Summary: | INTRODUÇÃO: As intervenções de promoção da saúde mental avançam e atividades não medicamentosas ganham espaço. Neste sentido, estudos apontam a atenção plena (mindfulness) como estratégia integrativa para o enfrentamento do estresse e de transtornos mentais comuns, bem como para obtenção do autocuidado. Mindfulness é referido no contexto laico contemporâneo como um estado mental presente em todos os indivíduos em maior ou menor intensidade que pode ser cultivado diariamente através de práticas meditativas. OBJETIVO: Descrever o nível da autopercepção de comportamentos relacionados à Mindfulness em profissionais da saúde de um Hospital Terciário e analisar a associação dos níveis de mindfulness autopercebidos com determinados indicadores das condições de vida e saúde. MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal com 97 profissionais da saúde que compõem o complexo do Hospital das Clínicas - FMUSP por via de caracterização Sociodemográfica, da Escala Filadélfia de Mindfulness (EFM) e de um Questionário de Saúde Geral (General Health Questionnaire -12). Todos os questionários foram aplicados no período de fevereiro/novembro de 2014. RESULTADO: Na EFM, o escore médio apresentado foi maior para o componente \"Consciência\" (média 29,9; desviopadrão 0,62) do que para \"Aceitação\" (média 15,7; desvio-padrão 0,86), sendo a média 45,6 e desvio-padrão 1,1 para o Escore Total (componente \"consciência\" somada a \"aceitação\"); Verificou-se número significativo de indivíduos (41%) com suspeita de transtornos mentais comuns (TMC), aqueles que apresentaram um escore de três ou mais no GHQ-12. Em análise mais detalhada (Teste t e ANOVA) observou-se associações fortemente significantes (p < 0,01) entre maiores níveis de mindfulness autopercebido com o gênero masculino, estado civil casado/amigado, maior satisfação no trabalho, negar uso de medicamentos, sono satisfatório, lazer frequente e ausência de TMC. Na análise da associação GHQ-12 com Mindfulness estratificada por profissão verificou-se escores menores no grupo das categorias \"psicólogo, assistente social, profissional de educação física, biólogo, fisioterapeuta, farmacêutico e profissional administrativo\" com TMC; na análise da associação GHQ-12 com Mindfulness estratificada por tipo de doença concluiu-se que existem diferenças significantes (p < 0,01) no grupo das categorias \"mais de uma doença, neurológica ou psiquiátrica\", das quais o escore \"Total\" e \"Aceitação\" foram menores para quem apresenta TMC. A presença de TMC (referido pelo GHQ-12) está associada a menores escores de Mindfulness, indicando uma possível correlação negativa que se deve ao domínio de \"Aceitação\" CONCLUSÃO: Os níveis de comportamentos autopercebidos à atenção plena apontaram associações significantes com uma variedade de indicadores das condições de vida e saúde nos profissionais de saúde. Sugerindo assim, uma mesma direção de evidências científicas recentes de que mindfulness pode fazer parte de fatores de proteção à saúde favorecendo também o autocuidado e a qualidade de vida
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INTRODUCTION: The Mental Health Promotion interventions advance and non-drug activities gain ground. In this case, studies show meditation as an opportunity to cope with stress and the common mental disorders, as well as to obtain self-care. Mindfulness is referred in contemporary laic context as a present mental state in all individuals in greater or lesser degree which can be daily cultivated through meditative practices. OBJECTIVE: This study aimed to describe the self-perceived level of Mindfulness-related behaviors in health care professionals of a tertiary care hospital as well as to analyze the association of self-perceived mindfulness levels with certain indicators of living conditions and health. METHOD: A cross-sectional study is proposed with 97 health professionals who make up the University Hospital complex - FMUSP via Socio Demographic characterization, a study of the Philadelphia Mindfulness Scale (PMS) and a Questionnaire of General Health (General Health Questionnaire -12). All interviews were conducted between February and November/ 2014. RESULT: In PMS, the average score was higher for the component \"awareness\" (mean 29.9, SD 0.62) than for \"acceptance\" (mean 15.7, SD 0.86), with an average 45.6 and SD 1.1 for the Total Score (component \"awareness\" added to \"acceptance\"); There was a significant number of individuals (41%) with suspected common mental disorders (CMD), those with a score of three or higher in the GHQ-12. In a more detailed analysis (T-Test and ANOVA) it was observed strongly significant associations (p < 0.01) with higher levels of self-perceived mindfulness in the masculine gender, married / living together unmarried, greater job satisfaction, not in use of medicinal drugs, satisfactory sleep, frequent leisure and no presence of CMD. In the analysis of the GHQ-12 association with Mindfulness stratified by profession it was observed that the scores were lower for the group of the categories \"psychologist, social worker, physical education professional, biologist, physiotherapist, pharmacist and administrative professional\" with CMD; in the analysis of the GHQ-12 association with Mindfulness stratified by disease type the results showed that there are significant differences (p < 0.01) for the group of the categories \"more than one disease, either neurological or psychiatric\", of which the score \"Total\" and \"Acceptance\" were lower for those who had CMD. The presence of CMD (referred by the GHQ-12) is associated with lower scores of Mindfulness, indicating a possible negative correlation due to the domain of \"Acceptance\". CONCLUSION: The levels of self-perceived behaviors to mindfulness showed significant associations with a variety of indicators of living conditions and health among health care professionals. Suggesting, thus, the same direction of recent scientific evidences that mindfulness may be part of health protective factors also favoring self-care and quality of life
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