Summary: | No romance The Famished Road (1991), o autor nigeriano Ben Okri dá uma nova dimensão à figura da criança-espírito ou abiku, que é um motivo recorrente entre os iorubás e em diversas outras culturas da África ocidental. Como um fenômeno da crença dessas culturas, o abiku é um tema característico da narrativa oral africana, tendo sido usado também em várias obras da literatura africana de língua inglesa. Okri realiza, contudo, uma inovação ao transformar o abiku no narrador de seu romance. Uma vez que essa criatura é um in between, vivendo permanentemente na intersecção entre o mundo dos vivos e o dos mortos, a estrutura da obra literária é alterada pela realidade vista pelos seus olhos. A sua visão é composta pelas imagens da simultaneidade entre esses mundos. Na construção de seu romance, Okri tenta traduzir essa visão para um público leitor ocidental, utilizando ao mesmo tempo paradigmas da oralidade africana e da literatura ocidental. O romance se coloca, assim, num espaço de transição entre a cultura africana e a ocidental. São utilizados métodos e estratégias narrativas de ambas as tradições e o próprio fenômeno do abiku é investido por outras concepções mais ocidentais a respeito da ressurreição da alma. O objetivo desta dissertação é mostrar, de acordo com uma perspectiva crítica pós-colonial, como esse romance se constrói como uma obra híbrida entre os modos de se perceber e de se retratar a realidade característicos de cada uma dessas culturas.
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In the novel The Famished Road (1991) Nigerian author Ben Okri gives a new dimension to the spirit child or abiku\'s image, which is a recurrent motif among the Yoruba and many other cultures from West Africa. The abiku is a characteristic subject of the African oral narrative and is also present in some African literature in English as the abiku is part of the belief of those cultures. However, Okri undertakes an innovation, turning the abiku into the narrator of his novel. Since this creature is an in between, living permanently in the intersection between the world of the living and the world of the dead, the structure of the literary work is altered by the reality as it is seen through his eyes. His vision is made up by the simultaneous images of those two worlds. In the construction of his novel, Okri tries to translate this vision to a Western reading audience, using paradigms from both the African orality and Western literature. Thus, the novel is placed in a transitional space between African and Western cultures. Narrative methods and strategies from both traditions are used and the abiku phenomenon itself is invested by other more Western conceptions about the soul\'s resurrection. This dissertation aims to reveal from a postcolonial theoretical perspective how this novel is constructed as a hybrid work between the modes of perceiving and depicting reality characteristic of each one of these cultures.
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