Summary: | O processo de aprendizagem motora permite, por meio de mudanças nos padrões de ativação de redes neurais, a consolidação de modelos internos dos movimentos. Atualmente sabe-se que esses modelos internos podem ser desenvolvidos não só pela prática física, mas também pela prática mental, definida como um ensaio mental repetido dos movimentos, sem a sua execução. Essa forma de prática permitiria a formação de um modelo interno mais flexível e independente do efetor. Embora a prática mental esteja sendo amplamente utilizada para o treino esportivo e a reabilitação em adultos, sua utilização em crianças ainda é muito restrita. Isto se deve, em parte, pela escassez de estudos que mostrem seus efeitos em crianças. Assim, o objetivo desse estudo foi comparar os efeitos da prática física e mental para a capacidade de aprender e reter uma nova habilidade motora de movimentos sequenciais de oposição de dedos, transferir essa aprendizagem para uma sequência reversa de movimentos e para a mão contralateral, não treinada, em crianças de 9 a 10 anos de idade. Participaram deste estudo 36 crianças destras com idade entre 9 e 10 anos divididas aleatoriamente em três grupos: grupo de prática mental (PM), composto por 12 crianças com média de idade de 9,9±0,3 anos; o grupo de prática física (PF), composto por 12 crianças com média de idade de 10±0,5 anos; e o grupo sem prática (SP), composto por 12 crianças de 9,9±0,4 anos. Os grupos de PM e PF foram submetidos a uma sessão de treino com 2400 repetições realizadas com a mão direita, sendo que o primeiro realizou a prática de forma imaginativa e o segundo a prática física. O grupo SP realizou uma atividade de pintura com duração similar ao treino dos demais grupos. O desempenho da sequência de movimentos que recebeu treinamento (ST), dos três grupos foi avaliado nas mesmas condições antes do treino (AT), e após 5 minutos (DT), 4 (4dDT), 7 (7dDT), 14 (14dDT), e 28 (28dDT), dias após o término do treinamento. O desempenho da sequência reversa a treinada (SR), realizada pela mão direita e o da ST na mão esquerda, não treinada (MNT), foi avaliado AT, DT, 7dDT e 28dDT. Os resultados obtidos por meio da ANOVA para medidas repetidas mostraram que não houve diferença entre os efeitos da PM e PF para a aprendizagem, retenção de curta e longa duração. Por outro lado, a ANOVA mostrou que, após o treino, a SR alcançou o mesmo desempenho da ST, bem como a MNT alcançou o mesmo desempenho da MT para a ST, apenas para o grupo que realizou a PM. Adicionalmente, conforme o esperado, o grupo SP não apresentou ganhos significativos de desempenho. Assim, baseados nesses resultados, pode-se concluir que crianças de 9 e 10 anos são capazes de aprender novas habilidades por meio da prática mental, que proporcionou os mesmos efeitos da prática física para a aprendizagem, retenção de curta e longa duração, e efeitos superiores para a transferência entre tarefas e intermanual
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Motor learning allows the consolidation of internal models of movement through activation patterns changes of neural networks. Currently it is known that these internal models can be developed not only by physical practice, but also by mental practice, defined as a mental rehearsal of movements repeated without the overt movement. Mental practice allows an internal model formation more flexible and independent of the effector. Although mental practice has been widely used for sports training and adults rehabilitation, pediatric use is still very limited. This is due, in part, to lack of studies which demonstrate effects in children. The objective of this study was to compare the effects of physical and mental practice on learning, retention of a new motor ability of sequential movements of fingers opposition and transfer this learning to a reverse sequence of movements and to the contralateral untrained hand, 9-10 years old children. This study included 36 right-handed children aged between 9 and 10 years old randomly allocated into three groups: mental practice (MP), composed of 12 children with a mean age of 9.9 ± 0.3 years, physical practice group (PP), composed of 12 children with mean age 10 ± 0.5 years, and the group without practice (NP), composed of 12 children aged 9.9 ± 0.4 years. The PP and MP groups were submitted to one session of training with 2400 repetitions with the dominant hand, and MP group trained using only mental rehearsal of movements PP group trained executing the movements. The NP group had a painting activity with similar duration of other groups. The performance of the sequence of movements that received training (TS) of the three groups was evaluated under the same conditions before training (BT), and after 5 minutes (AT), 4 (4dAT), 7 (7dAT), 14 (14dAT), and 28 (28dAT) days after training. The performance of the reverse sequence (RS) by the right trained hand (TH) and the performance of the trained sequence (TS) by the left untrained hand (UTH) was evaluated BT, AT, 7dAT and 28dAT. The results obtained by repeated measures ANOVA showed no differences between MP and PP for learning, retention of short and long term retention. Moreover, ANOVA revealed that, after training, only the MP group reached the same performance of the TS and RS, and UTH reached the same performance of the TS for the HT. Additionally, as expected, the NP group did not show significant performance gains. Thus, based on these results, it is possible to conclude that children aged 9 and 10 years old are able to learn new skills through mental practice, which provided the same effects of physical practice for learning, short and long term retention and higher effects for transfer between tasks and hands
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