Doença do trato gastrointestinal por citomegalovírus apos transplante renal: aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais

Made available in DSpace on 2015-12-06T23:06:52Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2006 === Introdução: A doença por citomegalovírus é uma das principais e mais comuns complicações pós-transplante. A doença gastrointestinal é a doença invasiva mais freqüente, podendo acometer qualq...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Christ, Silvia Castro Caruso [UNIFESP]
Other Authors: Camargo, Luis Fernando Aranha [UNIFESP]
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 2015
Subjects:
Online Access:http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/21141
Description
Summary:Made available in DSpace on 2015-12-06T23:06:52Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2006 === Introdução: A doença por citomegalovírus é uma das principais e mais comuns complicações pós-transplante. A doença gastrointestinal é a doença invasiva mais freqüente, podendo acometer qualquer segmento do trato digestivo e está relacionada à hemorragia digestiva e perfuração intestinal diminuindo a sobrevida dos pacientes transplantados. No Brasil, até o momento, não há trabalhos publicados na literatura sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença gastrointestinal por citomegalovírus em transplantados renais. Além disso, não há estudos que avaliam sistematicamente a sensibilidade da antigenemia no diagnóstico desta doença. Objetivos: Estudar os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença do trato gastrointestinal por citomegalovírus após transplante renal e avaliar a sensibilidade da antigenemia para CMV como método diagnóstico para a doença. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo envolvendo pacientes transplantados renais com sintomas gastrointestinais, Endoscopia Digestiva Alta e/ou Colonoscopia evidenciando um ou mais dos seguintes achados: enantema difuso, erosões difusas ou úlceras localizadas (múltiplas ou única) e biópsia de lesão do trato gastrointestinal com presença de alterações histopatológicas e inclusões citomegálicas em células epiteliais ou endoteliais. Foram incluídos os pacientes transplantados no período de 18 de agosto de 1998 a 31 de agosto de 2005. Resultados: A taxa de incidência de doença do trato gastrointestinal por citomegalovírus foi de 2,1%, sendo 1,3% em transplante de doador vivo e 4,3% em transplante de doador cadáver (P=0,001). O período póstransplante de ocorrência de doença foi variável, resultando em uma mediana de 66,5 dias (2,2 meses). Pacientes com doença primária, receptores de doador cadáver e aqueles que fizeram uso de micofenolato e/ou tratamento de indução apresentaram doença mais precoce. As regiões mais acometidas, em ordem decrescente de freqüência, foram estômago, esôfago, duodeno e cólon. Em 13 pacientes (17,5%) houve comprometimento de 2 ou mais locais. Vinte e três pacientes (31%) apresentaram febre e, manifestações sistêmicas associadas, foram relatadas em 58,1% dos casos. Vinte e dois pacientes (29,7%) não apresentaram nenhum destes sintomas. Leucopenia (leucócitos < 3.500/mm³) e plaquetopenia (plaquetas < 150.000/mm³) foram as alterações laboratoriais mais comuns, sendo evidenciadas xiv (associadas ou não) em 37 pacientes (50%). Antigenemia para CMV foi solicitada em 97,3% dos casos (72 pacientes) e resultou negativa em 33,3%. Comparando os pacientes com antigenemia positiva e negativa, houve diferença significante em relação à ocorrência de manifestações sistêmicas, sendo observada com menor freqüência no grupo de pacientes com antigenemia negativa. Em análise univariada, doador cadáver, doença primária, tratamento anti-rejeição e valor elevado de antigenemia foram associados com doença recorrente. Complicações clínicas associadas à doença do trato gastrointestinal por CMV, tais como hemorragias e perfuração visceral ocorreu em 16,2% dos pacientes. Um paciente evoluiu a óbito relacionado à doença, sendo 1,3% a taxa de mortalidade atribuída neste grupo de pacientes durante o período do estudo. Conclusões: O presente estudo reafirma o papel da doença como importante causa de morbidade em pacientes transplantados renais. A antigenemia para citomegalovírus foi um método limitado para o diagnóstico de doença do trato gastrointestinal, já que uma porcentagem relevante dos pacientes apresentou exame negativo. Portanto, o diagnóstico deve ser feito através da correlação entre os sinais e sintomas clínicos, achados endoscópicos e histopatológicos compatíveis com a doença. Os resultados obtidos podem sugerir alguns fatores de risco para doença do trato gastrointestinal, tais como, transplante de doador cadáver, uso de micofenolato mofetil e tratamento de indução ou para rejeição. Para a confirmação destes dados é necessário realização de estudo utilizando grupo controle e análise multivariada. === Introduction: CMV disease is one of the most frequent complications following kidney transplantation. The gastrointestinal tract is the site most frequently affected, involving virtually any specific segment. Bleeding and/or intestinal perforation may occur, reducing both patient and graft survival. In Brazil, to our knowledge no study analyzing a large cohort of patients to study clinical and epidemiological aspects of CMV gastrointestinal disease has been yet published. Moreover, there are no studies that systematically evaluate the sensitivity of antigenemia in the diagnosis of CMV gastrointestinal disease. Objectives: To study the clinical and epidemiological aspects of CMV gastrointestinal disease in kidney transplant patients and to evaluate the sensitivity of antigenemia as a diagnostic method in this setting. Patients and Methods: We conducted a retrospective study comprising kidney transplant patients with symptoms related to the gastrointestinal tract and a endoscopy/colonoscopy with anatomic lesions (diffuse edema, erosions or ulcers) and a biopsy of the referred lesions with histopathological findings showing typical CMV inclusions in endothelial and epithelial cells. Patients transplanted between 18 August 1998 and 31 August 2005 were included. Results: the overall incidence of CMV disease was 2.1%, being 1.3% in patients with a living donor and 4.3% with a deceased donor (p= 0.001). The disease occurred a median of 66.5 days post-transplant. Patients with primary disease, receptors of a deceased donor and those using mycophelolate mofetil (MMF) were diagnosed earlier. The stomach was the most frequent site of disease followed by esophagus, duodenum and colons. In three patients, more than one site was involved (17.5%). Twenty three patients (31%) had fever and general symptoms were reported in 58.1% of the patients. Twenty two patients (29.7%) were asymptomatic. Leukopenia (< 3500 /mm3) and thrombocytopenia (< 150.000 mm3) were the most common laboratorial findings, occurring associated or not in 37 patients (50%). Antigenemia was requested for 72 patients (97.3%) and was negative in 33.3%. Comparing patients with positive and negative antigenemia, there was a significant difference regarding asymptomatic patients, more frequently observed in the negative group. Of 58 patients with follow-up available, Disease recurrence was observed in 20.7%. In univariate analysis, a deceased donor, primary disease, anti-rejection therapy and a higher antigenemia value were significantly associated with disease recurrence. Clinical complications associated to CMV gastrointestinal disease, such as bleeding and visceral perforation occurred in 16.2% of all patients. One patient died as a direct consequence of the disease leading to a 1.3% mortality rate. Conclusions: The present study emphasizes the role of CMV gastrointestinal disease in post-transplant morbidity in kidney transplant patients. Antigenemia was a limited tool for the diagnosis of the disease, with a high percentage of antigenemia negative patients. Thus, diagnosis should rely on combined clinical, endoscopic and histopathological information. Some risk factor for CMV gastrointestinal disease, such as mycophenolate mofetil , induction or anti-rejection therapy and the use of deceased donors are suggested, but should rely on information using a control group with multivariate analysis. === BV UNIFESP: Teses e dissertações