Sujeitos com câncer de próstata: gênero, sexualidade e cuidados com a saúde

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Full description

Bibliographic Details
Main Author: Lima, Fernanda de Azevedo
Other Authors: Amazonas, Maria Cristina Lopes de Almeida
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Católica de Pernambuco 2018
Subjects:
Sex
Online Access:http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1047
Description
Summary:Submitted by Biblioteca Central (biblioteca@unicap.br) on 2018-10-04T18:42:45Z No. of bitstreams: 2 fernanda_azevedo_lima.pdf: 2240991 bytes, checksum: bd47c577028df724ffa125f0575a331e (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) === Made available in DSpace on 2018-10-04T18:42:45Z (GMT). No. of bitstreams: 2 fernanda_azevedo_lima.pdf: 2240991 bytes, checksum: bd47c577028df724ffa125f0575a331e (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) Previous issue date: 2018-06-18 === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES === The purpose of this thesis was to problematize how men build subjectively with prostate cancer being crossed by different real discourses about masculinity. There for, a qualitative empirical research was carried out, with eleven subjects diagnosed with this type of cancer and using the urology services of two hospitals: a private one and a public one settled down in the city of Recife. Some ethnographic resources were used, from the following instruments: the Narrative Interview and the Field Diary. The results were analyzed through Foucault's Enunciative or his Discursive Analysis, which aims to understand a set of conditions of existence that make possible the construction of a datum phenomenon. This author problematized his objects of study, starting from the historical conditions in which they emerged and understood the subject as an inhabitant crossed by the relations of knowledge, power and the ethics of a historical moment. In this thesis, the concept of hegemonic masculinity was considered, holding it as a discourse, according to Foucault, who reckons it a set of knowledges that function as truths. The results of this study point to a thin line between subjection and resistance to the discourses that circulate in our society, in the way these men are constituted and in the positions of subject that they assume. When it comes to health care, our interviewees assume positions of subject dependent on their own women, crossed by speeches that it is from the "nature" of the woman to take care of husbands and children. On the other hand, the strong man's discourse is used to ground the position of male domination about the female. Speeches about what they are allowed to do to be considered "males" lead these men not wanting to perform the rectal examination. They narrate the fear that, in making such an examination, they become "familiarized", which is associated with homosexuality. However, the discourses that circulate in a certain society, and ours is no exception, are multiple and almost always contradictory. The presence of programs that encourage human health care, PNAISH and the Campaign Blue November Campaign, call men to self-monitoring, and configure control and power over their lives (biopower and biopolitics). These discourses emerge as imperatives in building a culture of health care and, thus, other seemingly contradictory subject positions are assumed, it is 'obligatory' to take care of health and to be healthy. In addition, when medical guidance is not engaging in sex, it leads them to a reductionist understanding of human sexuality; sex is understood only as intercourse. It indicates a vigilant, normalized and controlled sexuality, with "truths" imposed by diverse knowledge, without problematizing these discourses. Finally, it was found that, despite cancer, being culturally a stigmatized disease associated with death, it was possible for some of these men to resist, not only believing in the possibility of cure, but constructing other ways of existing, an aesthetics of existence. === O objetivo desta tese foi problematizar como os homens se subjetivam tendo câncer de próstata sendo atravessados por diferentes discursos de verdade sobre a masculinidade. Para isso, realizou-se uma pesquisa empírica qualitativa, com onze sujeitos diagnosticados com esse tipo de câncer e que estavam utilizando os serviços de urologia de dois hospitais: um particular e um da rede pública da cidade do Recife. Utilizaram-se alguns recursos etnográficos, a partir dos seguintes instrumentos: a Entrevista Narrativa e o Diário de Campo. Os resultados foram analisados por meio da Análise Enunciativa ou Discursiva de Foucault, a qual visa compreender um conjunto de condições de existência que possibilitam a construção de um dado fenômeno. Este autor problematizava seus objetos de estudo, a partir das condições históricas em que eles emergiam e compreendia o sujeito como habitante atravessado pelas relações de saber, poder e da ética de um momento histórico. Trabalhou-se, nesta tese, com o conceito de masculinidade hegemônica, considerando-a um discurso, de acordo com Foucault, que o considera um conjunto de saberes que funcionam como verdades. Os resultados deste estudo apontam para uma tênue linha entre sujeição e resistência aos discursos que circulam em nossa sociedade, no modo como estes homens se constituem e nas posições de sujeito que assumem. Quando se trata dos cuidados com a saúde, nossos entrevistados assumem posições de sujeito dependentes de suas mulheres, atravessados pelos discursos de que é da “natureza” da mulher cuidar de maridos e filhos. Por outro lado, o discurso do homem forte é usado para embasar a posição de dominação masculina sobre o feminino. Discursos sobre o que lhes é permitido fazer para serem considerados “machos”, levam estes homens a não querer realizar o exame de toque retal. Narram o receio de, ao fazer tal exame, ficarem “acostumados”, o que é associado à homossexualidade. Porém, os discursos que circulam em uma sociedade, e a nossa não é exceção, são múltiplos e quase sempre, contraditórios. A presença de programas que incentivam os cuidados com a saúde do homem, PNAISH e a Campanha Novembro Azul, convocam os homens à autovigilância, e configuram controle e poder sobre suas vidas (biopoder e biopolíticas). Estes discursos emergem como imperativos na construção de uma cultura de cuidados com a saúde e, desta forma, outras posições de sujeito, aparentemente contraditórias, são assumidas, é “obrigatório” cuidar da saúde e ser saudável. Além disso, quando a orientação médica é a de não praticar sexo, leva-os a um entendimento reducionista da sexualidade humana, sexo é entendido apenas como o coito. Isso aponta para uma sexualidade vigiada, normatizada e controlada, “verdades” impostas por saberes diversos, sem problematização desses discursos. Por fim, percebeu-se que, apesar do câncer ser, culturalmente, uma doença estigmatizada associada à morte, foi possível, para alguns desses homens, resistir, não somente acreditando na possibilidade de cura, mas construindo outros modos de existir, uma estética da existência mais própria.