Financial reporting como instrumento ideológico para fins hegemônicos: evidências do Banco do Brasil (1853-1902)
O objetivo central do nosso estudo é evidenciar e entender como o poder dominante brasileiro se apoderou do financial reporting e da contabilidade em si como instrumento ideológico e consequentemente de controle hegemônico, através da criação de uma realidade que satisfaça seus interesses materi...
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Universidade de São Paulo
2016
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O objetivo central do nosso estudo é evidenciar e entender como o poder dominante brasileiro se apoderou do financial reporting e da contabilidade em si como instrumento ideológico e consequentemente de controle hegemônico, através da criação de uma realidade que satisfaça seus interesses materiais. A unidade de estudo é o Banco do Brasil entre 1853 e 1902, fase de muitas mudanças sociais, econômicas e políticas no país. Baseando-se na abordagem crítica, em um estudo de caráter histórico através de pesquisa documental primária, utilizamos a plataforma teórica do marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937) em suas definições de hegemonia e ideologia, sobretudo. Os documentos foram analisados em duas frentes. A primeira se refere ao discurso empregado. A segunda, estudamos questões contábeis específicas, sobretudo o cálculo do lucro e a distribuição de dividendos. As conclusões apontam que o Banco do Brasil ao longo do período áureo da produção cafeeira nacional foi utilizado pelo poder dominante, apoderado do Estado, para a transferência de recursos para a burguesia, contribuindo de maneira importante para a desigualdade econômica e social em nosso país. Especificamente, em primeiro, através a interface entre sociedade civil e sociedade política no seio do Estado Brasileiro durante o período estudado. Em segundo lugar, analisamos o vínculo orgânico entre a estrutura e a superestrutura no Brasil e os efeitos para os beneficiados. São evidenciados, sobretudo, a questão dos conflitos entre intelectuais orgânicos e os tradicionais e as ações da classe dominante para manter a ideologia do mesmo grupo. Adicionalmente, a tentativa de transformismo do intelectual rural e de algumas classes subalternas e por fim, o abandono das regiões e classes desfavorecidas. Defendemos, pois, que o financial reporting e a contabilidade são instrumentos de disseminação e controle ideológico, mas ao conterem essas características, evidenciam adicionalmente as contradições do sistema capitalista-burguês
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The central objective of our study is to demonstrate and analyze how the Brazilian ruling group took over the financial reporting and accounting itself as an ideological instrument and consequently of hegemonic control, by creating a reality that satisfies their material interests. The study unit is the Banco do Brazil between 1853 and 1902, period of many changes in social, economic and politics in the country. Based on the critical approach, in a historical cstudy through primary documentary research, we use the theoretical platform of the marxist italian, Antonio Gramsci (1891-1937) in its hegemonic definitions and ideology, especially. The documents were analyzed on two fronts. The first one relates to the discourse employed. The second one analyzes specific accounting issues, especially the income calculation and the dividends distribution. The findings suggest that the Banco do Brasil during the golden period of national coffee production was used by the ruling group, seized by the state, for transferring resources to the bourgeoisie, contributing significantly to the economic and social inequality in our country. Specifically, first, through the interface between civil society and political society within the Brazilian State during the period studied. Secondly, we show the direct relationship between the structure and the superstructure in Brazil and the effects for the beneficiaries. We evidence, above all, the issue of conflicts between organic intellectuals and the traditional ones and the actions of the ruling class to keep the ideology of that group. Additionally, attempting to transform the rural intelectual and some subaltern classes and finally the abandonment of poor regions and disadvantaged classes. Our position, therefore, is that the financial reporting and accounting are used as ideological controlling tool, but by containing these characteristics additionally, they show the contradictions of bourgeois-capitalist system
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