Summary: | Tendo como pano de fundo as novas temporalidades do capitalismo flexível, que se assentam nas condições de curto prazo, de volatilidade, de flexibilidade e de impossibilidade de distinguir tempo-trabalho de tempo-livre, o presente estudo pretende destacar a grande dificuldade, para o sujeito, de construir uma narrativa coerente para sua vida, especialmente no campo do trabalho. A incredulidade dos grandes relatos (ou das metanarrativas), a perda da narrativa tradicional e uma espécie de miséria simbólica, abordadas nessa tese, a partir das considerações de Walter Benjamin, Richard Sennett e Sigmund Freud, foram condições sublinhadas como predicados da cultura contemporânea que ensejam consequências do ponto de vista psíquico. As diversas modalidades de sofrimento psíquico na atualidade apontam, em seu conjunto, para grandes dificuldades no plano da simbolização e essa característica nos endereça para o campo do traumático, conforme proposto pela teoria freudiana. Mas se, por um lado, pudemos encontrar condições potencialmente traumáticas a partir dos novos modos de regulação do trabalho na atualidade, por outro, foi possível pensar, como hipótese, que o sujeito imerso nas novas temporalidades e nas novas regras da cultura organizacional contemporânea, mas ainda ávido por buscar algum sentido na sua relação com o trabalho , procura por narrativas emprestadas, ainda que sejam fragmentadas e empobrecidas em sua dimensão simbólica. As peculiaridades desse comodato foram ponderadas a partir da consideração de alguns elementos do livro O Monge e o executivo uma história sobre a essência da liderança servidora. Pudemos examinar que a literatura prescritiva dos best-sellers de autoajuda tem fornecido, no âmbito dessa hipótese de empréstimo, novos modelos para o sujeito, especialmente no que concerne a uma ideologia de autocriação de si mesmo. Foi a partir desse contexto, que pudemos chegar à conclusão que o sujeito à deriva expressão cunhada com tanta precisão por Sennett , está alojado entre a onipotência e o desamparo
===
On the context of the new temporality of flexible capitalism, based on short-term conditions, volatility, flexibility and inability to distinguish working time from free-time, this study aims to highlight the enormous challenge for people today, that is, to build a coherent narrative for their lives, especially in the labor area. The unbelief of the grand narratives (or metanarratives), the loss of traditional narrative and a sort of symbolic misery, addressed in this thesis and based on the considerations of Walter Benjamin, Richard Sennett and Sigmund Freud, were conditions underlined as predicates of contemporary culture, thus triggering consequences on psychological scope. The various forms of psychological distress at the present time point, as a whole, to major difficulties in the symbolization; this feature directs us to the traumatic issue, as proposed by Freudian theory. Nevertheless, if we find on one hand potentially traumatic conditions from the new forms of labor regulation at the present time, on the other hand it is possible to hypothesize that today man - immersed in new temporalities and new rules of contemporary organizational culture but still eager to get some direction in their relations with work - search for \"borrowed narratives\", although fragmented and impoverished in its symbolic dimension. The peculiarities of this loan were considered from some elements of the book The Servant: A Simple Story about the True Essence of Leadership. We examine the prescriptive writing of this self-help best-seller literature under that loan hypothesis, new models for the man today, especially regarding a \"self-creation ideology.\" It was from this context that we come to the conclusion that the man adrift - coined so by Sennett - is set between omnipotence and helplessness
|