As relações de gênero na educação infantil a partir da ótica das crianças

Uma experiência enquanto professora com um aluno que brincava com bonecas, maquiagem e saias, foi a primeira oportunidade que tive de refletir sobre as questões de gênero na escola e foi a motivação para iniciar os estudos de gênero que redundaram nesta dissertação. A pesquisa foi realizada numa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Camila Asato Ohouan
Other Authors: Marilia Pinto de Carvalho
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2015
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06102016-153118/
Description
Summary:Uma experiência enquanto professora com um aluno que brincava com bonecas, maquiagem e saias, foi a primeira oportunidade que tive de refletir sobre as questões de gênero na escola e foi a motivação para iniciar os estudos de gênero que redundaram nesta dissertação. A pesquisa foi realizada numa escola municipal de educação infantil em São Bernardo do Campo (SP), a mesma em que atuo como coordenadora pedagógica. Numa abordagem qualitativa, realizei observações dos momentos de brincadeira na escola para compreender, a partir da ótica das crianças, como elas vivenciam as relações de gênero. Esta pesquisa se vincula à área de estudos de gênero e para perceber a criança como protagonista da ação houve aproximação teórica com os autores da área da Sociologia da Infância Os resultados mostraram que os meninos e as meninas participantes desta pesquisa transitavam pelas brincadeiras, em alguns momentos com polarização das expetativas de gênero muito clara (brincadeiras de menino versus brincadeira de menina) e em outros com fronteiras que não se fixavam (como no caso das brincadeiras de super-heróis e salão de beleza). Enquanto em algumas situações era clara a ruptura das expectativas sociais de gênero nas brincadeiras entre as crianças, em outras essas rupturas eram tão sutis que poderiam passar desapercebidas. Conclui-se então que as crianças, nas situações de brincadeira, não só reproduzem, mas também rompem e ressignificam os padrões de gênero esperados e que essa dinâmica contraditória pode ser utilizada pelos/as educadores/as para ampliar os repertórios disponíveis tanto para meninos quanto para meninas. === Working as a teacher, I observed a boy student who played with dolls, makeup and skirts. That was the first opportunity I had to reflect on gender issues at school. Moreover, it was the motivation to start gender studies that resulted in this work. The assessment was conducted in Sao Bernardo do Campo (SP), in a municipal school of early childhood education where I work as educational coordinator. Using the qualitative approach, I realized observations of the recreational moments at the school to understand, from the perspective of children, how they experience gender relations. This research is bounded with the area of gender studies and, as to perceive children as the protagonists of the action, there was theoretical closeness to the authors of the area of Childhood Sociology. The results showed that boys and girls, who participated in this research, were transiting the games. In some moments the polarization of gender expectations was very clear (Boy games vs. Girl games) and at other times the boundaries were not fixed (as in the case of superheroes and beauty salon games). While in some instances the rupture of the social expectations of gender in play among children was very clear, in other circumstances these splits were so subtle that might otherwise go unnoticed. It was concluded that children, when playing, do not only reproduce, but also break and resignify the expected gender patterns. Therefore, this contradictory dynamic can be used by educators to enlarge the available repertory for both boys and girls.