Para além da "apropriação" : disputa entre racionalidades e construção de novos códigos técnicos em uma experiência de tecnologia social
Orientador: Renato Peixoto Dagnino === Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências === Made available in DSpace on 2018-08-25T01:58:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Jesus_VanessaMariaBritode_D.pdf: 4049938 bytes, checksum: 265dfd46b6a7e420400e232b6653ed19 (MD5) Pr...
Summary: | Orientador: Renato Peixoto Dagnino === Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências === Made available in DSpace on 2018-08-25T01:58:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Jesus_VanessaMariaBritode_D.pdf: 4049938 bytes, checksum: 265dfd46b6a7e420400e232b6653ed19 (MD5)
Previous issue date: 2014 === Resumo: O objetivo desta tese é analisar como uma Tecnologia Social (TS) é mediada pelo o que identificamos como uma "contradição epistemológica" entre racionalidades, isto é, uma contradição entre o modo como a política pública entende TS, como é reproduzida por agências de capacitação profissional e o como é vivenciada por agricultores familiares. Para tal, tomamos como referência o Sistema Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (SPAIS) que ganhou escala no período 2005 a 2012 e que alia "soluções de curto prazo em grande escala" para um problema historicamente mal resolvido no Brasil: a pobreza e êxodo rural. Esse sistema integra um conjunto de ações intersetoriais voltadas para a inclusão social produtiva e se alinha às ações previstas pelos programas do governo federal desde 2002. Partindo da percepção da pesquisadora, que compreende que esses grupos sociais são influenciados ¿ em maior ou menor grau ¿ por uma racionalidade tecnocientífica, isto é, com um modo de pensar e agir orientado pela exacerbação do valor mercantil outorgado à tecnociência, verificou-se uma contradição em torno de três categorias principais de divergência epistêmica: 1) utilização do termo tecnologia social, que no plano teórico compartilha absolutamente nada com a racionalidade tecnocientífica que orienta esta política pública, 2) o conceito de Agroecologia, que se opõe radicalmente ao modelo de desenvolvimento rural reproduzido no país e, 3) uma prática social agrícola que não se relaciona com essas perspectivas. A luz dos aportes teóricos da Abordagem Sociotécnica e Filosofia da Tecnologia, averiguamos por meio da pesquisa de campo que três aspectos interpenetraram a interação entre o técnico e os agricultores, mediando a TS: cultura como "desorganizadora" da normatização, a regionalidade como facilitadora da interação técnico/agricultor e a intersubjetividade como fator constituinte da apropriação da tecnologia pelo agricultor. Esses elementos anulam a perspectiva da pesquisadora, pois a racionalidade tecnocientífica exerce nenhuma influência sobre os agricultores, que são orientados mais pelo critério de "manutenção da vida" (alimento e saúde) do que qualquer outro critério. Ocorre o fenômeno de subversão da TS, que é ressignificada ao ponto de tornar-se uma outra tecnologia, que não a reaplicada inicialmente. Este fenômeno influi na "dissolução" da contradição epistemológica, pois, ao adentrar o mundo da vida dos agricultores, é esvaziada por processos de ressignificação e intersubjetividade, gerando códigos técnicos próprios, que permitem ao agricultor se apropriar da tecnologia, para além de qualquer tipo de "disputa" entre racionalidades === Abstract: This thesis analyzes the ways in which Social Technology (ST) is mediated by what is identified here as an "epistemological contradiction" between rationalities, that is, a contradiction between how public policy understands ST, as it is reproduced by expertise, and how ST are experienced by family-based farmers. The ST at the center of the analysis is known as "Agroecological, Integrated and Sustainable Production System" (SPAIS, in Portuguese). It combines "short-term solutions on a large scale" for a historically unresolved problem in Brazil: poverty and rural exodus. This system integrates a set of intersectoral actions in the field of productive social inclusion and aligns the actions planned by federal government programs since 2002. Assuming that social groups are influenced ¿ in varying degrees ¿ by a techno-scientific rationality, that is, a way of thinking and acting driven by the exacerbation of market values, a contradiction is established based on three main categories of epistemic divergence: 1) use of the term "social technology", which theoretically shares absolutely nothing with the techno-scientific rationality that guides this policy; 2) the concept of Agroecology, which is radically opposed to the rural development model in the country; and 3) an agricultural social practice that is not related to these perspectives. In light of the theoretical contributions of the Sociotechnical Approach (Social Construction of Technology?) and the Philosophy of Technology, the fieldwork presented here examines three aspects of the interaction between expert knowledge and the farmers: culture as the "disruption" of normalization, regionality as a facilitator of expertise/farmer interaction, and intersubjectivity as a constituent factor of the appropriation of technology by farmers. These elements evidence the way techno-scientific rationality exerts no influence on farmers, whose practices are geared more towards "sustaining life" (food and health). Additionally, the thesis identifies the way ST are subverted and re-signified. However, this phenomenon does not resolve the contradiction noted above, which is only "dissolved", since intersubjectivity allows farmers to appropriate technology through the establishment of their own "technical code" that originates from processes of re-signification of the ST as a whole === Doutorado === Politica Cientifica e Tecnologica === Doutora em Política Científica e Tecnológica |
---|