Summary: | A hipertensão arterial pulmonar é uma síndrome clínica e hemodinâmica, caracterizada pelo aumento de resistência vascular na microcirculação. A vasoconstrição presente na doença ocorre principalmente devido à disfunção endotelial, induzindo a um estado pró-trombótico onde a participação das plaquetas é inequívoca. A trombina, principal agonista da ativação plaquetária, exerce seus efeitos nas células por meio de receptores ativados por proteases. Através da citometria de fluxo, este trabalho teve por objetivo analisar (1) a expressão do receptor ativado por protease do tipo 1 (PAR-1) na membrana de plaquetas, em seu estado íntegro ou clivado, (2) a atividade, mediante a formação de agregados entre plaquetas e leucócitos e, plaquetas e monócitos após estímulo de receptores ativados por proteases, além (3) da expressão de selectina-P na membrana plaquetária após estimulação. Foram estudados 30 pacientes portadores de hipertensão arterial pulmonar sob tratamento ambulatorial no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A idade destes pacientes variou de 11 a 78 anos, e a média da pressão sistólica da artéria pulmonar foi de 89+29 mmHg. Em 30% dos pacientes, o número de plaquetas esteve abaixo de 150x103/l, e em 40%, o nível do hematócrito apresentou-se acima de 50%. No presente estudo, não foi observada diferença significante na expressão do PAR-1 íntegro em plaquetas de pacientes comparativamente aos controles (p = 0,2). Em contrapartida, as plaquetas dos pacientes apresentaram menor quantidade de receptor clivado (p = 0,01), sugerindo internalização destes receptores. Com relação à avaliação da atividade de PAR-1 através da formação de agregados entre plaquetas e leucócitos e, plaquetas e monócitos após estimulação por agentes capazes de atuar sobre o receptor de trombina, não foram observadas diferenças entre pacientes e controles, ou seja, em ambos os casos houve a formação de agregados (p = 0,2 e p = 0,4, respectivamente). Em relação aos leucócitos, o SFLLRN, estimulou o receptor independentemente do seu estado, íntegro ou clivado, nos pacientes (p < 0,05), enquanto que nos indivíduos normais, a resposta só foi observada quando o receptor íntegro foi estimulado por trombina (p < 0,05). Tanto nos pacientes estudados, como nos controles, a estimulação do PAR-1 plaquetário, promoveu aumento da expressão de selectina-P na superfície plaquetária (p < 0,0001), embora não houvesse diferença entre os grupos (p = 0,9). Estes resultados demonstram que as plaquetas dos pacientes não são refratárias à liberação de seu conteúdo granular, e encontram-se aptas a responder aos estímulos tanto quanto as plaquetas dos controles. Este estudo reforça a importância da terapia antiplaquetária em pacientes com hipertensão arterial pulmonar.
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Pulmonary hypertension is a clinical and hemodynamic syndrome, characterized by the increase of vascular resistance in lungs, generally through various mechanisms, involving vasoconstriction and remodeling of the arterial wall. Endothelial dysfunction in pulmonary arterial hypertension leads to a prothrombotic status, in which platelet participation seems to be unequivocal. Thrombin is the most potent platelet activator and exerts its effects on cells, through protease-activated receptors. Flow cytometry procedure was employed to assess (1) platelet protease-activated receptor 1 (PAR-1) expression, in both uncleaved and cleaved forms, (2) PAR-1 activity, through platelet-leukocyte and platelet-monocyte aggregates formation in response to the thrombin receptor stimulus, and finally (3) platelet P-selectin expression after stimulus. Thirty patients with pulmonary arterial hypertension (age 11 to 78 years) under treatment at the Heart Institute, University of São Paulo were enrolled. The systolic pulmonary arterial pressure was 89+29 mmHg. The platelet count was < 150x103/l in 30% of the patients, and the hematocrit level was > 50% in 40% of the patients. In the present study, there was no relevant difference in the level of intact platelet protease-activated receptor 1 expression in patients and controls (p = 0.2). On the other hand, the expression of cleaved receptors was decreased in patients (p = 0.01) platelets, what suggests internalization. There was no difference on platelet-leukocyte, and platelet-monocyte aggregates in response to the thrombin receptor stimulus between patients and controls, in other words, in both cases there was the aggregates formation (p = 0.2). However, aggregates formation in patients appeared to occur predominately in response to an agent (SFLLRN) capable to stimulate the receptor, independent of its state, intact or cleaved (p < 0.05). Otherwise, in healthy individuals, the response occurred especially when the intact receptor was stimulated by thrombin (p < 0.05). In these patients, similarly to the controls, platelet protease-activated receptor 1 stimulation induced membrane P-selectin expression (p < 0.001), although there was no difference between the groups (p = 0.9). These findings suggest that platelets from patients are not refractory to its granular content secretion and are capable to respond to stimulus as the controls platelets. This study re-enforce the importance of anti platelet therapy in pulmonary arterial hypertension patients.
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