Seguimento clínico, eletrocardiográfico, ecocardiográfico e de ressonância magnética cardíaca em pacientes com miocárdio não compactado isolado e em associação com outras doenças

Introdução: O miocárdio não compactado (MNC) é uma cardiomiopatia rara, cujas principais manifestações clínicas são insuficiência cardíaca, embolias e arritmias. A evolução desses pacientes é pouco conhecida. Dessa forma, o objetivo desse estudo é analisar o seguimento tardio de pacientes com MN...

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Bibliographic Details
Main Author: Camila Rocon de Lima Andreta
Other Authors: Vera Maria Cury Salemi
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-13062018-105659/
Description
Summary:Introdução: O miocárdio não compactado (MNC) é uma cardiomiopatia rara, cujas principais manifestações clínicas são insuficiência cardíaca, embolias e arritmias. A evolução desses pacientes é pouco conhecida. Dessa forma, o objetivo desse estudo é analisar o seguimento tardio de pacientes com MNC isolado ou associado a outras doenças, adultos e crianças com a doença, e de seus familiares, que foram acompanhados em hospital universitário de cardiologia, bem como avaliar os desfechos clínicos e de exames de imagem em cardiologia nesses pacientes. Métodos: Pacientes com diagnóstico de MNC confirmado por critérios ecocardiográficos e/ou ressonância magnética cardíaca (RMC) foram selecionados. Durante seu acompanhamento, foram convocados familiares de primeiro, segundo e terceiro graus para rastreamento da doença. Foram avaliados os seguintes desfechos: óbito, transplante cardíaco, eventos embólicos como acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, tromboembolismo pulmonar, embolia arterial periférica, internações hospitalares por insuficiência cardíaca (IC), ocorrência arritmias ventriculares complexas, e índices de exame de imagem como eletrocardiograma, Holter 24 horas, ecocardiograma transtorácico e RMC, que poderiam apresentar valor prognóstico nesses pacientes. Crianças (idade inferior a 12 anos) foram analisadas separadamente. Resultados: Foram acompanhados 215 pacientes com MNC, idade de 36,96 + 17,6 anos, 108 (50,2%) homens, que foram seguidos por 5,9 + 4,47 anos. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: 193 com MNC isolado (Grupo 1) e 22 com MNC misto (associado a doenças genéticas, congênitas, doença de Chagas, coronariopatia, cardiomiopatia hipertrófica e miocardite de células gigantes; Grupo 2). A palpitação foi o sintoma clínico mais frequente, estando presente em 42,8% deles. A sobrevida foi menor nos pacientes do Grupo 2, nos que apresentaram FE do ventrículo esquerdo (VE) menor que 50% (p= 0,004), naqueles com aumento dos diâmetro e volume diastólicos finais do VE (p=0,018 e 0,017, respectivamente), com aumento do diâmetro do átrio esquerdo (p < 0,001), com disfunção diastólica do VE (p= 0,049), com disfunção sistólica do ventrículo direito (p= 0,003), nos que apresentaram internações hospitalares (p < 0,001), nos com eventos embólicos (p= 0,022), com arritmias ventriculares complexas (p= 0,010), com hipertensão arterial pulmonar pelo ecocardiograma (p < 0,001) . A ocorrência de FA foi estatisticamente significativa entre os pacientes com disfunção sistólica do VE (p= 0,0485) e todos os que apresentaram FA, tinham FEVE inferior a 40% (p= 0,048). Vinte e três pacientes eram crianças, seguidos por 4,41 ± 4,91 anos, idade média de 5,52 ± 3,62 anos, 12 (52,2%) do sexo masculino. A proporção de óbitos ou transplante cardíaco foi 3 vezes maior do que na população adulta (34,8%) e a IC foi o resultado mais comum. As arritmias cardíacas foram raras e os eventos embólicos não foram encontrados neste grupo. O rastreio familiar diagnosticou MNC em 36,7% dos pacientes. Na análise multivariada, a precocidade dos sintomas e a ocorrência de acidente vascular cerebral ou acidente isquêmico transitório foram os fatores mais importantes no prognóstico dos pacientes e capazes de predizer sobrevida (p < 0,001 e p= 0,008, respectivamente). Conclusão: O seguimento clínico e por métodos de imagens cardíacas por longo período de pacientes com MNC permite traçar um perfil dessa população e estimar o risco de complicações, reforçando a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces. Em crianças, o MNC geralmente evolui de forma mais agressiva, com maior morbi-mortalidade. O rastreamento familiar consiste em uma ferramenta muito importante nesse contexto, permitindo a identificação de pacientes na fase subclínica da doença === Background: Non-compaction cardiomyopathy (NCC) is a rare disease, which main clinical manifestations are heart failure, arrhythmias and embolic events. The evolution of these patients is poorly known. Thus, the aims of this study was to analyze the late follow-up of patients with isolated NCC or associated with other diseases, adult and children with the disease and their relatives, which were followed at a university cardiology hospital, and to evaluate the clinical and the cardiology imaging outcomes in these patients. Methods: Patients with NCC confirmed by echocardiographic (echo) and / or cardiac magnetic resonance imaging (CMRI) criteria were selected. During their follow-up, their first, second and third degree relatives were recruited to perform screening of the disease using echo. The following variables were included: death, cardiac transplantation, embolic events such as stroke, pulmonary embolism, peripheral arterial embolism, hospital admissions for heart failure, complex ventricular arrhythmias, and imaging indexes of imaging exams such as electrocardiogram, Holter 24 hours, echocardiogram and CMRI, which could have prognostic value in these patients. Children (under 12 years old) were analyzed separately. Results: Two hundred and fifteen patients with NCC were followed for 5.9 ± 4.47 years, mean age of 36,96 ±17,6 years, 108 (50.2%) males. Patients were divided into 2 groups: 193 with isolated NCC (Group 1) and 22 with mixed NCC (associated with genetic and congenital diseases, Chagas disease, coronary disease, hypertrophic cardiomyopathy and giant cell myocarditis; Group 2). Palpitation was the most frequent clinical symptom, present in 42,8% of them. The survival rate was lower in Group 2 patients (p < 0.05), left ventricular (LV) ejection fraction (EF) less than 50% (p= 0.004), increased LV end-diastolic diameter and volume by echo (p= 0.018 and 0.017, respectively), with LV diastolic dysfunction (p= 0.049), with increased left atrium dimensions (p < 0,001), with right ventricular systolic dysfunction (p= 0.003), hospital admissions (p < 0.001), embolic events (p= 0.022), complex ventricular arrhythmias (p = 0.010) and pulmonary hypertension by echo (p < 0.001). All patients with isolated NCC and AF presented LVEF less than 0.40, and between patients without AF, only 41.7% presented LVEF less than 0.40 (p = 0.048). Twenty-three patients was children, followed for 4.41 ± 4.91 years, mean age of 5.52 ± 3.62 years, 12 (52.2%) males. The proportion of deaths or cardiac transplantation was 3 times higher than in the adult population (34,8%) and heart failure was the most common outcome. Cardiac arrhythmias were rare, and the embolic events were not found in this group. The familiar screening diagnosed NCC in 36.7% of the patients. In the multivariate analysis, the precocity of the symptoms and the occurrence of stroke or transient ischemic attack were the most important factors in the prognosis of this patients and it is able to predict survival (p < 0.001 and p= 0.008, respectively). Conclusion: The clinical and cardiac imaging methods allows us to draw a profile of this population and to estimate the risk of complications, emphasizing the need for early diagnosis and treatment. In children, NCC used to develop more severe disease. Family screening is a very important tool, allowing the identification of patients with subclinical stage of the disease