Summary: | Esta dissertação reúne seis histórias de vida das vinte e oito mulheres que conquistaram medalhas nos Jogos Olímpicos de Atlanta, sendo duas atletas de cada uma das três modalidades que garantiram medalhas para o Brasil: basquete, vôlei e vôlei de praia. Os Jogos Olímpicos da Era Moderna são dos fenômenos socioculturais globais de maior repercussão na contemporaneidade, dentre os que almejam tal posto. O Olimpismo idealizado por Pierre de Coubertin conferiu aos Jogos a condição de principal meio de divulgação desse ideal. Sua primeira edição, em 1896, foi o marco inaugural desse ideal. As mulheres, de início, foram excluídas dessa comunidade, e a participação desse grupo oscilou ao longo da história dos Jogos Olímpicos. No que tange à participação brasileira, a primeira delegação brasileira em Jogos foi exclusivamente masculina, em 1920. A estreia feminina, solitária, deu-se em 1932. Isso não representou, contudo, uma disseminação massificada da prática esportiva feminina no Brasil. As primeiras medalhas olímpicas conquistadas por brasileiras datam de 1996. Esse interregno de sessenta e quatro anos é indício dos percalços enfrentados por brasileiras envolvidas com a prática do esporte. A partir de uma indagação do por quê desse intervalo de mais de seis décadas que separam a debutante das medalhistas, este trabalho é produto de uma pesquisa sobre a percepção que as primeiras medalhistas olímpicas brasileiras têm de seu feito paradigmático. As fontes desta pesquisa foram as histórias de vida de seis das pioneiras na conquista de medalhas olímpicas para o Brasil, que alcançam um campo para além das oficialidades, das quais as atletas brasileiras foram excluídas ao longo de anos. Dois pontos são destaque aqui para se analisar as especificidades do esporte olímpico brasileiro. Um, os impedimentos legais da prática de algumas modalidades que foi imposto para as mulheres; o outro, a constatação de que a profissionalização das modalidades femininas foi posterior às masculinas materializada no discurso dessas primeiras medalhistas. A opção em concentrar as análises nesse grupo deu-se pelo pioneirismo dessas mulheres, e pela hipótese de que o discurso apresentado por elas congregaria exemplos significativos dos alicerces que assentaram as bases do esporte olímpico para mulheres no Brasil.
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This dissertation presents six individual life histories out of a total of twenty-eight accounts from Brazilian Olympic medalist women competing in basketball, volleyball and beach volley during the 1996 Atlanta Olympic Games. The so-called Olympic Games of the Modern Era are one of the most globally prestigious sociocultural phenomenon of contemporary times. Pierre de Coubertin\'s Olympism conferred worldwide exposure to this ideal of competition; it\'s first edition - held in 1896, being its startup. Initially, women were prevented from participating in this sports community, with their involvement oscillating during the history of Olympic Games. As far as Brazil\'s incursion is concerned, the first Brazilian Delegation officially entered the games in 1920, being exclusively masculine. The solitary premiere of women occurred only in 1932. However, including women in the Olympiad did not disseminate a massive feminine response to sports in Brazil. The first Olympic medals garnered by women took place in 1996. This sixty-four year gap represents quite graphically the perils faced by the Brazilian female athletes in their stubborn determination to play sports. A deep reflection on this considerable interval of more than sixty years between the debut of Brazilian female athletes and their first medals, is the genesis of this paper and the result of a research on the first Brazilian Olympic Female medalists\' own perceptions of their paradigmatic achievement. The sources for this research are primarily the life histories of six Olympic pioneer female medalists whose achievement was a watershed in the history of the Brazilian Olympic Games. Two situations are worth mentioning in order to correctly analyze the specificities of the Brazilian Olympic participation. First, it is worth noting the legal issues preventing the practice of certain sports by women. Secondly, it is interesting to point out that athletic professionalism hit men first; women only materializing the same level of expertise in Atlanta. The decision to concentrate all the analysis on this particular group, took shape due to their innovation as female athletes and due to the hypothesis that their discourse would aggregate significant examples of the grounds which laid the foundations to the Olympic sports for women in Brazil.
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