Summary: | A urbanização da Capitania de Goiás esteve na dependência direta da política centralizadora de ocupação colonial portuguesa do século XVIII, particularmente no que se refere à expansão e legitimação do território além do meridiano de Tordesilhas e ao descobrimento de importantes pontos mineratórios localizados na região central do Brasil. A consolidação dessa política e, conseqüentemente, da ocupação de Goiás, coube ao colonizador que, colocando-se a serviço da averiguação de míticos imaginários, utilizou os recursos de uma cartografia em crescente desenvolvimento desde o século XVI e que lhe permitiram comutar imprecisas informações e relatos em cálculos exatos e ter uma real visualização do novo espaço. Com essas ações, formaram-se na Capitania mais de cinqüenta núcleos urbanos, segundo uma tradicional concepção do urbanismo português, que previa a realização de levantamentos topográficos e o uso de mapas feitos por sertanistas, engenheiros militares e governadores que, juntos, se responsabilizaram pela organização e desenho do território. Outras formas estratégicas de ocupação territorial também foram adotadas por Portugal, tais como a criação da prelazia e de paróquias, a abertura de caminhos, a adoção do sistema sesmarial, a fundação da capital e o incentivo às atividades mineratórias e agropastoris. Para a efetiva posse do território goiano, a Coroa lusa implantou também normas indigenistas e incentivou a construção de aldeamentos desde a primeira metade do século XVIII, os quais, embora sem a perfeição de traçado alcançada no período pombalino, foram concebidos a partir de praças centrais, retangulares ou quadradas, inscritas em malhas previstas, cujas características garantiram a continuidade de uma tradição portuguesa de desenho urbano erudito e regular, que se baseava em princípios matemáticos e geométricos.
===
The urbanization of the Captainship of Goiás founds its explanations in a group of factors that are related to the Portuguese centralizing politics of colonial occupation in the 18th century, particularly those that are referred to the expansion and legitimating of the territory beyond the Tordesilhas meridian, and to the discovering of important mining spots localized in the central region of Brazil. The consolidation of the politics and, consequently, of the occupation of Goiás, was carried by the colonizer, which, with the access to a cartography that had been developed since the 16th century, set to the purpose of the checking imaginary myths, transforming inaccurate information and reports into exact calculation and a real visualization of the new space. With these actions it was created on the Captainship more than fifty urban clusters, following a traditional conception of the Portuguese urbanism, with topographic studies and maps made by peasants, military engineers and governors which together were responsible to the organization and the mapping of the territory. Another strategic ways of territorial occupation were also implemented by Portugal, such as: the creation of the prelature, of the parishes, the opening of colonial ways, the adoption of the sesmarial system, the foundation of the capital and the stimulation of the mining and agricultural activities. Due to the possession effectiveness of the territory, the Portuguese crown also implemented Indian regulations and stimulated the construction of villages since the first half of the 18th century, which, even though, without the perfect drawing reached on the Pombalin period, were conceived with rectangular or squared central squares, inscribed into predicted streets, which it characteristics guaranteed the continuity of a Portuguese tradition of erudite and regular urban drawing that was based on mathematical and geometrical principles.
|