Summary: | Percebendo o importante papel da iconografia na atualidade, tanto na sociedade como na educação, e considerando a restrição visual dos alunos com deficiência visual, esta pesquisa propõe analisar as práticas pedagógicas de professores de História da educação básica no que tange ao uso da imagem iconográfica com alunos cegos. Neste trabalho, considera-se a iconografia não só como recurso de representação do tempo passado, mas também como documentação histórica, material pedagógico fundamental para a produção do conhecimento histórico e desenvolvimento do raciocínio crítico sobre a História. A pesquisa foi desenvolvida tendo como base teóricos que se alinham às áreas de Educação Especial, Ensino de História e Artes, tais como: Amiralian (1997), Aumont (1995), Ballestero-alvarez (2002), Barbosa (1998; 1999), Barthes (1984), Benjamin (1955), Bittencourt (1993; 1998; 2001; 2004; 2011), Brun (1991), Bueno (2011), Burke (2004), Calazans (2014), Candau (2010), Cerri (2010), Chartier (1988), Couchot (1993), Dondis (2007), Fonseca (2006), Fonseca e Siman (2001), Joly (2007), Knauss (2006), Kossoy (1980; 1989), Lowenfeld (1971), Masini (1994; 2012; 2013), Maud (1996), Merleau-Ponty (1999), Molina (2007), Moreira e Câmara (2010), Nobrega (2008), Ott (1999), Panofsky (2014), Profeta (2007), Reily (2004), Rossi (2006), Saliba (1999; 2001), Sardelich (2006), Sarraf (2014), Siman (2004), Snyder (2007) e Soler (1999). Inicialmente, foi feita uma pesquisa histórica sobre o ensino de História no Imperial Instituto dos Meninos Cegos, educandário do século XIX que fundou as bases para o ensino da pessoa com deficiência visual no Brasil, com destaque para os usos da imagem no ensino. Posteriormente, houve uma reflexão sobre as possibilidades envolvendo a leitura de imagens no campo do ensino de História e as teorias que envolvem a abordagem multissensorial de ensino para cegos, sob as concepções de corpo e percepção em MerleauPonty (1999). Essa pesquisa, de abordagem qualitativa, além da revisão bibliográfica realizada, compreende também, uma pesquisa de campo que permitiu conhecer práticas pedagógicas de professores de História com uso da iconografia, com foco para alunos do 7º ano do ensino fundamental. A pesquisa de campo foi realizada com base em observações em sala de aula e entrevistas semiestruturadas com os professores de História e do Atendimento Educacional Especializado que lecionam para alunos cegos matriculados no 7º ano do ensino fundamental de duas escolas da rede pública municipal de São Paulo. Além disso, houve também uma intervenção pedagógica inclusiva, em parceria com os professores de História das escolas, que envolveu o uso e a análise da iconografia como fonte documental e recurso didático para a disciplina. Os dados coletados foram analisados seguindo o referencial teórico de Bardin (2009). Procura-se, por fim, refletir e apontar possibilidades de ensino de História pautadas em uma abordagem multissensorial e fundamentadas na fenomenologia de MerleauPonty (1999), que permitam ao aluno com deficiência visual desenvolver uma análise mais completa da iconografia.
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Realizing the important role of iconography nowadays, both in society and education, and considering the visual restriction of students with visual impairment, this research aims to analyze the pedagogical practices of History teachers from elementary school regarding the use of iconographic images in blind students education. In this paper, it is considered that iconography is not only a resource for the representation of the past, but it is also a historical documentation, basic pedagogical material for the production of historical knowledge and the development of critical thinking about History. The research was based on theoretical frameworks that align to particular areas of Education, History Teaching and Arts, such as: Amiralian (1997), Aumont (1995), Ballestero-alvarez (2002), Barbosa (1998; 1999), Barthes (1984), Benjamin (1955), Bittencourt (1993; 1998; 2001; 2004; 2011), Brun (1991), Bueno (2011), Burke (2004), Calazans (2014), Candau (2010), Cerri (2010), Chartier (1988), Couchot (1993), Dondis (2007), Fonseca (2006), Fonseca e Siman (2001), Joly (2007), Knauss (2006), Kossoy (1980; 1989), Lowenfeld (1971), Masini (1994; 2012; 2013), Maud (1996), Merleau-Ponty (1999), Molina (2007), Moreira e Câmara (2010), Nobrega (2008), Ott (1999), Panofsky (2014), Profeta (2007), Reily (2004), Rossi (2006), Saliba (1999; 2001), Sardelich (2006), Sarraf (2014), Siman (2004), Snyder (2007) e Soler (1999). Initially, a historical research about the History teaching was done at the Imperial Instituto dos Meninos Cegos, a nineteenth century school that founded the bases in Brazil for teaching people with visual impairment, focusing on the use of images for teaching. Subsequently, there was a reflection about the possibilities involving the image lecture in the History teaching area and the theories that involve the multisensorial approach of teaching to blind students, under the conceptions of body and perception in Merleau-Ponty (1999). Besides the bibliographic review, this research has a qualitative approach and also includes a field research that allowed us to know pedagogical practices with the use of iconography by History teachers who teach students of the 7th year of elementary school. The field research was based on classroom observations and semi-structured interviews with History teachers and teachers from the Atendimento Educacional Especializado that give classes to blind students enrolled in the 7th year of elementary school in two public schools from São Paulo. In addition, there was also an inclusive pedagogical intervention, in partnership with the History teachers of these schools, which involved the use and analysis of iconography as a historical documentation and didactic resource for the subject. The collected data were analyzed by using the theoretical frameworks of Bardin (2009). Finally, this work aims to reflect and point out possibilities of History teaching guided in a multisensory approach and based on the phenomenology of Merleau-Ponty (1999), which allow students with visual impairments to develop a better analysis of iconography.
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