Summary: | Esta dissertação trata da variação no uso do pronome de segunda pessoa (singular e plural) na cidade de São Paulo. Duas formas alternativas são empregadas nessa comunidade de fala: a variante plena você(s) e a forma foneticamente reduzida cê(s). A pesquisa é desenvolvida de acordo com os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista. Foram desenvolvidas análises sincrônica e diacrônica com dados extraídos de duas amostras (NURC-SP-1970 e GESOL-SP-2000). Os resultados evidenciam um equilíbrio na distribuição das duas variantes nessa comunidade de fala. Embora se verifique uma típica mudança em progresso (tempo aparente) na década de 1970, a análise dos anos 2000 revela um caso de variação estável na comunidade de fala. Nos anos 2000, a variante inovadora, a forma reduzida cê, tende a ser favorecida pelos informantes mais jovens e pelas mulheres acima de 50 anos de idade. Cê é desfavorecida entre os indivíduos de uma faixa etária intermediária (entre 35 e 45 anos) o que pode estar relacionado a questões de monitoramento da fala e ao mercado linguístico (Paiva & Duarte, 2003). Adicionalmente, cê tende a ser evitado entre os indivíduos mais escolarizados; e é favorecido em interações cujos informantes são familiares ou amigos. De um ponto de vista linguístico, o emprego das variantes é correlacionado pelo Princípio do Contorno Obrigatório e por questões morfossintáticas, semânticas e discursivo-cognitivas, com especial atenção à referência do pronome. Os resultados corroboram a hipótese de cliticização da variante reduzida, mas fornecem um contra-argumento à correlação direta entre erosão fonética e abstratização semântica, defendida na literatura sobre gramaticalização.
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This master thesis analyzes the variation in the use of the second person pronoun (singular and plural) in the city of São Paulo. Two alternative forms are employed: você you, and a phonetically reduced form cê you. The research is developed according to the theoretical and methodological framework of Variationist Sociolinguistics. Both synchronic and diachronic multivariate analyses are pursued, with data extracted from two samples (NURC-SP-1970 and GESOL-SP-2000). The results show a balance in the distribution of the two variants in the speech community. Although it was observed a typical change in progress (apparent time) in the 1970s, the analysis of the 2000s data reveals a case of stable variation in the speech community. In the 2000s, the innovative, phonetically reduced variant tends to be favored by younger people and women over 50 years old. Cê is disfavored among individuals between 35 and 45 years which can be related to issues of speech monitoring and the linguistic market (Paiva & Duarte, 2003). In addition, cê tends to be avoided by those whose level of education is higher, and is favored in conversations between informants who are friends or relatives. From a linguistic perspective, the use of variants is correlated by the Obligatory Contour Principle (OCP) and by morphosyntactic, semantic and discursive-cognitive factors, with special attention to the reference of the pronoun. Results confirm the hypothesis of cliticization of the reduced variant, but reveal a counterargument for the direct correlation between \"phonetic erosion\" and \"semantic abstraction\", which has been claimed in the literature on grammaticalization
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