Summary: | O objetivo da presente pesquisa é analisar as formas com que o trabalho, tomado como categoria da análise social, foi inserido na crítica do movimento de renovação da Geografia no Brasil. Tal movimento se inicia na década de 1970, mas se mantém vivo em suas principais perspectivas ainda atuantes. Buscou-se identificar no processo de incorporação do trabalho seu papel na mediação entre a crítica social e a crítica geográfica que se montava, primeiro como denúncia capitalista, depois como consolidação epistemológica. A tese é que, na urdidura da crítica tensionada pelo movimento de renovação (que se pretendera como Geografia Crítica), o trabalho se estabeleceu como importante elemento de transição para a abertura crítica da análise geográfica, mas que, em seu processo de afirmação teórico-epistemológico, não o fora tomado em sua totalidade contraditória e dialética, significando, simultaneamente, sua própria negação. É, por isso, um estudo sobre a afirmação/negação do trabalho na gênese da crítica da Geografia em seu movimento de renovação a partir de suas principais perspectivas teóricas. Considerou-se, para tanto, as proposições teóricas que, de forma direta ou indireta, central ou apenas tangencial, adotaram o trabalho como objeto, tema ou perspectiva política para suas formulações. Essas perspectivas são aqui denominadas como geografias do trabalho. Dentre os objetivos específicos que comporão a argumentativa da presente tese, aponta-se: (1º) o papel fundamental da teoria do valor para a formulação de uma crítica que se volta contra o desenvolvimento e a expansão capitalista. Observou-se como o trabalho fora tomado como cristalização valor para subsidiar uma leitura que, pelo espaço, procurava desvendar os mecanismos de dominação e exploração do capital a partir de sua instrumentalização no território. Nota-se nesse momento, uma forte vinculação à interpretação concreticista confundida como leitura propriamente geográfica; (2º) a montagem de uma leitura geográfica que se pretendia ontológica teve no trabalho uma de suas principais referências. Mas se notou que as formulações, muitas delas por sistemas de montagem ou de fusão teórica, não foram pautadas pela autocrítica, o que levou a um discurso ontológico remoto e, consequentemente, confundido com a gnosiologia e com a própria epistemologia geográfica, dada a manutenção da interpretação concreticista que se conservara; (3º) a natureza da crítica geográfica e sua expressão teórica. Neste último ponto da análise se observou como o problema da contradição foi interpretado e inserido na crítica geográfica; constatou-se, em última análise, sua ausência. Tomando o trabalho como referência, constatou-se ainda que a dialética envolvida em sua formulação tendeu a ser mais um instrumento de conciliação teórica do que uma crítica social. Concluiu-se que, tomando a argumentativa da tese que se pretendeu partir do trabalho como referencial para análise da crítica geográfica, esta apresenta fissuras no interior de suas próprias formulações, fissuras essas que tendem a se desenvolver como autocontradição, deixando ainda incompleta sua efetividade como crítica social emancipatória.
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The aim of the present research is analyzing the ways labor, as a category of social analysis, was inserted in the criticism of renewal movement of Geography in Brasil. Such movement has its beginning in the 1970s, but it remains alive in its most active perspective. It was sought to identify, in the process of insertion of labor, its role in mediation between social and geographic criticism which has been coming up; first as a capitalist denunciation, afterwards as epistemological consolidation. The theory is that, in the warp intended by the renewal movement, labor settled as an important element of transition to the critical opening for the geographic analysis, but, in its process of theoretical-epistemological affirmation, it was not considered in its conflicting and dialectical entirety, meaning, simultaneously, its own negation. That is why it is a study concerning the affirmation/negation of labor in the genesis of criticism in Geography in its renewal movement from its main theoretical perspectives. For this purpose, the theoretical proposals which, directly or indirectly, centrally or simply tangentially, have adopted labor as object, core or political perspective for its formulation were considered. Those perspectives are denominated as labor geographies. Among the specific aims which compose the argumentation in this thesis, it is remarkable to mention: (1st) the essencial role of value theory to the formulation of a critique against development and capitalism expansion. It was observed how labor was taken as value crystallization to subsidize a view that, by space, intended to reveal mechanisms of domination and exploitation of capital from its territory instrumentalization. At this moment, a strong linking to a concreticist interpretation, misunderstood as a properly geographical reading is remarkable; (2nd) the construction of a geographical reading supposed to be ontological had one of its main references in labor. But it was noticed the formulations, many of them through assembly or theoretical fusion systems, were not guided by self-criticism, which led to a remote ontological discourse and, consequently, mistaken as the gnosiology and geographical epistemiology itself, considering the remaining of concreticist interpretation. (3rd) the nature of geographical criticism and its theoretical expression. At this latter point of analysis, it was able to observe how the issue of contradiction was interpreted and inserted in the geographical criticism. Its absence was, after all, concluded. In addition, taking labor as reference, it was observed that the dialectics involved in its formulation tended to be more like an instrument of theoretical conciliation than for a social critique. It could be concluded that, considering the argumentation in the thesis, intended to be from labor as a reference to the analysis of geographical criticism, the present thesis presents some fissures in its own formulations, those ones which tend to develop as a self-contradiction, leaving its effectiveness as an emancipatory social critique still incomplete.
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