Summary: | Este estudo trata da presença da paródia nos contos reunidos em Papéis avulsos (1882), de Machado de Assis. Por paródia entende-se, segundo M. Bakhtin, a representação da linguagem de outrem com orientação divergente; e, segundo L. Hutcheon, a repetição de um texto ou discurso com diferença irônica. O objetivo geral da pesquisa é compreender como a paródia pode ser um elemento fundamental na estruturação de quatro contos de Papéis avulsos. Os objetivos específicos são: verificar como Machado de Assis emprega as formas e os gêneros no âmbito dos quais se desenvolve a enunciação dos contos; averiguar como o uso de referências, citações, obras, idéias, discursos etc., servem ambígua e dialogicamente aos narradores e personagens dos contos; compreender como essa mobilização constante de diversas referências, discursos e linguagens colabora com a construção dos contos tanto no nível formal quanto no temático; verificar de que modo o uso da paródia pode ter outro significado para o autor, que, através de diversas estratégias de distanciamento, exercita sua ironia sobre questões de seu tempo e de seu espaço. Pretende-se mostrar que, em todos os contos analisados, os procedimentos paródicos utilizados estão a serviço da produção de um distanciamento crítico e irônico do autor e do leitor em relação a sua realidade.
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This study addresses the presence of parody in the short-stories gathered in Papéis avulsos (1882), of Machado de Assis. Parody is understood, according to M. Bakhtin, to be the representation of the language of others with a divergent orientation, and according L. Hutcheon, repetition of a text or speech with ironic difference. The general objective of the research is to understand how parody can be a key element in the structure of four short-stories of Papéis avulsos. The specific objectives are: to verify how Machado de Assis uses the forms and genres within which the narration of the short-stories develops; examine how the use of references, quotations, works, ideas, speeches etc., serve the narrators and characters of the stories with ambiguity; understand how this constant mobilization of different references, speech and language works on the construction of short-stories in terms both of form and theme; check how the use of parody may have another meaning for the author who, through various strategies of distancing, applies his irony to questions of his time and place. It is intended to show that in all of the stories examined, the use of parody serves to distance the author and the reader critically and ironically in relation to their reality.
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