Entre notícias e formulários policiais: uma análise da construção midiática de jovens vítimas de crimes violentos nos periódicos Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba

• Main Author: Aguiar, Tássio José Ponce de Leon
• Other Authors: Golzio, Derval Gomes
• Format: Others
• Language: Portuguese
• Published: Universidade Federal da Paraíba 2016
• Subjects: Construção midiática; Crime violento; Juventude; Valores-notícia; Análise de Conteúdo; Violent crimes; Youth; Content Analysis; News values; Media reports; CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::COMUNICACAO
• Online Access: http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/7923

Submitted by Clebson Anjos ([e-mail]) on 2016-03-01T18:44:25Z No. of bitstreams: 1 arquivototal.pdf: 2946161 bytes, checksum: 58605522d1981f58123f375eca5ce49b (MD5) === Made available in DSpace on 2016-03-01T18:44:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1 arquivototal.pdf: 2946161 bytes, checksum: 58605522d1981f58123f375eca5ce49b (MD5) Previous issue date: 2015-08-26 === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES === This research analyzed how newspapers Correio da Paraíba and Jornal da Paraíba reported news about young adults who were victims of violent crimes, in Cidades and Últimas sections, throughout a sample of 2014. The objective was to identify the meaning behind the choices made by both media, verifying aspects as the importance given to this kind of article, the published content’s diversity, the sources heard by the reporters, the news character, as well as the perceptions regarding youth, criminality and the individuals judged as deviants. The Content Analysis was the method chosen because it can identify the news tendencies, turning the raw data (like texts and images) into clear and justified statistics. The quantitative aspect also makes it possible to have a qualitative analytical approach, evaluating the details observed through the frequencies. In order to do it all, authors from communication, sociology, anthropology and Content Analysis were essential, such as Cremilda Medina, Mauro Wolf, Mar de Fontcuberta, Émile Durkheim, Howard Becker, Roberto DaMatta, Pierre Bourdieu, Mario Margulis, Marcelo Urresti, Michel Foucault, Laurence Bardin and Heloiza Herscovitz, debating themes as news values, crime, deviation, violence, youth and the methodological viability. Achieving the goals of this research, it was verified that, in general, both media reported news similarly: there is no consensual vision about what being young is like, nor any differential because of how young the victims are; both newspapers focus on answering the journalistic lead paragraph (who did what, when, where, how and why), only describing the occurrences by what they heard from official sources; there is no photographs attached, nor any highlights on the covers of the gazettes; mostly, there isn’t almost any purposed reflections concerning what those reported cases mean beyond what it is stated. Therefore, the media reports follow a standard, as if the journalist only answered to mandatory questions in a form. This is why the victims could be exchanged among the reports without any need to make changes on news’ structures. It’s clear though that both newspapers have potential to get over this kind of bureaucracy related to the way the reports are written and go much further on their narratives, as seen in other news about different subjects. However, it’s believed that this situation is due to the fact that both media don’t think the victimization of young adults is newsworthy enough, but keep posting about them in order to reinforce their panoptic social surveillance. === Esta pesquisa analisou como são construídas as notícias sobre jovens vítimas de crimes violentos, nos cadernos de Cidades e Últimas dos jornais impressos Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba, durante uma amostra referente ao ano de 2014. O objetivo foi identificar o sentido provocado pelas escolhas feitas por ambos os periódicos, observando aspectos como a valoração atribuída a esse tipo de matéria, a diversidade de conteúdo publicado, as fontes ouvidas, o caráter do noticiário, bem como as percepções dos media sobre a juventude, a criminalidade e os indivíduos juridicamente desviantes. O método empregado foi a Análise de Conteúdo (AC), por permitir que fosse possível identificar as tendências de apresentação dos acontecimentos, transformando os dados brutos, como textos e imagens, em estatísticas claras e justificadas. O aspecto quantitativo possibilitou ainda uma abordagem de cunho qualitativo, em que se avaliaram os pormenores identificados através dos indicadores numéricos. Nessa trajetória, foram essenciais as contribuições de autores da comunicação, da sociologia, da antropologia e da AC, como Cremilda Medina, Mauro Wolf, Mar de Fontcuberta, Émile Durkheim, Howard Becker, Roberto DaMatta, Pierre Bourdieu, Mario Margulis, Marcelo Urresti, Michel Foucault, Laurence Bardin e Heloiza Herscovitz, discutindo temas como valores-notícia, crime, desvio, violência, juventude, além da viabilidade metodológica. Alcançando-se os objetivos propostos, verificou-se que, em geral, ambos os veículos estudados constroem o noticiário de forma bastante semelhante: sem que haja uma noção consensual sobre o que é ser jovem nem um peso maior por se tratar de vítimas nesse momento etário, priorizam o atendimento do lead jornalístico (quem fez o que, quando, onde, como e por que), limitam-se à descrição das ocorrências a partir de fontes oficiais, não acompanham fotografias, não recebem destaque na capa e, sobretudo, não problematizam o que aqueles casos específicos representam. Assim, a construção midiática segue um padrão, como se o jornalista apenas respondesse a questões exigidas em um formulário, de modo que as vítimas poderiam intercambiar-se nas matérias, sem que fossem necessárias alterações na estrutura noticiosa. Constatou-se, porém, que os veículos têm potencial de ir além da informação burocrática, como se vê em notícias sobre assuntos diversos. Leva-se a crer que essa formularização se deve ao fato de os periódicos não verem o tema com grande valor-notícia, mas continuam a publicá-lo, para reforçar sua vigilância panóptica sobre o seio social.