Adesão ao tratamento psiquiátrico, após alta hospitalar: acompanhamento na rede de serviços de saúde

Introdução: Altas prevalências de transtornos mentais na população e os prejuízos decorrentes que se manifestam em diversos aspectos da vida do indivíduo, tais como isolamento social, sofrimento, interrupções ou baixo rendimento na vida laboral e nos estudos, discriminação e riscos de auto e...

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Bibliographic Details
Main Author: Sueli Aparecida de Castro
Other Authors: Antonia Regina Ferreira Furegato
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2015
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-07012016-104542/
Description
Summary:Introdução: Altas prevalências de transtornos mentais na população e os prejuízos decorrentes que se manifestam em diversos aspectos da vida do indivíduo, tais como isolamento social, sofrimento, interrupções ou baixo rendimento na vida laboral e nos estudos, discriminação e riscos de auto e/ou heteroagressividade são preocupantes. Estima-se que em 2020, as condições crônicas, dentre elas, os distúrbios mentais, serão responsáveis por 78% da carga global de doenças nos países em desenvolvimento. Devido à complexidade dos transtornos mentais e a necessidade de contribuir para o melhor atendimento em saúde às pessoas afetadas, realizou-se o presente estudo. Objetivo: avaliar a adesão do portador de transtorno mental aos tratamentos de acompanhamento, após a alta hospitalar. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo, transversal, baseado em dados secundários (prontuários) e primários (entrevistas) para identificar a adesão dos pacientes ao tratamento na rede extra- hospitalar. Dados coletados no Hospital Santa Tereza de Ribeirão Preto, Centro de Atenção Psicossocial II, Núcleo de Saúde Mental e Ambulatório de Saúde Mental da UBS-Dr. Italo Baruffi, de maio de 2013 a junho de 2014 com acompanhamento na rede até janeiro de 2015. Para a coleta dos dados, utilizou-se 5 instrumentos: 1-Roteiro para obtenção de dados secundários da internação (HST-RP); 2-Roteiro para obtenção dos dados nos serviços extra- hospitalares (SEH); 3-Roteiro para Entrevista (Serviço extra-hospitalar); 4-Roteiro de dados no segundo retorno nos serviços extra-hospitalares; 5- Teste de Morisky-Green. Variáveis sociodemográficas, clínicas e dos retornos aos serviços foram analisados. Resultados: Dos 875 egressos, 78 (25,5%) foram excluídos por bloqueio de um dos serviços da rede, sendo selecionados apenas 71 que atendiam aos critérios de inclusão do estudo. A maioria era branca, na faixa dos 40 a 49 anos, sexo masculino, solteiros, sem companheiro e nível fundamental incompleto. A maioria dos sujeitos teve internações anteriores, com prevalência dos diagnósticos F20-F29 e F30-F39. O estado mental, prevalente na alta, foi calmo, associado a outros diagnósticos e sem proposta terapêutica para o pós-alta. Quanto ao comparecimento aos retornos, nos serviços da rede extra-hospitalar, constatou-se que a maioria compareceu aos retornos agendados, entretanto, sem a correspondente adesão ao tratamento medicamentoso, segundo o Teste de Morisky-Green. A maioria dos acolhimentos, nestes serviços, foi realizada pela equipe de enfermagem. Observou-se que o atendimento não está centrado na reabilitação psicossocial, como se esperava. Discussão: Dados semelhantes têm sido relatados em outros estudos, sendo inclusive responsáveis por reinternações e reagudização dos quadros psiquiátricos. Constatou-se a valorização do tratamento medicamento em prejuízo das intervenções psicossociais na instituição hospitalar pesquisada. Apesar dos serviços extra-hospitalares terem equipes multiprofissionais, os resultados não mostram uma atenção de melhor qualidade, com enfoque na reinserção social do doente mental e na sua autonomia de vida. Não há elaboração do Projeto Terapêutico Singular e articulação dos serviços de saúde mental com a atenção básica, principalmente com a Estratégia de Saúde da Família. Conclusão: Este estudo mostrou que contrariamente, ao que se infere, o portador de transtorno mental comparece aos serviços de saúde mental para a continuidade do tratamento, porém, apesar disso, constata-se que os mesmos não são reabilitados === Introduction: A high prevalence of mental disorders in the population and losses that manifest in various spheres of life, such as social isolation, suffering, interruptions or low performance levels at work or school, discrimination, and risk of self- or hetero- aggressiveness are alarming. Estimates for 2020 indicate that chronic conditions, among which are mental disorders, will be responsible for 78% of the overall load of diseases in developing countries. This study was conducted due to the complexity of mental disorders and the need to provide better care to affected individuals. Objective: to assess mental patients\' adherence to follow-up treatments after hospital discharge. Method: This descriptive, cross-sectional study was based on secondary data (medical records) and primary data (interviews) to identify adherence of patients to treatment provided in the extra-hospital network. Data were collected from the Santa Tereza Hospital, the Psychosocial Care Center II, Mental Health Unit, and the Mental Health Outpatient Clinic at the Dr. Italo Baruffi PHC Unit in Ribeirão Preto, SP, Brazil from May 2013 to June 2014 and from follow-up in the health service network up to January 2015. Five instruments were used for data collection: 1 - A script to obtain secondary data concerning hospitalization (STH-RP); 2 - Script to obtain data from the extra-hospital services (EHS); 3 - Script for interviews (Extra-hospital service); 4 - Script for data collected in the second visit to extra-hospital services; and 5 - the Morisky- Green test. Sociodemographic and clinical variables and return to services were assessed. Results: Of the 875 patients discharged, 78 (25.5%) were excluded due to a blockage in the health services, so that only 71 patients, who met the inclusion criteria, were selected for the study. Most were Caucasian, aged from 40 to 49 years old, male, single, without a partner/spouse, with incomplete primary school. Most were previously hospitalized and the diagnoses F20-F29 and F30-F39 were the most prevalent. The most common mental state at the time of discharge was calm, associated with other diagnoses with no therapeutic proposal for post-discharge. In regard to attending follow-up consultations in the extra-hospital network, most attended scheduled their appointments, however, did not adhere to the medication regimen according to the Morisky-Green test. The nursing staff was most frequently responsible to receive/welcome these patients into the services. We observed that care is not centered on psychosocial rehabilitation, contrary to expectations. Discussion: Similar results are reported in other studies with consequent rehospitalizations and aggravation of patients\' psychiatric conditions. Dados semelhantes têm sido relatados em outros estudos, sendo inclusive responsáveis por reinternações e reagudização dos quadros psiquiátricos.Medication treatment is valued at the expense of psychosocial interventions in the hospital facility under study. Even though the extra-hospital services are supported by multidisciplinary teams, the results do not show improved quality of care focused on the social inclusion and autonomy of mental patients. There is no cooperation between the Singular Therapeutic Project and mental health services with primary health care, especially with the Family Strategy Health. Conclusion: This study revealed that, contrary to what is expected, individuals with mental disorders attend mental health services to continue their treatment, however, they are not rehabilitated