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Previous issue date: 2006 === Introdução: A doença por citomegalovírus é uma das principais e mais comuns complicações pós-transplante. A doença gastrointestinal é a doença invasiva mais freqüente, podendo acometer qualquer segmento do trato digestivo e está relacionada à hemorragia digestiva e perfuração intestinal diminuindo a sobrevida dos pacientes transplantados. No Brasil, até o momento, não há trabalhos publicados na literatura sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença gastrointestinal por citomegalovírus em transplantados renais. Além disso, não há estudos que avaliam sistematicamente a sensibilidade da antigenemia no diagnóstico desta doença. Objetivos: Estudar os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença do trato gastrointestinal por citomegalovírus após transplante renal e avaliar a sensibilidade da
antigenemia para CMV como método diagnóstico para a doença. Materiais e
Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo envolvendo pacientes transplantados renais
com sintomas gastrointestinais, Endoscopia Digestiva Alta e/ou Colonoscopia
evidenciando um ou mais dos seguintes achados: enantema difuso, erosões difusas ou
úlceras localizadas (múltiplas ou única) e biópsia de lesão do trato gastrointestinal com
presença de alterações histopatológicas e inclusões citomegálicas em células epiteliais
ou endoteliais. Foram incluídos os pacientes transplantados no período de 18 de
agosto de 1998 a 31 de agosto de 2005. Resultados: A taxa de incidência de doença
do trato gastrointestinal por citomegalovírus foi de 2,1%, sendo 1,3% em transplante de
doador vivo e 4,3% em transplante de doador cadáver (P=0,001). O período póstransplante
de ocorrência de doença foi variável, resultando em uma mediana de 66,5
dias (2,2 meses). Pacientes com doença primária, receptores de doador cadáver e
aqueles que fizeram uso de micofenolato e/ou tratamento de indução apresentaram
doença mais precoce. As regiões mais acometidas, em ordem decrescente de
freqüência, foram estômago, esôfago, duodeno e cólon. Em 13 pacientes (17,5%)
houve comprometimento de 2 ou mais locais. Vinte e três pacientes (31%)
apresentaram febre e, manifestações sistêmicas associadas, foram relatadas em
58,1% dos casos. Vinte e dois pacientes (29,7%) não apresentaram nenhum destes
sintomas. Leucopenia (leucócitos < 3.500/mm³) e plaquetopenia (plaquetas <
150.000/mm³) foram as alterações laboratoriais mais comuns, sendo evidenciadas
xiv
(associadas ou não) em 37 pacientes (50%). Antigenemia para CMV foi solicitada em
97,3% dos casos (72 pacientes) e resultou negativa em 33,3%. Comparando os
pacientes com antigenemia positiva e negativa, houve diferença significante em relação
à ocorrência de manifestações sistêmicas, sendo observada com menor freqüência no
grupo de pacientes com antigenemia negativa. Em análise univariada, doador cadáver,
doença primária, tratamento anti-rejeição e valor elevado de antigenemia foram
associados com doença recorrente. Complicações clínicas associadas à doença do
trato gastrointestinal por CMV, tais como hemorragias e perfuração visceral ocorreu em
16,2% dos pacientes. Um paciente evoluiu a óbito relacionado à doença, sendo 1,3% a
taxa de mortalidade atribuída neste grupo de pacientes durante o período do estudo.
Conclusões: O presente estudo reafirma o papel da doença como importante causa
de morbidade em pacientes transplantados renais. A antigenemia para citomegalovírus
foi um método limitado para o diagnóstico de doença do trato gastrointestinal, já que
uma porcentagem relevante dos pacientes apresentou exame negativo. Portanto, o
diagnóstico deve ser feito através da correlação entre os sinais e sintomas clínicos,
achados endoscópicos e histopatológicos compatíveis com a doença. Os resultados
obtidos podem sugerir alguns fatores de risco para doença do trato gastrointestinal, tais
como, transplante de doador cadáver, uso de micofenolato mofetil e tratamento de
indução ou para rejeição. Para a confirmação destes dados é necessário realização de
estudo utilizando grupo controle e análise multivariada. === Introduction: CMV disease is one of the most frequent complications following kidney transplantation. The gastrointestinal tract is the site most frequently affected, involving virtually any specific segment. Bleeding and/or intestinal perforation may occur, reducing both patient and graft survival. In Brazil, to our knowledge no study analyzing a large cohort of patients to study clinical and epidemiological aspects of CMV gastrointestinal disease has been yet published. Moreover, there are no studies that systematically evaluate the sensitivity of antigenemia in the diagnosis of CMV gastrointestinal disease. Objectives: To study the clinical and epidemiological aspects of CMV gastrointestinal disease in kidney transplant patients and to evaluate the
sensitivity of antigenemia as a diagnostic method in this setting. Patients and
Methods: We conducted a retrospective study comprising kidney transplant patients
with symptoms related to the gastrointestinal tract and a endoscopy/colonoscopy with
anatomic lesions (diffuse edema, erosions or ulcers) and a biopsy of the referred
lesions with histopathological findings showing typical CMV inclusions in endothelial and
epithelial cells. Patients transplanted between 18 August 1998 and 31 August 2005
were included. Results: the overall incidence of CMV disease was 2.1%, being 1.3% in
patients with a living donor and 4.3% with a deceased donor (p= 0.001). The disease
occurred a median of 66.5 days post-transplant. Patients with primary disease,
receptors of a deceased donor and those using mycophelolate mofetil (MMF) were
diagnosed earlier. The stomach was the most frequent site of disease followed by
esophagus, duodenum and colons. In three patients, more than one site was involved
(17.5%). Twenty three patients (31%) had fever and general symptoms were reported in
58.1% of the patients. Twenty two patients (29.7%) were asymptomatic. Leukopenia (<
3500 /mm3) and thrombocytopenia (< 150.000 mm3) were the most common
laboratorial findings, occurring associated or not in 37 patients (50%). Antigenemia was
requested for 72 patients (97.3%) and was negative in 33.3%. Comparing patients with
positive and negative antigenemia, there was a significant difference regarding
asymptomatic patients, more frequently observed in the negative group. Of 58 patients
with follow-up available, Disease recurrence was observed in 20.7%. In univariate
analysis, a deceased donor, primary disease, anti-rejection therapy and a higher
antigenemia value were significantly associated with disease recurrence. Clinical
complications associated to CMV gastrointestinal disease, such as bleeding and
visceral perforation occurred in 16.2% of all patients. One patient died as a direct
consequence of the disease leading to a 1.3% mortality rate. Conclusions: The
present study emphasizes the role of CMV gastrointestinal disease in post-transplant
morbidity in kidney transplant patients. Antigenemia was a limited tool for the diagnosis
of the disease, with a high percentage of antigenemia negative patients. Thus,
diagnosis should rely on combined clinical, endoscopic and histopathological
information. Some risk factor for CMV gastrointestinal disease, such as mycophenolate
mofetil , induction or anti-rejection therapy and the use of deceased donors are
suggested, but should rely on information using a control group with multivariate
analysis. === BV UNIFESP: Teses e dissertações
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