estudo de caso sobre uma equipe de ESF e NASF atuante em uma Unidade Básica de Saúde localizada na região leste do município de São Paulo. O diálogo com os profissionais foi articulado por meio da observação de reuniões de equipe, da análise de prontuários e da realização de grupos focais. Percebeu-se que, embora a implantação do NASF tenha possibilitado alguns avanços no sentido de facilitar a interdisciplinaridade, tanto a prática em Saúde Mental quanto a relação que se estabelece entre os profissionais e entre estes e os usuários expressam os automatismos do agir orientado por uma compreensão patologizante do sofrimento psíquico. As práticas prescritivas repetem os ordenamentos que pretendiam superar. Além disso, os profissionais referem sentimentos de frustração e angústia diante de situações que envolvem o cuidado em Saúde Mental. A integração do trabalho entre os profissionais esteve permeada por questões relacionadas à burocratização, à valorização dos aspectos quantitativos de produção, à gestão verticalizada, às relações de poder e de dominação de determinadas formas de pensar e agir, tudo o que corrobora para que se reproduza o mesmo tipo de modelo da atenção ao qual a ESF e NASF procura substituir. Nesse contexto, considera-se que potencializar espaços de escuta, acolhimento, diálogo e negociação, viabilizando o vínculo a partir do encontro entre os técnicos e entre estes e os usuários seja uma forma de criar brechas para a estruturação de intervenções comprometidas com a complexidade dos processos de adoecimento, subjetivação e produção de vida === In order to overcome the traditional models of health care, characterized by fragmentation and a high degree of specialization of interventions, the Family Health Strategy (ESF) was created as a priority device for the reorganization of the health system. Therefore, it is composed of a multidisciplinary team that must work on developing actions that aim health promotion, disease prevention, treatment and rehabilitation with focus on the individual, family and community. With the purpose of expanding and supporting the work carried out by ESF, the Ministry of Health created the Support Centers for Family Health (NASF). Such centers are composed of multidisciplinary teams that must operate according to the logic of Matrix Support, therefore working jointly with ESF teams. In order to enable such joint action, professional members of NASF develop certain strategic actions such as case discussions, conducting shared visits and activities of continuing education. From the experience with the NASF, it was possible to verify some impasses and difficulties related to the development of actions in Mental Health, as well as the integration of ESF teams and NASF. What conceptions of Mental Health and Care are set forth in order to accomplish such actions? How are the diversity of knowledge and approaches of work among different professionals integrated in the development of therapeutic projects? Faced with these issues, the objective of this study is to discuss the setting in which the practice and integration of actions in the field of Mental Health developed by professionals from ESF and NASF are operated. To achieve such objective, we carried out a qualitative research-driven case study of an ESF and NASF team working together at a Basic Health Unit located in the eastern region of São Paulo. The dialogue with the professionals was articulated through the observation of team meetings, analysis of medical records and conduction of focus groups. It was noticed that while the deployment of NASF has enabled some progress in facilitating interdisciplinary work, both the Mental Health practice and the relationship established amongst professionals, and between the latter and their clients express a pattern of automatic guided actions governed by a potentially pathologysing understanding of psychological distress. Their prescribing practices tend to reproduce the very modus operandi that the teams meant to overcome. Furthermore, professionals express feelings of frustration and anguish in situations involving Mental Health care. The integration of work amongst professionals was permeated by issues related to bureaucracy, appreciation of the quantitative aspects of production, top down management models, relations of power and domination of certain ways of thinking and acting, all of which corroborate to the reproduction of the same model of care to which the ESF and NASF seek to replace. In this context, it is considered that the enhancement of settings that promote a space for listening, receptivity, dialogue and negotiation, allowing for the bonding that stems from such meetings, and from the relation between professionals and clients is a potential means to generate opportunities for structuring interventions committed to the complexity of processes related to mental illness, production of subjectivity and life
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Fernanda Rodrigues Leite de Oliveira
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Para tanto, é composta por equipe multiprofissional que deve atuar no desenvolvimento de ações de promoção da saúde, prevenção de adoecimento, tratamento e reabilitação com foco no indivíduo, na família e na comunidade. Com o objetivo de ampliar e apoiar o trabalho da ESF, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Tais núcleos são compostos por equipes multiprofissionais que devem operar de acordo com a lógica do Apoio Matricial, trabalhando de maneira conjunta com a ESF. Para isso, os profissionais do NASF desenvolvem algumas ações estratégicas, como discussões de casos, realização de atendimentos compartilhados e ações de educação permanente. A partir da experiência profissional junto ao NASF foi possível verificar alguns impasses e dificuldades relacionados ao desenvolvimento das ações em Saúde Mental e também à integração das equipes de ESF e NASF. Que concepções de Saúde Mental e de cuidado guiam as ações? Como se dá a integração dos diferentes saberes e do trabalho entre os profissionais na construção de projetos terapêuticos? Frente a essas questões, este estudo objetiva discutir o panorama em que se insere a prática e a integração das ações em Saúde Mental desenvolvidas pelos profissionais da ESF e NASF. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa orientada pelo estudo de caso sobre uma equipe de ESF e NASF atuante em uma Unidade Básica de Saúde localizada na região leste do município de São Paulo. O diálogo com os profissionais foi articulado por meio da observação de reuniões de equipe, da análise de prontuários e da realização de grupos focais. Percebeu-se que, embora a implantação do NASF tenha possibilitado alguns avanços no sentido de facilitar a interdisciplinaridade, tanto a prática em Saúde Mental quanto a relação que se estabelece entre os profissionais e entre estes e os usuários expressam os automatismos do agir orientado por uma compreensão patologizante do sofrimento psíquico. As práticas prescritivas repetem os ordenamentos que pretendiam superar. Além disso, os profissionais referem sentimentos de frustração e angústia diante de situações que envolvem o cuidado em Saúde Mental. A integração do trabalho entre os profissionais esteve permeada por questões relacionadas à burocratização, à valorização dos aspectos quantitativos de produção, à gestão verticalizada, às relações de poder e de dominação de determinadas formas de pensar e agir, tudo o que corrobora para que se reproduza o mesmo tipo de modelo da atenção ao qual a ESF e NASF procura substituir. Nesse contexto, considera-se que potencializar espaços de escuta, acolhimento, diálogo e negociação, viabilizando o vínculo a partir do encontro entre os técnicos e entre estes e os usuários seja uma forma de criar brechas para a estruturação de intervenções comprometidas com a complexidade dos processos de adoecimento, subjetivação e produção de vida In order to overcome the traditional models of health care, characterized by fragmentation and a high degree of specialization of interventions, the Family Health Strategy (ESF) was created as a priority device for the reorganization of the health system. Therefore, it is composed of a multidisciplinary team that must work on developing actions that aim health promotion, disease prevention, treatment and rehabilitation with focus on the individual, family and community. With the purpose of expanding and supporting the work carried out by ESF, the Ministry of Health created the Support Centers for Family Health (NASF). Such centers are composed of multidisciplinary teams that must operate according to the logic of Matrix Support, therefore working jointly with ESF teams. In order to enable such joint action, professional members of NASF develop certain strategic actions such as case discussions, conducting shared visits and activities of continuing education. From the experience with the NASF, it was possible to verify some impasses and difficulties related to the development of actions in Mental Health, as well as the integration of ESF teams and NASF. What conceptions of Mental Health and Care are set forth in order to accomplish such actions? How are the diversity of knowledge and approaches of work among different professionals integrated in the development of therapeutic projects? Faced with these issues, the objective of this study is to discuss the setting in which the practice and integration of actions in the field of Mental Health developed by professionals from ESF and NASF are operated. To achieve such objective, we carried out a qualitative research-driven case study of an ESF and NASF team working together at a Basic Health Unit located in the eastern region of São Paulo. The dialogue with the professionals was articulated through the observation of team meetings, analysis of medical records and conduction of focus groups. It was noticed that while the deployment of NASF has enabled some progress in facilitating interdisciplinary work, both the Mental Health practice and the relationship established amongst professionals, and between the latter and their clients express a pattern of automatic guided actions governed by a potentially pathologysing understanding of psychological distress. Their prescribing practices tend to reproduce the very modus operandi that the teams meant to overcome. Furthermore, professionals express feelings of frustration and anguish in situations involving Mental Health care. 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