Summary: | O termo dekassegui aponta a condição do trabalhador estrangeiro e nipo-descendente na indústria japonesa. Pressionado por perspectivas adversas de emprego no Brasil e estimulado pela legislação no país de destino, aceita submeter-se a trabalhos não-qualificados, atraído pelo valor de câmbio da moeda japonesa e com planos de retorno vantajoso após alguns anos. Esta pesquisa pretende um estudo qualitativo de Psicologia Social atento aos temas antagonistas do enraizamento e do desenraizamento, duas noções advindas da experiência e obra de Simone Weil e Ecléa Bosi. Nossas hipóteses formaram-se em torno de duas suposições principais: 1) A condição dekassegui, em grande medida, instaura desenraizamento a) por quase deter o indivíduo no regime alienante e absorvente do trabalho subalterno e simples, impedindo ou empobrecendo a participação do nipo-descendente e sua nova experiência de cidade; b) por acompanhar uma inesperada resistência e até hostilidade dos japoneses contra os nipo-descendentes. 2) A possibilidade da condição dekassegui, ainda assim, apoiar e satisfazer o anseio por uma experiência do Japão e da cultura japonesa, é dependente da qualidade dos motivos que carregaram o nipo-descendente. Há motivos que não parecem bastar para tanto: motivos sobretudo econômicos ou motivos demais ideológicos (estes associados à construção de figuras sublimes ou soberbas do Japão e dos japoneses). Todavia, outra motivação parece estar por trás de alguns dekasseguis: incluindo e superando motivos econômicos e ideológicos, o anseio por conquistar, beneficiando-se da ida ao Japão, uma raiz, uma orientação psicossocial e cultural a respeito de si próprios; o anseio por consolidar o que podemos designar como uma \"identidade de trânsito ou de troca\" em lugar de uma identidade dilemática e dividida (a angustiante identidade do estrangeiro permanente, japonês no Brasil e brasileiro no Japão). Por meio de reconstrução autobiográfica (o próprio pesquisador viveu oito meses a condição dekassegui), pretendemos identificar e discutir temas que representem marcos fortes (muito significativos ou muito enigmáticos) da experiência dekassegui, de maneira a confirmarmos ou infirmarmos as hipóteses acima.
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The therminology dekassegui refers to the foreign worker and the japanese descendant at the japanese industry. Driven by bad working perspectives in Brazil and estimulated by the legislation at country of destination, he accepts unqualified works, atracted by the japanese currency exchange and with plans of profitable return after a few years. This research intends to do a qualitative study of Social Psychology about the antagonists themes of rooting and unrooting, two notions born from the experience and work of Simone Weil and Ecléa Bosi. Our hypothesis were based on two main assumptions: 1) The dekassegui condition, mostly, implements unrooting, a) by keeping the person on an absorving regimen of simple and unqualified work, preventing the participation of the japanese descendant and his new experience in town; b) by follow an unexpected resistance and even hostility from the japaneses against the nipo-descendents. 2) The possibility of the dekassegui to support and satisfy the anxious of a japanase experience, depends on the quality of the reasons that driven the japanese descendant. There are reasons which do not seem to be enough: mainly economical and execessives ideological reasons (these ones associated to the construction of superb and gorgeous figures about Japan and the japaneses. Although another motivation seems to be behind some dekasseguis: including and overcoming economic and ideological reasons, the anxious for conquering, getting benefit from the trip to Japan, a root, a pshyco-social and cultural orientation regarding themselves; the anxious to consolidate what we can call as a \"changeable or temporary identity\" instead of a divided and dilemmatic identity (the miserable identity of the permanent foreigner, japanese in Brazil and brazilian in Japan). Through an autobiographic reconstruction (the researcher himself lived eight months on a dekassegui condition), we intend to identify and discuss themes which represent strong marks (very significant or very enigmatic) of the dekassegui experience, in order to confirm above hypothesis.
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