Influência do estresse térmico no final da gestação de cabras: alterações da placenta e desempenho dos cabritos

O estresse por calor influencia a fisiologia da fêmea causando modificações placentárias que interferem no desenvolvimento fetal e desempenho dos cabritos. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do estresse térmico durante o terço final da gestação sobre a placenta de ca...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Priscila dos Santos Silva
Other Authors: João Alberto Negrão
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74131/tde-10042018-112637/
Description
Summary:O estresse por calor influencia a fisiologia da fêmea causando modificações placentárias que interferem no desenvolvimento fetal e desempenho dos cabritos. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do estresse térmico durante o terço final da gestação sobre a placenta de cabras Saanen, o comportamento materno-filial, as respostas termorregulatórias e peso dos cabritos do nascimento até os 60 dias de vida. Neste projeto de pesquisa foram utilizadas 47 cabras no terço final da gestação, 24 animais foram submetidos ao estresse por calor na câmara climática (tratamento estresse térmico - ET) e 23 cabras permaneceram em ambiente de termoneutralidade (tratamento controle - CT). O experimento foi organizado em 3 fases distintas: gestação, parto e desenvolvimento dos cabritos. Em cada fase os animais foram acompanhados diariamente e quinzenalmente, foi obtido plasma para dosagem de cortisol. Todos partos foram acompanhados, sendo colhidas amostras do líquido amniótico e placenta, da qual foi realizado análise histológica e expressão gênica das HSPs 27, 70 e 90, enzima 11β-HSD tipo 1 e tipo 2, CRH e ACTH-R. No nascimento, foi realizado o escore APGAR dos cabritos e avaliações do comportamento materno-filial. Os cabritos foram pesados semanalmente e acompanhados do nascimento até o desmame. As concentrações de cortisol no líquido amniótico das cabras do tratamento ET (39,42 ± 1,3 ng/mL) foram significativamente maiores que o tratamento CT (31,87 ± 2,04 ng/mL) e o inverso ocorreu para a concentração plasmática dos cabritos no nascimento que foram significativamente maiores para o tratamento CT (94,83 ± 5,49 ng/mL) que para o ET (70,20 ± 5,41 ng/mL). O estresse térmico causou redução significativa na eficiência placentária das cabras ET (9,98 ± 0,41) quando comparada as cabras CT (13,06 ± 2,16), assim como na expressão gênica da enzima 11β-HSD tipo 2 no tecido placentário das cabras ET (4,16 ± 1,79) e aumento na expressão gênica do ACTH-R (9,4 ± 1,00) quando comparadas ao tecido placentário das cabras CT (25,06 ± 3,85 e 3,44 ± 1,00, respectivamente). Como forma de proteção celular, houve maior expressão gênica da HSP 70 no tecido placentário das cabras ET (5,44 ± 0,46) que das cabras CT (3,05 ± 0,64). Os cabritos ET apresentaram maior mobilização dos mecanismos termorregulatórios que os cabritos CT. As cabras ET apresentaram maior frequência na atividade de estimulo a cria a levantar. Os cabritos ET também tiveram maior frequência na tentativa de levantar que os cabritos CT. Houve diferença no peso dos cabritos CT (3,97±0,07 Kg) e ET (3,71±0,07 Kg) aos 8 dias de vida, e tendência no nascimento e 15 dias de vida. No entanto, o tratamento térmico não influenciou o peso ao desmame. Em conclusão, o estresse térmico por calor no terço final de gestação de cabras, estimulou maior atividade de cuidados das cabras com os cabritos, assim como teve impacto negativo na eficiência placentária, tendo como reflexo maior mobilização dos mecanismos termorregulatórios, e menor ganho de peso dos cabritos nos primeiros 15 dias de vida, mas sem interferir no desempenho ao desmame. === Heat stress influences the physiology of female causing placental changes that interfere in the fetal development and performance of goatlings. Thus, the aim of the present study was to evaluate the effect of thermal stress during the final third of gestation on the placental of Saanen goats, thermoregulatory responses and goatlings\' performance. In this research, 47 goats at final third of gestation were used, 24 animals were submitted to heat stress in climatic chamber (heat stress treatment - HS) and 23 goats remained in thermoneutral environment (control treatment - CT). The experiment was organized in three distinct phases: gestation, kidding and development of kids. At each stage the animals were monitored daily and biweekly, it was obtained the plasma for cortisol analysis. The kidding of all goats was assisted and samples of amniotic fluid and placenta were collected, it was performed histological analysis and gene expression of HSPs 27, 70 and 90, 11β-HSD enzyme type 1 and type 2, CRH and ACTH-R. At birth, was evaluated the APGAR score of the goatlings and was observed the maternal-filial behaviors. The kids were weighed weekly and were accompanied from birth to weaning at 60 days years old. The concentrations of cortisol in the amniotic fluid for the HS goats (39.42 ± 1.3 ng/mL) were significantly higher than the CT goats (31.87 ± 2.04 ng/mL) and the opposite occurred for the goatlings cortisol plasma concentration at birth that was significantly higher for the CT treatment (94.83 ± 5.49 ng/mL) than for HS (70.20 ± 5.41 ng/mL). The heat treatment promoted a significant reduction in the placental efficiency for HS goats (9.98 ± 0.41) when compared to CT goats (13.06 ± 2.16), there was also a significant reduction in 11β-HSD type 2 enzyme gene expression in placental tissue of HS goats (4.16 ± 1.79) and an increase in the gene expression of ACTH-R (9.4 ± 1,00) when compared to the placental tissue of CT goats (25.06 ± 3.85 and 3.44 ± 1,00, respectively). In order to protect cells, there was more gene expression in the HSP 70 in placental tissue of HS goats (5.44 ± 0.46) than the CT goats (3,05 ± 0,64). The HS kids showed greater mobilization of the thermoregulatory mechanisms than the goatlings of the CT treatment. The HS goats showed higher frequency in the stimulation activity of offspring to raise. HS kids had higher frequency in the attempt to raise than those in CT. At 8 days of life, was observed a difference in the goatling\'s weight, CT (3.97 ± 0.07 kg) and HS (3.71 ± 0.07 kg). However, the heat treatment did not influence the weight at weaning. In conclusion, heat stress in the final third of gestation of goats stimulated greater goat care with goats, as well as having a negative impact on the placental efficiency, with a greater mobilization of thermoregulatory mechanisms, and the lowest weight gain of kids goats in the first 15 days of life, but without interfering in the performance of animals at weaning.