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Previous issue date: 2006 === Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) === Introdução: Define-se como infecção oculta pelo vírus da hepatite B (HBV) a detecção
de HBV-DNA no soro ou tecido hepático de pacientes com HBsAg negativo. Estudos
sugerem que portadores do vírus da hepatite C (HCV) com esta infecção exibem
fibrose hepática mais extensa, pior resposta ao tratamento com interferon alfa e maior
risco de desenvolvimento de hepatocarcinoma. Achados similares foram descritos em
portadores de HCV com marcadores de infecção prévia pelo HBV (anti-HBc positivo,
com ou sem anti-HBs), independentemente da detecção de HBV-DNA. Entretanto, tais
estudos não exerceram controle adequado para variáveis associadas à progressão da
fibrose na hepatite C, como tempo de infecção, etilismo e idade no momento da
infecção. Objetivos: Determinar a prevalência e o impacto da infecção oculta e da
infecção prévia pelo HBV nas características clínicas, bioquímicas, virológicas e
histológicas de portadores de infecção crônica pelo HCV. Material e Métodos: Estudo
caso-controle que avaliou pacientes não-etilistas com HBsAg e anti-HIV negativos e
HCV-RNA positivo. Todos os casos possuíam exposição parenteral como provável
modo de contaminação pelo HCV (antecedentes transfusionais ou drogadição).
Amostras séricas coletadas em intervalo de até 6 meses da biópsia hepática foram
submetidas à pesquisa de HBV-DNA por ensaio comercial baseado em PCR, com
limite de detecção de 103
cópias/mL (Amplicor HBV MONITOR® Test, Roche). A
classificação de METAVIR foi usada para análise histológica. Resultados: Cento e
onze pacientes foram incluídos, sendo 46% do gênero masculino e 82% com
transfusão prévia. As médias da idade na infecção e do tempo de infecção pelo HCV
foram de 25,5+12,4 e 21,9+6,5 anos, respectivamente. O anti-HBc foi positivo em 31
indivíduos (28%) e nenhuma amostra foi positiva para o HBV-DNA. Pacientes com antiHBc
positivo foram comparáveis aos com anti-HBc negativo com relação ao gênero,
idade na infecção pelo HCV, tempo de infecção, raça, modo de aquisição do HCV e
prevalência de descompensação hepática. A distribuição de genótipos do HCV foi
semelhante entre os dois grupos. Entretanto, indivíduos com anti-HBc positivo
mostraram níveis mais baixos de albumina (P = 0,001) e menor atividade de
protrombina (P = 0,046) e maiores níveis de ALT (P = 0,052), AST (P = 0,004) e GGT
(P = 0,010). Estes pacientes também demonstraram maior atividade histológica (P <
0,001), maior escore de fibrose hepática (P = 0,001) e taxa de progressão de fibrose
(TPF) mais rápida (P = 0.002) do que aqueles com anti-HBc negativo. Na análise
multivariada, ALT > 2 vezes o limite superior do normal (xLSN) (OR = 4,460; P =
0,002), GGT > 1,5 xLSN (OR = 7,582; P < 0,001) e anti-HBc positivo (OR = 4,009; P =
0,019) foram preditivos de atividade necroinflamatória moderada ou acentuada (A2/A3).
A positividade do anti-HBc (OR = 3,364; P = 0,017) e a aquisição do HCV após 30 anos
de idade (OR = 4,252; P = 0,002) foram independentemente associados à fibrose
significativa (F2/F3/F4). Os fatores associados à rápida progressão da fibrose, definida
como TPF > 0,133 unidade de fibrose/ano, foram idade na infecção > 30 anos (OR =
2,913; P = 0,033) e anti-HBc positivo (OR = 3,241; P = 0,015). O tempo esperado até o
surgimento de cirrose hepática foi de 26 anos (20 a 44 anos) para indivíduos anti-HBcpositivo
que se infectaram com o HCV com idade > 30 anos. Aqueles com anti-HBc
negativo contaminados com menos de 30 anos de idade desenvolveriam cirrose após
80 anos de infecção (60 a 93 anos) (P < 0,001). Conclusões: A infecção prévia pelo
HBV é encontrada em cerca de um terço dos portadores do HCV e pode exercer
impacto negativo sobre a história natural da infecção crônica pelo HCV. Este efeito
parece independer da presença da infecção oculta pelo HBV. === Background: Occult hepatitis B virus (HBV) infection is defined by the presence of
HBV-DNA by PCR in serum or liver tissue samples from HBsAg-negative individuals.
Recent reports suggest that hepatitis C virus (HCV) carriers who also harbor this silent
infection have more advanced liver fibrosis, reduced response to interferon, and
increased risk of developing hepatocellular carcinoma. Similar findings have been
described among chronic hepatitis C patients with serological markers of prior HBV
infection (anti-HBc positive, with or without anti-HBs), irrespective of HBV-DNA
detection. However, these studies have failed to appropriately control for factors known
to impact HCV-related fibrogenesis including duration of infection, alcohol abuse, and
age at infection. Aims: To assess the prevalence and impact of occult and previous
HBV infection on clinical, biochemical, virological and histological features in patients
with chronic hepatitis C from a liver clinic cohort. Methods: This case-control study
included non-alcoholic subjects whose sera tested negative for HBsAg and anti-HIV,
and positive for HCV-RNA. All patients had prior parenteral exposure as the probable
source of HCV infection (blood transfusions or IV drug use). Serum samples were
collected within 6 months of liver biopsy and were tested for HBV-DNA using a
commercial PCR assay with sensitivity of 103
copies/mL (Amplicor HBV MONITOR®
Test, Roche). METAVIR scoring system was applied for grading necroinflammatory
activity and staging fibrosis. Results: One hundred and eleven patients were evaluated.
Forty six percent were male and 82% reported past transfusion of blood derivates. The
mean age at infection and the estimated duration of infection were 25.5 + 12.4 and 21.9
+ 6.5 years, respectively. Thirty-one out of 111 patients (28%) tested positive for antiHBc.
HBV-DNA was not detected in any sample. There were no differences between
anti-HBc-positive and -negative patients concerning gender, age at infection, estimated
duration of infection, ethnicity, source of HCV infection, and prevalence of hepatic
decompensation. In addition, HCV genotyping distribution were not influenced by antiHBc
status. However, anti-HBc-positive patients showed lower albumin levels (P =
0.001), lower prothrombin activity (P = 0.046) and higher levels of ALT (P = 0.052), AST
(P = 0.004), and GGT (P = 0.010). These patients also showed higher histological
grading (P < 0.001) and staging scores (P = 0.001), and higher rate of fibrosis
progression (RFP) (P = 0.002) as compared to those who tested negative for anti-HBc.
By multivariate analysis, ALT > 2x upper limit of normal (ULN) (OR = 4.460; P = 0.002),
GGT > 1.5x ULN (OR = 7.582; P < 0.001) and anti-HBc-positivity (OR = 4.009; P =
0.019) were predictive of moderate to severe necroinflammatory activity (A2/A3). AntiHBc-positivity
(OR = 3.364; P = 0.017) and age at infection > 30 years (OR = 4.252; P =
0.002) were independently associated with significantly hepatic fibrosis (F2/F3/F4).
Likewise, independent predictors of rapid fibrosis progression, defined as a RFP >
0,133 fibrosis unit/year, were age at infection > 30 years (OR = 2.913; P = 0.033) and
anti-HBc-positivity (OR = 3.241; P = 0.015). The median duration from HCV infection to
cirrhosis was 26 years (20 to 44) in anti-HBc-positive patients who were infected with
HCV when older than 30 years. On the other hand, among anti-HBc-negative subjects
who acquired HCV before the age of 30, the expected time to cirrhosis was 80 years
(60 to 93) (P < 0,001). Conclusions: Previous HBV infection is common among HCVinfected
individuals and may exert a negative impact on the natural history of hepatitis C
virus infection. This effect seems to be independent of the presence of occult HBV
infection. === FAPESP: 2002/05260-6 === BV UNIFESP: Teses e dissertações
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