Palinologia dos sedimentos cenozóicos da Foz do Rio Amazonas
As perfurações marítimas efetuadas pela PETROBRÁS na plataforma continental da Foz do Rio Amazonas, revelaram a ocorrência de espessa seção sedimentar cenozóica rica em palinomorfos e até então pouco representada na parte emersa das bacias sedimentares brasileiras. A Bacia Sedimentar da Foz do R...
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Universidade de São Paulo
1973
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As perfurações marítimas efetuadas pela PETROBRÁS na plataforma continental da Foz do Rio Amazonas, revelaram a ocorrência de espessa seção sedimentar cenozóica rica em palinomorfos e até então pouco representada na parte emersa das bacias sedimentares brasileiras. A Bacia Sedimentar da Foz do Rio Amazonas situa-se no litoral setentrional do Brasil, estendendo-se do litoral do Estado do Pará ao litoral do território Federal do Amapá. Localiza-se entre os paralelos de 4°N e 3°S e entre os meridianos 46° e 52°WGR. As análises lito e bioestratigráficas proporcionaram a divisão estratigráfica preliminar (Schaller & Vasconcelos, 71) em três unidades básicas a saber: uma unidade inferior, Formação Jacarezinho e Formação Limoeiro; uma seção intermediária, representada na área continental pela Formação Marajó e na plataforma continental pela Formação Amapá; uma seqüência superior (Grupo Pará), constituída pela Formação Pirarucu e Formação Tucunaré. Os sedimentos aqui estudados correspondem à Formação Amapá e ao Grupo Pará. Quanto aos estudos palinológicos dessa área, sabe-se que Boer, van der Hammen e Wymstra (1965) estudaram alguns poços da área emersa da bacia, comparando os intervalos estudados com intervalos de mesma idade da Guiana Inglesa. Posteriormente, alguns técnicos da PETROBRÁS estudaram poços da parte emersa e submersa, constando as suas observações em relatórios internos, não divulgados. Foram aqui estabelecidas e formalizadas quatro zonas e nove subzonas diferenciais superiores que sse seguem em ordem ascendente: Zona Proxapertites operculatus compreendendo 3 subzonas; Zona Cicatricosisporites dorogensis que compreende também 3 subzonas; Zona Echitriletes muelleri com três subdivisões; Zona Pachydermites dierixi, sem subdivisões. Estabelecida a coluna palinológica, foi a mesma correlacionada com outras áreas da América do Sul como Colômbia, Venezuela, Caribe e com a parte ocidental da África. Os métodos de análise palinológica usados foram o qualitativo, para o estabelecimento das zonas, e o quantitativo para estudos de paleoambientes. Foram selecionadas oitenta e seis formas de maior interesse bioestratigráfico e todas elas são aqui descritas e ilustradas. Vinte dessas formas são novas para a literatura. Pela análise quantitativa, usando a razão pólen/plâncton, constatou-se que: durante o Paleoceno-Eoceno Inferior o ambiente era restrito a nerítico raso. Durante o Eoceno Médio-Oligoceno, as condições de ambiente nerítico raso prevaleceram, passando a nerítico profundo na base do Mioceno Inferior daí passando a condições litorâneas até o Mioceno Superior (não há registro palinológico mais novo). Com base ainda na razão pólen/microplâncton, a transgressão marinha melhor caracterizada para a área, processou-se na base do Mioceno Inferior. Foi evidenciada grande quantidade de palinomorfos paleozóicos retrabalhados em sedimentos da Formação Pirarucu (Schaller & Vasconcelos, 1971), de idade Mioceno-Pleistoceno. Estes palinomorfos pertencem ao Devoniano e Permiano. A presença de palinomorfos retrabalhados do Cretáceo no Mioceno foi determinada na área do Amapá, indicando assim que rochas cretáceas expostas durante esse tempo também contribuíram para a sedimentação da Formação Pirarucu. O conjunto paleoflorístico da área compreende, pelo menos, três grupos distintos: a flora paleozóica (retrabalhada), a flora local (litorânea e de \"mangrove\") e a flora exótica (coníferas e pteridófitas de \"habitat\" montanhoso). A vegetação pobre quase exclusiva de palmas do Paleoceno-eoceno Inferior, foi abruptamente extinta no início do Eoceno Médio provavelmente por imposições ambientais de uma costa progressivamente baixa ou por mudanças climáticas. Do paleoceno até o fim do eoceno, o clima era quente e úmido (tropical), apresentando condições mais amenas a partir do Oligoceno. Durante o Mioceno, as condições climáticas favoráveis facilitaram aa diversificação da flora.
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