Summary: | O presente estudo se propôs a explorar o uso de um teste de preconceito implícito (IRAP) e de uma medida de grupo (entrevista sociométrica) para a investigação do preconceito étnico em crianças em contexto escolar. Foram investigados possíveis efeitos de duas intervenções para redução de preconceito que enfatizam características de práticas culturais comuns: descrever contingências de reforçamento envolvendo respostas de tolerância e descrever respostas de punição envolvendo respostas de intolerância. Os participantes foram 65 crianças brasileiras e bolivianas de três turmas do último ano do ensino fundamental, faixa etária entre 10 e 11 anos, e três professoras das turmas correspondentes. A porcentagem de crianças bolivianas nos grupos Controle, Intervenção A e Intervenção B foram, respectivamente, 47,1%, 34,8% e 44%. Foram aplicados o IRAP e a entrevista sociométrica antes e depois das intervenções. Nos resultados, não foram observados efeitos das intervenções, detectáveis com um intervalo de confiança de 95%, nem no IRAP e nem nos dados derivados da entrevista sociométrica. A entrevista sociométrica se mostrou útil para investigar preconceito étnico nas turmas a partir de uma análise das proporções real e esperada de nomeações de aceitação e rejeição de acordo com a nacionalidade, mas não a partir das categorias de status sociométrico. Esse resultado é provavelmente devido à alta porcentagem de estrangeiros nas turmas, equilibrando as nomeações. Uma grande porcentagem dos participantes não conseguiu atingir o critério de porcentagem de acerto (80%) do IRAP nos blocos de prática e outros não conseguiram manter esse critério durante o teste, sugerindo que o critério de 70% empregado em outros estudos do IRAP com crianças é mais adequado. O principal resultado deste estudo demonstrou um índice de preconceito nas salas que já era de conhecimento de algumas das professoras, ainda que não de todas. No entanto, a investigação e quantificação de fenômenos conhecidos é o que permite avaliar os efeitos de intervenções sobre eles, facilitando a realização de novas pesquisas que poderão embasar no futuro práticas e políticas públicas mais eficazes
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Prejudice research is an active field in psychology which fosters many studies on interventions aimed at prejudice reduction. Data collected in these studies are usually individual measures, such as questionnaires and implicit prejudice tests. Data is usually collected in laboratories or other non-realistic settings. The present study explored the combination of an individual implicit prejudice measure (IRAP) with a social measure (sociometric interview) to investigate ethnic prejudice in children at school. The effects of two prejudice reduction interventions were investigated, both of which replicate characteristics of common practices: describing reinforcement contingencies of tolerance responses and describing punishment contingencies of intolerance/prejudice responses. Participants were 65 brazilian and bolivian children aged 10 to 11 years old, and their teachers. Control Group, Intervention A Group and Intervention B Group had, respectively, 47,1%, 34,8% and 44% bolivian students. IRAP and the sociometric interview were applied before and after the interventions. No effects of the interventions were observed in either individual or social measures. The sociometric interview proved to be useful to investigate prejudice among the students when expected and actual sociometric nominations ratios were compared, but not when sociometric statuses were compared. This is so probably due to the high percentage of bolivians in the groups, as they balance out the nominations. More than half of the participants were not able to fulfill the practice criterion of accuracy (80%) of the IRAP; others were not able to maintain this criterion across the test blocks. This suggests the 70% accuracy criterion to be best suitable for children. The main result here presented regards the assessment of the amount of prejudice and segregation amongst students, which was already known to some of the teachers. However, quantifying known phenomenons allows the evaluation of the effects interventions have on them, making it possible to further research on the topic and to develop better practices and public policies
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