Uso clínico da posturografia estática na avaliação de idosos caidores da comunidade

Introdução: Recorrência de quedas está presente em 50% dos casos de idosos caidores, fato que sinaliza piores desfechos na saúde dessa população. Daí a relevância dos fatores associados aos eventos recorrentes: se bem entendidos, eles podem conferir maior objetividade às avaliações de riscos e,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Kelem de Negreiros Cabral
Other Authors: Wilson Jacob Filho
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-05052016-121939/
Description
Summary:Introdução: Recorrência de quedas está presente em 50% dos casos de idosos caidores, fato que sinaliza piores desfechos na saúde dessa população. Daí a relevância dos fatores associados aos eventos recorrentes: se bem entendidos, eles podem conferir maior objetividade às avaliações de riscos e, consequentemente, produzir uma melhor correspondência entre as intervenções propostas e as reais necessidades dessa população. Objetivo: Investigar se a posturografia - uma das propostas de avaliação de risco de quedas -- adiciona à avaliação clínica a capacidade de discriminar a recorrência de quedas em idosos. Método: Estudo transversal, realizado no período de agosto de 2011 a novembro de 2012, com 124 idosos do Programa de Prevenção de Quedas em um hospital terciário na cidade de São Paulo. Foram avaliados dados sociodemográficos, clínicos e testes de performance como Timed Up and Go Test (TUGT), Velocidade de Marcha, Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale, BBS), teste do sentar e levantar, medo de cair (Falls Efficacy Scale International, FES-I) e sintomas depressivos (Escala de Depressão Geriátrica, EDG). A posturografia estática foi realizada por meio de plataforma de força em três diferentes situações: olhos abertos (OA), olhos fechados (OF) e OA com dupla tarefa. Resultados: Foram avaliados 124 sujeitos com idade entre 60 e 88 anos, sendo 35 caidores únicos e 89 caidores recorrentes. Houve diferença entre os grupos quanto ao relato de medo de cair (P= 0,01), sintomas depressivos (EDG) (P= 0,007), escala de eficácia em quedas - Internacional (FES-I) (P=0,01), consequência grave, como traumatismo cranioencefálico e fratura (P=0,002) e necessidade de ajuda para se levantar (P=0,007), sendo que essas duas últimas características são mais prevalentes no caidor único. A variável de amplitude média de deslocamento do centro de pressão (COP) no plano médio lateral (XSD) na condição de OF apresentou diferença entre grupos (P=0,011), assim como a velocidade média calculada pelo deslocamento total do COP em todas as direções (VAvg) na condição OA (P=0,014). Após regressão logística de forma hierárquica e adicionada à avaliação clínica, nenhuma variável da posturografia mostrou-se capaz de incrementar de forma significante o poder de diferenciação entre quedas recorrentes e únicas. No modelo final ajustado, sintomas depressivos (EDG) (P < 0,05), TUGT com distrator (P < 0,05) e BBS (P < 0,01) apresentaram poder preditivo significativo de forma independente. Conclusão: No que tange a discriminação da recorrência de quedas em idosos da comunidade, a posturografia realizada em diferentes situações (olhos abertos, olhos fechados e dupla tarefa) não agregou valor à avaliação clínica composta por dados sociodemográficos, variáveis clínicas e testes de performance === Introduction: The recurrence of falls has been present in 50% of cases of elderly fallers, which predicts bad health outcomes for this population. Thus, it is important to understand the factors associated with these recurrent events so that the risk assessments are objective and allow the proposed interventions to meet the real needs of this population. Objective: To investigate whether the posturography test adds to the clinical evaluation in the ability to discriminate the recurrence of falls in the elderly. Method: This cross sectional study was conducted from August 2011 to November 2012, with 124 elderly from a Falls Prevention Program at a tertiary level hospital in the city of São Paulo. Sociodemographic, clinical and functional testing such as the Timed Up and Go Test (TUGT), Speed Gait, Berg Balance Scale (BBS), five times sit-to-stand test, fear of falling (Falls Efficacy Scale - International, FES-I) and depressive symptoms (Geriatric Depressive Scale, GDS) were evaluated. The static postGDurography was performed by means of a force platform in three different situations: eyes open (EO), eyes closed (EC) and EO dual task. Results: 124 subjects aged 60 to 88 years were evaluated, consisting of 35 single fallers and 89 recurrent fallers. Differences were found among the groups in terms of the reported fear of falling (p= 0.010), depressive symptoms (GDS) (p=0.007), Falls Efficacy Scale - International, (FES-I) (p=0.010), serious consequences such as traumatic brain injury and fracture (p=0.002) and the need for help to stand up (p= 0.007); the two last characteristics were more prevalent in single fallers. The variable of mean amplitude of center of pressure displacement (COP) in the median lateral plane (XSD) in the EC condition was different among groups (p =0.011), as was the average speed calculated through the total displacement of the COP in all directions (VAvg) in the EO condition (p= 0.014). After hierarchical logistic regression added to clinical evaluation, no posturography variable was capable of significantly increase the power of differentiation between recurrent and single falls. In the final adjusted model, depressive symptoms (EDG) (P < 0.05), the TUGT with a distractor (P < 0.05) and the BBS (P < 0.01) presented significant independent predictive power. Conclusion: Posturography performed in different situations (eyes open, eyes closed and dual task) did not add value to clinical evaluation - consisting of sociodemographic data, clinical variables and functional tests - in discriminating the recurrence of falls in elderly individuals living in the community