Summary: | Na cena contemporânea, a questão ambiental tem sido foco de atenção da comunidade científica de diferentes países, subsidiando a formulação de políticas que permitam conciliar a produção com a satisfação de necessidades humanas e a conservação e uso racional dos recursos naturais. No âmbito rural, a agricultura é uma das atividades que mais deterioram o meio ambiente e cujas conseqüências sociais e ambientais adquirem proeminência no debate mundial. Desde a década de 60 do século passado, quando a crise ambiental ganhou espaço na agenda das discussões internacionais da ONU, surgem mundialmente diversas iniciativas que se colocam como alternativas ao padrão tecnológico da agricultura industrial, resultado da chamada revolução verde. Atualmente a visibilidade dessas iniciativas tem se ampliado e, junto com a sua projeção mundial, observa-se o uso indiscriminado de termos como agricultura sustentável, agricultura orgânica, agricultura natural, agricultura ecológica a agroecologia, seja por desconhecimento de suas distinções, seja motivado por interesses fundamentalmente econômicos na apropriação dessas iniciativas. A presente dissertação propõe-se a um esclarecimento conceitual sobre a Agroecologia considerando os problemas rurais como expressões da sociedade capitalista e do padrão de desenvolvimento hegemônico, cujas interpretações sofrem refrações da atual crise paradigmática da ciência. A pesquisa apresenta uma retrospectiva histórica dos marcos fundantes da Agroecologia no âmbito da Ecologia agrícola através da análise do seu processo de desenvolvimento e enriquecimento teórico, tomando como referenciais os trabalhos de Miguel A. Altieri e de Eduardo Sevilla Guzmán devido a sua projeção internacional e complementaridade das abordagens. A pesquisa identifica um processo de continuidades e rupturas no desenvolvimento histórico da Agroecologia, o que indica a riqueza e, ao mesmo tempo, a complexidade do processo de sua constituição e do tema que abrange, e para além de concepções puramente técnicas e ahistóricas. As continuidades se expressam na incorporação e desenvolvimento do acervo de fundamentos teóricos e conhecimentos técnicos especializados acumulados ao longo de seu processo de formação; e as rupturas encontram-se consubstanciadas na subordinação dessas conquistas ao direcionamento social das pesquisas e ações empreendidas no marco dessa orientação teórica, direcionadas ao desenvolvimento rural. A Agroecologia nessa abordagem, mais que como uma ferramenta para o estabelecimento de sistemas produtivos sustentáveis, afirma a possibilidade de potencializar os processos sociais, resgatando formas de conhecimento e de práticas dos próprios agricultores mediante estratégias metodológicas voltadas ao desenvolvimento rural sustentável. Ela implica a afirmação de um pensamento social crítico junto a estudantes, profissionais e agricultores - para além da racionalidade instrumental vigente na comunidade científica ocidental.
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In the contemporary context, the environmental issue has been the main focus for the scientific community of different countries. They provide background to new policies that join production and satisfaction of human needs together with preservation and rational management of natural resources. In the countryside, agriculture is responsible for most environmental damage, and its socioenvironmental consequences are drawing attention of global debates. Since the1960´s, when the environmental subject was brought up to international discussions at UN, worldwide initiatives have been set in motion to stand for alternatives to the technological pattern of industrial agriculture - result of the so-called Green Revolution. Nowadays, as the visibility of these enterprises increases, along with its worldwide projection, we notice an indiscriminate use of terms such as sustainable agriculture, organic agriculture, natural agriculture, ecological agriculture and agroecology, due to an unclear distinction of these terms or due to economical interests in appropriating them. The present dissertation proposes a conceptual elucidation about Agroecology, considering rural problems as expressions of the capitalist society and the hegemonic development model, whose interpretations suffer refractions from the present science paradigmatic crisis. This research presents a historical retrospective of the beginning of Agroecology, in the Agricultural Ecology field, through the analysis of its development process and theoretical enrichment, taking as backgrounds the works of Miguel A. Altieri and Eduardo Sevilla Guzmán, due to their international recognition and complementary approaches. This research identifies a process of continuums and ruptures in the historical development of Agroecology, which indicates the richness and complexity of its development and of the subject it embraces, beyond purely technological and ahistorical conceptions. The continuums are expressed by the incorporation and development of the theoretical basis and of specialized technical knowledge, gathered along its development; and the ruptures are found in the subordination of these conquers to the social aim of research and initiatives taken in the mark of this theoretical orientation, concerning rural development. In this approach, Agroecology means more than simply a tool to design sustainable productive systems, but it represents a possibility to empower social processes, rescuing peasants knowledge and practices through methodological strategies aimed at the sustainable rural development. It implies the affirmation of a critic social thought by students, professionals and peasants beyond the operational rationality reigning over occidental scientific community.
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