Summary: | Em psicoterapia, à medida que o terapeuta cria as condições necessárias para que um relacionamento íntimo seja construído com o cliente, comportamentos problema, da mesma classe daqueles que são emitidos em seu ambiente natural, podem aparecer em sessão, podendo constituirse em respostas improdutivas para o processo terapêutico (sejam elas respostas agressivas ou de esquiva). O modo como o terapeuta responde a esses comportamentos pode ter efeitos diferentes na aliança terapêutica, que é tida como preditora de resultados terapêuticos. Estudos indicaram que terapeutas apresentariam tendência a responder a clientes resistentes ou hostis com contrahostilidade, frieza e distanciamento. Os terapeutas que obtiveram bons resultados em manejar tais situações realizaram intervenções interpretativas e não diretivas, focando na relação terapêutica. Entretanto, houve dificuldade de se encontrar trabalhos que tenham analisado o comportamento do terapeuta por meio de observação direta em situações que eliciam nele sentimentos negativos. O presente trabalho se propõe a investigar esse tipo de interação. Nesta linha, pretendeu-se verificar (1) se o terapeuta altera, no decorrer do processo terapêutico, sua resposta aos comportamentos do cliente que eliciam sentimentos negativos, demonstrando que está sensível ao impacto de suas intervenções no comportamento do cliente e vice-versa; e (2) se houve diminuição desses comportamentos do cliente, sendo, mesmo que indiretamente, uma medida de eficácia das intervenções terapêuticas. Para isso, foram filmadas sessões de três terapeutas analíticocomportamentais (T1, T2a e T2b) e uma estudante de psicologia (T3) e seus clientes. As terapeutas responderam a questionário pós-sessão durante todo o período de coleta de dados com o objetivo de identificar a ocorrência de sentimentos negativos nas sessões. Os comportamentos de terapeuta foram categorizados com o Sistema Multidimensional de Categorização da Interação Terapêutica. Para os comportamentos de clientes foram elaboradas categorias com o auxílio das transcrições dos áudios das supervisões. Os resultados indicaram que quatro comportamentos foram observados como eliciadores de sentimentos negativos para todas as terapeutas: Falta de Diálogo, Fala Superficial, Oposição e Atenuar. De maneira geral, as interações desse tipo corresponderam a um pouco mais de um terço do total da sessão. Houve uma prevalência das categorias Facilitação, Empatia e Solicitação de Relato nas intervenções de todas as terapeutas a esses comportamentos, confirmando dados da literatura para clientes difíceis. Facilitação e Empatia apresentaram muitas vezes padrões de ocorrência diferenciados, entendendo-se que Empatia é uma intervenção mais ativa que Facilitação. Ainda, a categoria Facilitação indicaria problemas na condução do caso, quando apresenta predominância muito acentuada entre as categorias ou quando tem percentuais muito baixos. Nas situações que produziram melhores resultados a Facilitação apresentava proporções próximas de outras categorias do terapeuta. As demais categorias foram agrupadas em Interventivas e apresentaram diferentes tendências dependendo do resultado da terapia. T1 apresentou tendência de aumento na categoria Interventivas no decorrer das sessões, sendo este o único caso que continuou em atendimento e que apresentou comportamentos de melhora expressivos. As respostas das terapeutas foram diferentes de acordo com a categoria de cliente, em que é possível inferir que cada uma delas lida melhor com alguns comportamentos das clientes que com outros
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In psychotherapy, as the therapist creates the necessary conditions for an intimate relationship with the client, some problem behaviors may appear in session, which can be of the same class of those that the clients display in their natural environment. These behaviors may be unproductive responses to the therapeutic process (aggressive or avoidance responses). The way the therapist responds to these behaviors may have different effects on the therapeutic alliance, which is regarded as a predictor of therapeutic results. Studies have indicated that therapists would present a tendency to respond to resistant and hostile clients with counter-hostility, coldness and detachment. Therapists who have been successful in handling such situations made interpretative and non directive interventions, focusing on the therapeutic relationship. However, it was difficult to find studies which investigated the therapist behavior through direct observation in situations in which he had negative feelings. This study proposed to investigate the therapeutic interaction in sessions which produce negative feelings in therapist. Thus it intends to examine (1) whether the therapist, having supervision, changes his behavior over the course of the therapeutic process, in response to the clients behaviors that generate negative feelings and (2) whether these clients behaviors decrease, which can be an indirect measure of efficacy of therapeutic interventions. Sessions of three behavior-analytic therapists and a psychology student were videotaped. The therapists completed a questionnaire after each session in order to identify if any adverse situation had occurred. The therapist behaviors were coded with the Multidimensional System for Coding Behaviors in Therapist-Client Interaction. Clients behaviors categories were developed based on audio transcripts of supervisions. The results indicated that four behaviors were observed as eliciting negative feelings for all therapists: Lack of Dialogue, Superficial Talk, Opposition and Attenuation. In general, interactions of this type correspond to a third part of the session. There was a prevalence of categories Facilitation, Empathy and Request Report for all therapists in response to these behaviors, confirming literature data for difficult clients. Facilitation and Empathy often showed different patterns of occurrence, being Empathy a more active intervention than Facilitation. The category Facilitation indicates problems in conducting the case, when it presents very marked predominance among the categories or when it presents very low percentages. In situations with better results Facilitation had proportions similar to other therapist categories. The remaining categories were grouped into Interventional and showed different trends depending on the outcome of therapy. T1 tended to increase the Interventional category during the sessions, and it was the only case that has continued in therapy and showed significant improvement during sessions. The therapists responses differed according to client categories. It is possible to infer that each therapist deals best with some client behaviors than with others
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