Prenúncios de uma revolução: feminino, masculino e sociedade em O número dos vivos

O segundo livro publicado por Hélia Correia, O número dos vivos, em 1982, faz uma crítica aos modelos sociais da sociedade portuguesa da década de 40 do século XX. Essa crítica é alcançada no romance através do uso de estratégias narrativas como a ironia e a paródia, responsáveis por desencadear...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Yasmin Serafim da Costa
Other Authors: Marlise Vaz Bridi
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2014
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-09062015-132219/
Description
Summary:O segundo livro publicado por Hélia Correia, O número dos vivos, em 1982, faz uma crítica aos modelos sociais da sociedade portuguesa da década de 40 do século XX. Essa crítica é alcançada no romance através do uso de estratégias narrativas como a ironia e a paródia, responsáveis por desencadear questionamentos no leitor. O romance tem como modelo a ser parodiado o cânone da literatura realista principalmente, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e O primo Basílio, de Eça de Queirós. Como resultado, há concomitantemente uma crítica aos ideais defendidos pelo realismo e à opressão sofrida pelas mulheres sob o sistema patriarcal português. A ironia, por sua vez, surge em conjunto com o modelo de masculinidade criado na segunda metade do século XIX e perpetuado até meados dos anos 50 do século seguinte. A análise das personagens masculinas parte da relação entre essa imagem do homem e as bases da sociedade portuguesa para criticar as instituições fundamentais para a manutenção da ditadura salazarista: Família, Igreja e Estado. Como forma de libertação dessa situação opressora, no romance, são encontrados prenúncios de uma transformação que estaria próxima e que traria uma nova configuração para a sociedade portuguesa, na qual seriam revistos os papéis das mulheres e dos homens na sociedade, além da redemocratização do país. === The second novel published by Hélia Correia, O número dos vivos, in 1982, critics the social standards in Portuguese society in the 40s of twentieth century. This critic is achieved in the novel through strategies as irony and parody. The novel has as the model for the parody the realist literature mainly, Madame Bovary by Gustave Flaubert and O primo Basílio by Eça de Queirós. As a result, there is at the same time a critic to the ideals endorsed by the Realism and to the oppression suffered by women under the patriarchy. Irony is studied in combination with the standard of masculinity created in the second half of 19th century and preserved until the 50s of the next century. The analysis of the masculine characters is based in this relation between the image of man and the foundations of Portuguese society in order to criticize the fundamental institutions of Salazars dictatorship: Family, Church and State. As a way to get rid of the oppression, in the novel, are found predictions of an imminent change that would bring a new configuration to the Portuguese society, where the roles of women and men would be revised, in addition to the return of the democracy.