Summary: | INTRODUÇAO: Recentes achados experimentais sugerem que a cocaína na forma crack é mais neurotóxica quando comparada à cocaína inalada. Estes estudos são congruentes com os achados clínicos de que pacientes com transtorno por uso da cocaína e usuários de crack têm pior prognóstico e mais consequências adversas para à saúde. OBJETIVO: Investigar alterações diferenciais em substância cinzenta cerebral (SC) e prejuízos neurocognitivos entre usuários de crack (CRACK), cocaína inalada (COC) e controles. MÉTODOS: 78 indivíduos adultos foram avaliados neste estudo (16 CRACK, 26 COC e 36 controles). Todos indivíduos realizaram uma bateria abrangente de testes neurocognitivos. Dados estruturais do cérebro foram analisados através de um protocolo de morfometria baseada em voxels (VBM) e do Statistical Parametric Mapping (SPM) 12. Diferenças em volume de substância cinzenta entre os três grupos foram avaliadas através de um modelo fatorial tendo idade e escolaridade como covariáveis. Foram realizados testes de correlação entre variáveis de uso da cocaína e volume de substância cinzenta. RESULTADOS: Participantes do grupo CRACK apresentaram volumes menores de SC no córtex orbitofrontal esquerdo (p < 0,001), cingulado anterior bilateral (p < 0,001), córtex precentral direito e córtex temporal medial (p < 0,05) em relação aos controles. Em comparação aos indivíduos do grupo COC, os indivíduos do grupo CRACK tiveram volumes menores de SC no córtex orbitofrontal esquerdo (p < 0,001), cingulado anterior direito (p < 0,05) e giro parietal superior esquerdo (p < 0,001). A idade de início de uso da cocaína mais precoce foi associada a volumes menores de SC no córtex temporal superior esquerdo (p < 0,05) e lóbulo paracentral direito (p < 0,05) no grupo total de usuários e CRACK. Anos de uso da cocaína foram associados negativamente ao volume de SC no polo temporal medial direito (p < 0,05) no grupo CRACK. O uso da droga no último mês foi associado a volumes menores de SC em córtex parahipocampal e hipocampo direito (p < 0,05) no grupo total de usuários e CRACK e cíngulo anterior direito apenas no grupo CRACK (p < 0,05). CRACK e COC desempenharam pior que os controles em funções executivas globais e impulsividade. CONCLUSÕES: Nossos resultados sugerem que usuários de crack apresentam alterações mais graves em região pré-frontal e prejuízos em funções cognitivas como auto-monitorização e funções executivas quando comparados a usuários de cocaína inalada. Variáveis como idade de início da cocaína, anos de uso e dias de uso da droga no último mês foram associadas a volumes menores de SC em regiões corticais relacionadas ao funcionamento executivo e controle inibitório. Em conclusão, usuários de crack apresentaram mais prejuízos em região pré-frontal do cérebro e novos estudos longitudinais poderão contribuir para uma melhor compreensão de como tais alterações podem impactar negativamente o curso clínico e resultados no tratamento
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BACKGROUND: Recent experimental studies have shown that smoked crack is more neurotoxic when compared with intranasal cocaine. These reports are congruent with clinical findings that crack-addicted patients have a worse prognosis and more severe health consequences. AIM: To examine differential gray matter (GM) alterations and neurocognitive impairments in crack-addicted patients (CRACK) compared with intrasanal cocaine-addicted patients (COC) and controls. METHODS: 78 adult male subjects were evaluated in this study (16 CRACK, 26 COC and 36 controls). Subjects were submitted to an extensive battery of neurocognitive tests. Structural brain data were analyzed using a voxel-based morphometry (VBM) protocol and the Statistical Parametric Mapping (SPM) 12. Differences in gray matter volume among the three groups were investigated with a full-factorial model controlling for age and years of education. We have performed a correlation analysis between variables of cocaine use and gray matter volume. RESULTS: CRACK presented significantly reduced GM volume in left orbitofrontal (p < .001), bilateral anterior cingulate (p < .001), right precentral gyrus (p < .05), and right medial temporal cortex (p < .05) compared with controls. When directly compared with COC, CRACK had reduced GM volume in left orbitofrontal (p < .001), right anterior cingulate (p < .05), and left superior parietal gyrus (p < .001). Age at first cocaine use was positively associated with GM volume in the left superior temporal cortex (p < .05) and paracentral lobe (p < .05) in the total sample and CRACK. Years of cocaine use were negatively associated with GM volume in the right medial temporal pole (p < .05) in CRACK. Past-30 days cocaine use was associated with reduced GM in the parahippocampal and hippocampus (p < .05) in the total sample and reduced right anterior cingulus in CRACK (p < .05). Both CRACK and COC participants performed worse than controls in global measures of executive functioning and impulsivity. CONCLUSION: Our results suggest that participants with cocaine use disorder who use crack present more severe prefrontal cortex abnormalities and self-monitoring/executive alterations when compared with intrasanal cocaine users. Age of first cocaine use, years of cocaine exposure, and past-30 days cocaine use were associated with GM reductions in cortical areas implicated in executive functioning and inhibitory control. In conclusion, crack users presented more alterations in the prefrontal cortex and further longitudinal studies are warranted to a better comprehension of how such alterations may impact negatively treatment outcomes
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