Summary: | Este trabalho analisa os prefácios aos livros Lira dos vinte anos, O conde Lopo e Macário, do escritor romântico Álvares de Azevedo (1831 1852), buscando discernir e sistematizar os pressupostos básicos do pensamento crítico presente nesses textos. Visando contextualizar as discussões ali promovidas em face do debate romântico no Brasil e no exterior, a pesquisa recorre também a outros ensaios críticos do autor para o esclarecimento de questões levantadas pelos prefácios e, eventualmente, a alguns de seus poemas e a outras de suas obras. O cotejo entre os textos do corpus propiciou a reconstrução de uma rica tessitura de referências bibliográficas, especialmente francesas, caso de Théophile Gautier, e portuguesas, como Lopes de Mendonça, às quais o autor constantemente se volta. Essa tessitura explicita um vasto horizonte de leituras, que vai muito além de Byron e Musset, fontes mais recorrentes entre os românticos da segunda geração brasileira, projetando a figura eminente do crítico literário que já se entrevia em Azevedo, mesmo nos seus primeiros ensaios. O distanciamento dos esforços nacionalistas, principal objetivo da maioria dos críticos e escritores brasileiros no oitocentos, permitiu que Azevedo se vinculasse a uma outra concepção de crítica literária, de origem alemã, elaborada sobretudo pelos irmãos Schlegel e por Novalis. Essa aproximação, que pode ter ocorrido tanto por via direta, quanto por meio de traduções francesas, portuguesas, ou mesmo, inglesas, fez com que Álvares de Azevedo se posicionasse de maneira distinta da de seus contemporâneos em relação a sua própria composição e a dos autores mencionados ao longo dos prefácios e ensaios.
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This research investigates the prefaces to the books Lira dos vinte anos, O conde Lopo and Macário, by the Romantic writer Álvares de Azevedo (1831-1852). Its purpose is to devise and systematize the fundamental conjectures of the critical thinking found in these texts. With a view to contextualizing the discussions they provide in parallel with the Romantic debate taking place both in Brazil and abroad, this research makes use of yet other critical essays by the author in order to elucidate questions raised in the prefaces and, occasionally, in some of his poems and other works. Confronting the texts from the corpus made it possible to reconstitute a rich array of bibliographic references, especially French and Portuguese, as Théophile Gautier and Lopes de Mendonça, to which the author constantly turns. Such an array evinces a vast horizon of readings that goes far beyond Byron and Musset the most common sources among the Brazilian second generation of Romantics projecting the eminent figure of the foreseeable literary critic in Azevedo even in his primitive essays. His distancing from nationalist struggles, major goal of the majority of Brazilian critics and writers during the 1800s, allowed Azevedo to relate to another conception of literary criticism, one of German origin, designed mainly by the Schlegel brothers and Novalis. Such approximation, which may have taken place through both direct contact and French, Portuguese or even English translations, made Álvares de Azevedo take a different stand from that of his contemporaries regarding his own production and that of the authors mentioned throughout his prefaces and essays.
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