Prevalência e fatores associados ao aleitamento materno exclusivo no primeiro mês de vida em Cruzeiro do Sul, Acre

Introdução - As práticas de alimentação no início da vida podem afetar diretamente o estado nutricional, crescimento, desenvolvimento e a sobrevivência infantil. Entre os indicadores de saúde infantil propostos pela Organização Mundial da Saúde, a prevalência do aleitamento materno exclusivo até...

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Bibliographic Details
Main Author: Paola Soledad Mosquera
Other Authors: Marly Augusto Cardoso
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-12042018-124737/
Description
Summary:Introdução - As práticas de alimentação no início da vida podem afetar diretamente o estado nutricional, crescimento, desenvolvimento e a sobrevivência infantil. Entre os indicadores de saúde infantil propostos pela Organização Mundial da Saúde, a prevalência do aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade (AME: quando a criança recebe somente leite materno direto da mama, ordenhado, ou de ama de leite, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos, podendo ser desagregado nos grupos etários 0-1, 2-3, 4-5 e 0-3 meses) é fundamental para o monitoramento das ações para promoção, proteção e apoio à amamentação. Objetivos - Investigar a prevalência e os fatores associados à prática de AME aos 30 dias de vida em Cruzeiro do Sul, Acre. Métodos - Análise de dados do estudo de coorte de nascimentos MINA-Brasil: Materno-INfantil no Acre. Entre julho de 2015 e junho de 2016, mães internadas para parto no Hospital Estadual da Mulher e da Criança do Juruá do município de Cruzeiro do Sul, Acre, foram entrevistadas sobre dados socioeconômicos, demográficos e história de saúde após aceite à participação no estudo. Para a presente análise, o desfecho de interesse -aleitamento materno exclusivo aos 30 dias de vida?, foi obtido 30 a 45 dias após o parto por meio de entrevista telefônica e classificado segundo critério da OMS (2010). Medidas de tendência central e dispersão, frequências absolutas e relativas, intervalos de confiança de 95% (IC95%) e teste de homogeneidade &#967;2 foram calculados segundo prática do AME. A análise de sobrevida por meio do estimador Kaplan-Meier foi utilizada para estimar a probabilidade e o efeito de fatores associados à prática do aleitamento materno exclusivo aos 30 dias de vida. O efeito dos preditores sobre a duração do AME no primeiro mês foi investigado em modelos múltiplos de regressão tempo de vida acelerado. A análise estatística foi realizada com auxílio do pacote estatístico Stata 14.0 ou superior, ao nível de significância de p<0,05. Resultados - No total, 962 mães responderam a entrevista telefônica de acompanhamento no puerpério. A prevalência de AME aos 30 dias de vida foi 36,7% e o tempo mediano para os que interromperam o AME nesse intervalo foi 16 dias. Quando consideradas todas as crianças nascidas no período e elegíveis ao seguimento, a probabilidade de AME aos 30 dias foi 43,7% e a mediana de AME foi 30 dias. Os fatores associados à duração do AME no período estudado foram: número de filhos vivos, uso de chupeta e história de chiado no peito. Observou-se que a duração do AME (time ratio - TR) foi 28% mais prolongada entre os bebês que tinham irmãos (1,28; IC95% 1,11-1,48). O uso de chupeta e história de chiado no peito foram associados à redução no tempo de AME em 33% (0,67; IC95% 0,58-0,78) e 20% (0,80; IC95% 0,69-0,93), respectivamente. Conclusões - A prática de aleitamento materno exclusivo aos 30 dias de vida em Cruzeiro do Sul, Acre, foi aquém das recomendações nacionais e internacionais. Mães primíparas interromperam o AME mais precocemente durante o primeiro mês quando comparadas às mães com mais de um filho; bebês que usaram chupeta ou apresentaram história de chiado no peito apresentaram menor duração do AME no primeiro mês de vida. Dada a importância do AME para a saúde materno-infantil e para a duração total do AM, os resultados deste estudo evidenciam a necessidade de ações intensivas para promoção, apoio e proteção da amamentação antes do primeiro mês de vida nesta população. === Introduction - Early life feeding practices can directly affect nutritional status, growth, development, and child survival. Among the indicators of child health proposed by the World Health Organization, the prevalence of exclusive breastfeeding up to 6 months of age (EBF: when the baby receives only breastmilk, including milk expressed or from a wet nurse, without other liquids or solids, except for drops or syrups containing vitamins, oral rehydration salts, mineral supplements or medicines, which can be disaggregated in the age groups 0-1, 2-3, 4-5 and 0-3 months) is essential for monitoring actions to promote, protect and support breastfeeding. Objectives - To investigate the prevalence and factors associated with exclusive breastfeeding at 30 days of life in Cruzeiro do Sul, Acre. Methods - Data analysis of the MINA-Brazil birth cohort study in Cruzeiro do Sul, Acre state, Western Brazilian Amazon. Mothers of babies born from July 1, 2015 to June 30, 2016 at the only maternity hospital in the region were enrolled in this study after signing a free, informed consent form. Women were interviewed soon after giving birth and by telephone at 30-45 days postpartum. Socioeconomic, demographic, obstetric, infant feeding practices, child health and lifestyle data were collected. The outcome of interest was exclusive breastfeeding at 30 days of life, classified according to WHO guidelines (2010). Descriptive statistical data, 95% confidence intervals (95%CI) and chi-square tests were calculated. Kaplan-Meier survival analysis was performed to estimate the median duration and the probability of EBF at the end of the first month of life. In order to explore factors associated with time to EBF cessation, accelerated failure-time (AFT) models were run, following a conceptual framework hierarchical model for determinants of EBF. All analyses were done in Stata 14.0, at p<0.05. Results - During the follow-up period, 962 mothers answered the postpartum telephone interview. The prevalence of EBF at 30 days of life was 36.7% and the median duration was 16 days. Considering all children born in the study period and eligible for follow-up, the probability of EBF in the first month of life was 43.7% and the median duration was 30 days. Factors associated with time to EBF cessation were: having one or more children, pacifier use and history of wheezing. It was observed that duration of EBF (time-ratio - TR) was 28% longer among infants who had siblings (1.28; 95% CI, 1.11-1.48). Use of a pacifier and history of wheezing were associated with reduced EBF duration by 33% (0.67, 95% CI 0.58-0.78) and 20% (0.80, 95% CI 0.69-0.93), respectively. Conclusions - The exclusive breastfeeding practice at 30 days of life in Cruzeiro do Sul was considerably below nacional and international recommendations. Primiparous mothers stopped EBF earlier in the first month when compared to mothers with more than one child; infants who used pacifiers or had history of wheezing presented higher risk of not being exclusively breastfed in the first month of life. Given the importance of EBF for maternal and child health and for total duration of breastfeeding, the results of this study may provide a basis for intensive actions to promote, support and protect breastfeeding before the first month of life in this population.