Ecologia de agrupamentos e interações agonisticas na borboleta Charis cadytis (Riodinidae)

Orientador: Woodruff Whitman Benson === Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia === Made available in DSpace on 2018-08-03T22:34:20Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Chaves_GabrielaWiedemann_D.pdf: 597947 bytes, checksum: 69694567d4696402e7352b6cad5d94e7 (MD5) Previo...

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Bibliographic Details
Main Author: Chaves, Gabriela Wiedemann
Other Authors: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Format: Others
Language:Portuguese
Published: [s.n.] 2004
Subjects:
Online Access:CHAVES, Gabriela Wiedemann. Ecologia de agrupamentos e interações agonisticas na borboleta Charis cadytis (Riodinidae). 2004. 105p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/316334>. Acesso em: 3 ago. 2018.
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Chaves, Gabriela Wiedemann
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Individualizávamos os machos usando spray de tinta ou marcas naturais e tirávamos fotos padronizadas para posterior medição. Filmávamos as interações nos agrupamentos de machos, para descrever e cronometrar os comportamentos posteriormente. As fêmeas raramente foram vistas; a abundância dos machos foi maior na época chuvosa, com pico em janeiro; e o período de atividades concentrado no horário mais quente do dia, seguindo o padrão esperado para Riodinidae. Os machos passam a maior parte do tempo interagindo entre si, o que sugere forte competição intrassexual. Identificamos 14 agrupamentos de machos, que apresentaram consistência de ocupação ao longo dos meses. Estes locais eram margens de trilha ensolarados, com vegetação primária e muito heterogênea, e representam arenas de encontro visitadas por fêmeas que lá encontram parceiros. Os machos dominantes defendiam pequenas áreas centrais da arena, enquanto outros permaneciam pousados na vegetação em porções periféricas, evitando contato com os demais. Nas interações entre machos classificamos três tipos bem evidentes de comportamentos: vôos de frente, perseguições e confrontos do tipo sumô. Os vôos de frente parecem ser semelhantes aos observados em outros riodinídeos. As perseguições são menos agressivas que os vôos acrobáticos apresentados por outros lepidópteros. Já os sumôs são interações que ocorrem com ambos os adversários pousados em uma folha. Nós analisamos 231 interações (seqüência de comportamentos entre o encontro e a separação), sendo o vôo de frente o comportamento em média mais curto, com 5 segundos, seguido pela perseguição com 15 segundos e o sumô o mais longo, com 22 segundos. O vôo de frente é o comportamento que mais iniciou interações (58%), e a maior parte destas (71%) se encerraram apenas com este comportamento. As perseguições iniciaram algumas interações (38%), mas foram o comportamento mais freqüente durante as interações (46%). Os sumôs ocorrem principalmente entre perseguições. Comparando diferença de tamanho entre machos que fizeram apenas vôos de frente, aqueles que também fizeram perseguições, e os que fizeram os três comportamentos, observamos que cada classe é composta de duplas com tamanho progressivamente mais semelhante. Os menores indivíduos vencem os conflitos. Havia indivíduos que evitavam interagir, colocando-se perifericamente na arena, provavelmente se posicionando próximo a machos dominantes para assim tentar interceptar alguma fêmea, podendo ser considerados satélites, estratégia esta nunca reportada para borboletas. O tempo médio de permanência foi de seis dias e a principal razão para um macho sumir da área parece ser sua morte durante chuvas fortes. As interações entre residentes (indivíduos que permaneceram na área após o dia da marcação, dominantes ou submissos) apresentaram os três tipos de comportamentos enquanto as entre residentes e não residentes (que só foram vistos no dia da marcação) apenas vôos de frente e perseguições. As diferenças de tamanho entre residentes eram menores que as diferenças de tamanho observadas entre residentes e não residentes, e os residentes sempre eram menores que os não residentes. Os agrupamentos de machos de C. cadytis se encaixam nos critérios de lek, como o local de encontro onde machos podem ocupar pequenos territórios e ficar a espera de fêmeas. Os menores machos ocupam posições privilegiadas. Os comportamentos nada convencionais para borboletas apresentados pelos machos de C. cadytis e a organização em lek com satélites tornam esta espécie muito singular no contexto da ecologia reprodutiva de borboletas === Abstract: Males of the butterfly Charis cadytis form clusters along the margins of humid forest trails, where males interact exhibiting distinctive behaviors hitherto unknown in butterflies. The goal of the present study is to record basic demographic information on the species and to describe in detail the behavioral interactions between males. Observations were conducted from October 2001 to June 2002 in the Serra do Japi, Jundiaí, SP, Brazil. Monthly observations consisted of recording all behavioral interactions along 3.5 km transects, which were repeated 2-4 times each day. Butterflies were identified using ink spray or natural marks, and their size estimated through photographic methods. All interactions were recorded on video to describe and determine the duration of each behavioral act. Males were more common during rainy season, peaking in January, being more active during hottest hours, consistent with the usual Riodinidae pattern. Females were rarely seen, regardless of season. Males spent most of their time interacting with one other, suggesting strong intrasexual competition. We established 14 male clusters, which where present consistently over several months. Male clusters were often found in sunny patches of trail borders. Dominant males guarded small central areas in these arenas, while other males stayed in the surrounding vegetation avoiding interaction. We categorized 3 distinct behaviors in these interactions: frontal flight, pursuits and ¿sumo-like¿ combats. The frontal flight seems to be similar in other Riodinidae and the pursuits are less aggressive that other butterfly acrobatic flights, whereas in the sumo combat the adversaries fought while standing on the same leaf. We analyzed 231 interactions (behavioral sequences between meeting and breaking apart). Frontal flights are the shortest behavior, averaging 5 seconds; pursuits averaged 15 seconds and the sumo combats were the longest with 22 seconds. Interactions usually began with frontal flights (58%), of which 71% ended exhibiting only this behavior. Although pursuits started some interactions (38%) they were the main behavior within the interactions (46%). Sumo combats took place mainly between pursuits. The diminishing size differences between males that presented only frontal flights with the ones that have also performed pursuits and the males that exhibited the 3 behaviors, suggests that escalation in combats is associated with small differences in body size between males. Smaller males win the combats. Average tenure for a male territory was 6 days, with territory loss probably due to death during heavy rains. Interactions between resident males (the ones that endured in the arena after the identification day) showed the 3 behaviors although interactions between resident and non-resident males (only seen in the identification day) showed only frontal flight and pursuit. The size differences between residents were smaller than between residents and non-residents and residents were always smaller. Dominant males seem to be smaller. Clusters of Charis cadytis males match with the lek definition as a place where males can occupy small territories and wait for females. Peripheral males which avoid interactions with dominant males might seek to intercept females searching and therefore might be a case of satellite behavior, which would be a new strategy in butterflies. The unusual male behavior and its lek with satellites make this species extraordinary to the study of butterfly reproductive ecology === Doutorado === Ecologia === Doutor em Ciências Biológicas
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Objetivamos neste estudo obter tanto informações básicas da população destas borboletas, como elucidar a natureza das interações vistas entre machos e como estas contribuem para a organização dos agrupamentos. Este estudo foi realizado em visitas mensais de outubro de 2001 a junho de 2002 quando realizávamos 2 a 4 transectos diários de 3,5 km. Individualizávamos os machos usando spray de tinta ou marcas naturais e tirávamos fotos padronizadas para posterior medição. Filmávamos as interações nos agrupamentos de machos, para descrever e cronometrar os comportamentos posteriormente. As fêmeas raramente foram vistas; a abundância dos machos foi maior na época chuvosa, com pico em janeiro; e o período de atividades concentrado no horário mais quente do dia, seguindo o padrão esperado para Riodinidae. Os machos passam a maior parte do tempo interagindo entre si, o que sugere forte competição intrassexual. Identificamos 14 agrupamentos de machos, que apresentaram consistência de ocupação ao longo dos meses. Estes locais eram margens de trilha ensolarados, com vegetação primária e muito heterogênea, e representam arenas de encontro visitadas por fêmeas que lá encontram parceiros. Os machos dominantes defendiam pequenas áreas centrais da arena, enquanto outros permaneciam pousados na vegetação em porções periféricas, evitando contato com os demais. Nas interações entre machos classificamos três tipos bem evidentes de comportamentos: vôos de frente, perseguições e confrontos do tipo sumô. Os vôos de frente parecem ser semelhantes aos observados em outros riodinídeos. As perseguições são menos agressivas que os vôos acrobáticos apresentados por outros lepidópteros. Já os sumôs são interações que ocorrem com ambos os adversários pousados em uma folha. Nós analisamos 231 interações (seqüência de comportamentos entre o encontro e a separação), sendo o vôo de frente o comportamento em média mais curto, com 5 segundos, seguido pela perseguição com 15 segundos e o sumô o mais longo, com 22 segundos. O vôo de frente é o comportamento que mais iniciou interações (58%), e a maior parte destas (71%) se encerraram apenas com este comportamento. As perseguições iniciaram algumas interações (38%), mas foram o comportamento mais freqüente durante as interações (46%). Os sumôs ocorrem principalmente entre perseguições. Comparando diferença de tamanho entre machos que fizeram apenas vôos de frente, aqueles que também fizeram perseguições, e os que fizeram os três comportamentos, observamos que cada classe é composta de duplas com tamanho progressivamente mais semelhante. Os menores indivíduos vencem os conflitos. Havia indivíduos que evitavam interagir, colocando-se perifericamente na arena, provavelmente se posicionando próximo a machos dominantes para assim tentar interceptar alguma fêmea, podendo ser considerados satélites, estratégia esta nunca reportada para borboletas. O tempo médio de permanência foi de seis dias e a principal razão para um macho sumir da área parece ser sua morte durante chuvas fortes. As interações entre residentes (indivíduos que permaneceram na área após o dia da marcação, dominantes ou submissos) apresentaram os três tipos de comportamentos enquanto as entre residentes e não residentes (que só foram vistos no dia da marcação) apenas vôos de frente e perseguições. As diferenças de tamanho entre residentes eram menores que as diferenças de tamanho observadas entre residentes e não residentes, e os residentes sempre eram menores que os não residentes. Os agrupamentos de machos de C. cadytis se encaixam nos critérios de lek, como o local de encontro onde machos podem ocupar pequenos territórios e ficar a espera de fêmeas. Os menores machos ocupam posições privilegiadas. Os comportamentos nada convencionais para borboletas apresentados pelos machos de C. cadytis e a organização em lek com satélites tornam esta espécie muito singular no contexto da ecologia reprodutiva de borboletas Abstract: Males of the butterfly Charis cadytis form clusters along the margins of humid forest trails, where males interact exhibiting distinctive behaviors hitherto unknown in butterflies. The goal of the present study is to record basic demographic information on the species and to describe in detail the behavioral interactions between males. Observations were conducted from October 2001 to June 2002 in the Serra do Japi, Jundiaí, SP, Brazil. Monthly observations consisted of recording all behavioral interactions along 3.5 km transects, which were repeated 2-4 times each day. Butterflies were identified using ink spray or natural marks, and their size estimated through photographic methods. All interactions were recorded on video to describe and determine the duration of each behavioral act. Males were more common during rainy season, peaking in January, being more active during hottest hours, consistent with the usual Riodinidae pattern. Females were rarely seen, regardless of season. Males spent most of their time interacting with one other, suggesting strong intrasexual competition. We established 14 male clusters, which where present consistently over several months. Male clusters were often found in sunny patches of trail borders. Dominant males guarded small central areas in these arenas, while other males stayed in the surrounding vegetation avoiding interaction. We categorized 3 distinct behaviors in these interactions: frontal flight, pursuits and ¿sumo-like¿ combats. The frontal flight seems to be similar in other Riodinidae and the pursuits are less aggressive that other butterfly acrobatic flights, whereas in the sumo combat the adversaries fought while standing on the same leaf. We analyzed 231 interactions (behavioral sequences between meeting and breaking apart). Frontal flights are the shortest behavior, averaging 5 seconds; pursuits averaged 15 seconds and the sumo combats were the longest with 22 seconds. Interactions usually began with frontal flights (58%), of which 71% ended exhibiting only this behavior. Although pursuits started some interactions (38%) they were the main behavior within the interactions (46%). Sumo combats took place mainly between pursuits. The diminishing size differences between males that presented only frontal flights with the ones that have also performed pursuits and the males that exhibited the 3 behaviors, suggests that escalation in combats is associated with small differences in body size between males. Smaller males win the combats. Average tenure for a male territory was 6 days, with territory loss probably due to death during heavy rains. Interactions between resident males (the ones that endured in the arena after the identification day) showed the 3 behaviors although interactions between resident and non-resident males (only seen in the identification day) showed only frontal flight and pursuit. The size differences between residents were smaller than between residents and non-residents and residents were always smaller. Dominant males seem to be smaller. Clusters of Charis cadytis males match with the lek definition as a place where males can occupy small territories and wait for females. Peripheral males which avoid interactions with dominant males might seek to intercept females searching and therefore might be a case of satellite behavior, which would be a new strategy in butterflies. The unusual male behavior and its lek with satellites make this species extraordinary to the study of butterfly reproductive ecology Doutorado Ecologia Doutor em Ciências Biológicas 2004 2018-08-03T22:34:20Z 2018-08-03T22:34:20Z 2004-05-14T00:00:00Z info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis CHAVES, Gabriela Wiedemann. Ecologia de agrupamentos e interações agonisticas na borboleta Charis cadytis (Riodinidae). 2004. 105p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/316334>. 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