Da busca pela natureza aos ambientes artificiais : reflexões sobre a escalada esportiva
Orientador : Heloisa Turini Bruhns === Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Fisica === Made available in DSpace on 2018-07-27T23:36:35Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Marinho_Alcyane_M.pdf: 7526716 bytes, checksum: 2d610491ff69883a595e8d0f0c13daa0 (MD5) Pr...
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Educação física Alpinismo Lazer Antropologia urbana Tecnologia Amizade Marinho, Alcyane Da busca pela natureza aos ambientes artificiais : reflexões sobre a escalada esportiva |
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Orientador : Heloisa Turini Bruhns === Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Fisica === Made available in DSpace on 2018-07-27T23:36:35Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2001 === Resumo: Investigar as relações estabelecidas na escalada esportiva em ambientes artificiais foi o objetivo deste estudo, tendo como ponto de partida para a análise o muro de escalada do GEEU (Grupo de Escalada Esportiva da Unicamp), localizado na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Esta pesquisa refere-se a uma investigação na área de estudos do lazer privilegiando uma abordagem sociocultural, respaldada no referencial da análise cultural proposta por Geertz (1989). A natureza desta pesquisa é qualitativa e foi desenvolvida, complementarmente, entre pesquisa bibliográfica e pesquisa empírica, com a utilização de entrevistas semi-estruturadas e de observação participante como recursos para obtenção dos dados. Foi possível detectar a existência de uma sociabilidade urbana no muro de escalada. Os membros do grupo se organizam, tentando conciliar estudos, escaladas e todas as atividades diárias, mantendo relações afetivas e dando sentido ao muro - lugar comum entre eles. Isso os diferencia e os toma singulares. Esses ambientes artificiais surgem como formas de conquista de espaços, tratando-se de uma opção de escolha por um tipo de comportamento próprio de uma camada social. Os vínculos, as relações de amizade, aí estabelecidos, são mais fortalecidos e duradouros, justamente pela relação mais direta estabelecida com a prática e com os outros escaladores. O GEEU, assim como outros grupos de escalada urbana que se formam, a cada dia, faz parte de um movimento de resistência frente ao processo de racionalização e à desordem das cidades, manifestando inovação e criatividade, preservando e promovendo a sociabilidade, como reação ao individualismo. Na dinâmica do muro de escalada, os corpos escaladores manifestaram inúmeras expressões carregadas de sentidos, conduzindo a inúmeras interpretações. Os corpos escaladores mostraram que o mesmo corpo que é supervalorizado, repleto de sentidos narcisista e hedonista pode, também, ser notado não só por sua aparência, mas, da mesma forma, ser um lugar de sedução e fascínio, criando laços, celebrando prazer e criatividade, por intermédio de acordos estéticos. Os aspectos técnica e força, na escalada esportiva, são tão requisitados quanto leveza e delicadeza, independentemente do gênero. O corpo escalando, liberto em movimentações criativas, tensas, sublimes e sensíveis, repentinas ou planejadas, expressa sua subjetividade em um diálogo constante consigo mesmo, com outros corpos e com o aparato tecnológico. Este, por sua vez, apresenta-se como facilitador da prática, mediando o corpo e a atividade. A tecnologia, portanto, não é entendida apenas em seu aspecto funcional, mas também cultural, como uma lógica sensível aos fascínios, desejos e necessidades culturais. A aventura, nos muros artificiais de escalada, não se liga ao desconhecido e ao perigo, contrariamente a isso, é vivida com base nos acontecimentos anteriores e posteriores à atividade; seus limites são determinados com referência a eles, sob segurança calculada e completamente integrados ao cotidiano de tarefas, deveres e trabalhos acadêmicos dos escaladores. A experimentação lúdica do corpo, em suas formas genuínas, é bastante perceptível no muro, vivendo-se, com isso, novas emoções, dando diferente conotação às possibilidades de risco e perigo (praticamente inexistentes) e às sensações de prazer e medo. Apesar do tempo de lazer dos escaladores atrelar-se ao tempo das obrigações acadêmicas e do trabalho, a lógica dessas duas dimensões não estão igualmente marcadas pela produtividade e/ou rendimento. O muro não é uma mera etapa. Nele manifesta-se um ritual, permeado pela ética do grupo e expresso por seu caráter inclusivo. Foi possível notar que os comportamentos, gostos e estilos dos escaladores do GEEU fazem parte do contexto das inúmeras transformações na cultura urbana das grandes cidades de nossa contemporaneidade. Os muros de escalada, espalhados pelos diversos cantos da cidade, surgem nessa perspectiva: enquanto formas de inovação e expressão cultural contemporânea, solidificados por uma política de amizade === Abstract: This study has investigated the relationships established in the sporting climbing in artificial atmospheres, having as starting for the analysis the GEEU's (Group of Sporting Climbing from Unicamp) climbing wall, located at Physical Education Faculty at Campinas State University. It has emphasized a sociocultural approach in the area of leisure studies supported in the cultural analysis proposed by Geertz (1989). The nature of this research is qualitative and it was also developed semi-structured interviews and participant's observation as resources to obtaining the data. It was possible to detect the existence of an urban sociability in the climbing wall. The members of the group are organized by themselves, trying to reconcile studies, climbing and all the daily activities, maintaining affective relationship and giving meaning to the wall - a common place among them. All that differentiates them and turns them singular. These artificial places appear as forms of conquest spaces, being a choice option for a type of behavior from a social class. The bonds, the friendship relations are strengthened and durable, because of the direct relationship established with the practice and with the other climbers. GEEU, as well as other groups of urban climbing that are formed, every day, is part of a resistance movement to the rationalization process and to the cities disorder which manifests innovation and creativity, preserving and promoting the sociability, as a reaction to the individualism. In the dynamics of the climbing wall, the climbing bodies have manifested countless expressions loaded of senses, driving to countless interpretations. The climbing bodies have shown that the same body that is over-appraised, full of narcissist and hedonist senses can, also, be noticed not only for their appearance, but, in the same way, be a seduction and fascination place, creating liaisons, celebrating pleasure and creativity, through agreements. The technique and force aspects, in the sporting climbing, are as requested as lightness and delicacy, independently of the gender. The body climbing, sudden or planned motion, free in creative, tense, and sensitivity expresses movements its subjectivity in a constant dialogue with other bodies and with the technological apparatus, which in turn, comes as facilitator of the practice, mediating the body and the activity. Therefore the technology is not just understood in its functional aspect, but also cultural, as a logic sensible to the fascinations, desires and cultural needs. The adventure in the artificial walls of climbing has no relation unknown and the danger, but it is manifested in the previous and posterior events to the activity; its limits are determined by them, under calculated safety and completely integrated into the daily tasks, duties and the climbers' academic works. The pleasure experimentation of the body, in its genuine forms, is quite perceptible in the wall, making possible to live new emotions, giving different connotation to the risk possibilities and danger (practically nonexistent) and to the pleasure sensations and tear. In spite of the time of the climbers' leisure to harness to the time of the academic obligations and to the work, the logic of those two dimensions is not equally marked by the productivity and/or revenue. The wall is not a mere stage. There is manifested a ritual permeated by the ethics of the group and expressed for its inclusive character. It was possible to notice that the behaviors, tastes and styles of GEEU climbers are part of the context of the countless transformations of modern great cities urban culture. The climbing walls, spread in the severa I corners of the city, appear in this perspective: innovation forms and contemporary cultural expression, solidified by friendship politics === Mestrado === Mestre em Educação Física |
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Esta pesquisa refere-se a uma investigação na área de estudos do lazer privilegiando uma abordagem sociocultural, respaldada no referencial da análise cultural proposta por Geertz (1989). A natureza desta pesquisa é qualitativa e foi desenvolvida, complementarmente, entre pesquisa bibliográfica e pesquisa empírica, com a utilização de entrevistas semi-estruturadas e de observação participante como recursos para obtenção dos dados. Foi possível detectar a existência de uma sociabilidade urbana no muro de escalada. Os membros do grupo se organizam, tentando conciliar estudos, escaladas e todas as atividades diárias, mantendo relações afetivas e dando sentido ao muro - lugar comum entre eles. Isso os diferencia e os toma singulares. Esses ambientes artificiais surgem como formas de conquista de espaços, tratando-se de uma opção de escolha por um tipo de comportamento próprio de uma camada social. Os vínculos, as relações de amizade, aí estabelecidos, são mais fortalecidos e duradouros, justamente pela relação mais direta estabelecida com a prática e com os outros escaladores. O GEEU, assim como outros grupos de escalada urbana que se formam, a cada dia, faz parte de um movimento de resistência frente ao processo de racionalização e à desordem das cidades, manifestando inovação e criatividade, preservando e promovendo a sociabilidade, como reação ao individualismo. Na dinâmica do muro de escalada, os corpos escaladores manifestaram inúmeras expressões carregadas de sentidos, conduzindo a inúmeras interpretações. Os corpos escaladores mostraram que o mesmo corpo que é supervalorizado, repleto de sentidos narcisista e hedonista pode, também, ser notado não só por sua aparência, mas, da mesma forma, ser um lugar de sedução e fascínio, criando laços, celebrando prazer e criatividade, por intermédio de acordos estéticos. Os aspectos técnica e força, na escalada esportiva, são tão requisitados quanto leveza e delicadeza, independentemente do gênero. O corpo escalando, liberto em movimentações criativas, tensas, sublimes e sensíveis, repentinas ou planejadas, expressa sua subjetividade em um diálogo constante consigo mesmo, com outros corpos e com o aparato tecnológico. Este, por sua vez, apresenta-se como facilitador da prática, mediando o corpo e a atividade. A tecnologia, portanto, não é entendida apenas em seu aspecto funcional, mas também cultural, como uma lógica sensível aos fascínios, desejos e necessidades culturais. A aventura, nos muros artificiais de escalada, não se liga ao desconhecido e ao perigo, contrariamente a isso, é vivida com base nos acontecimentos anteriores e posteriores à atividade; seus limites são determinados com referência a eles, sob segurança calculada e completamente integrados ao cotidiano de tarefas, deveres e trabalhos acadêmicos dos escaladores. A experimentação lúdica do corpo, em suas formas genuínas, é bastante perceptível no muro, vivendo-se, com isso, novas emoções, dando diferente conotação às possibilidades de risco e perigo (praticamente inexistentes) e às sensações de prazer e medo. Apesar do tempo de lazer dos escaladores atrelar-se ao tempo das obrigações acadêmicas e do trabalho, a lógica dessas duas dimensões não estão igualmente marcadas pela produtividade e/ou rendimento. O muro não é uma mera etapa. Nele manifesta-se um ritual, permeado pela ética do grupo e expresso por seu caráter inclusivo. Foi possível notar que os comportamentos, gostos e estilos dos escaladores do GEEU fazem parte do contexto das inúmeras transformações na cultura urbana das grandes cidades de nossa contemporaneidade. Os muros de escalada, espalhados pelos diversos cantos da cidade, surgem nessa perspectiva: enquanto formas de inovação e expressão cultural contemporânea, solidificados por uma política de amizade Abstract: This study has investigated the relationships established in the sporting climbing in artificial atmospheres, having as starting for the analysis the GEEU's (Group of Sporting Climbing from Unicamp) climbing wall, located at Physical Education Faculty at Campinas State University. It has emphasized a sociocultural approach in the area of leisure studies supported in the cultural analysis proposed by Geertz (1989). The nature of this research is qualitative and it was also developed semi-structured interviews and participant's observation as resources to obtaining the data. It was possible to detect the existence of an urban sociability in the climbing wall. The members of the group are organized by themselves, trying to reconcile studies, climbing and all the daily activities, maintaining affective relationship and giving meaning to the wall - a common place among them. All that differentiates them and turns them singular. These artificial places appear as forms of conquest spaces, being a choice option for a type of behavior from a social class. The bonds, the friendship relations are strengthened and durable, because of the direct relationship established with the practice and with the other climbers. GEEU, as well as other groups of urban climbing that are formed, every day, is part of a resistance movement to the rationalization process and to the cities disorder which manifests innovation and creativity, preserving and promoting the sociability, as a reaction to the individualism. In the dynamics of the climbing wall, the climbing bodies have manifested countless expressions loaded of senses, driving to countless interpretations. The climbing bodies have shown that the same body that is over-appraised, full of narcissist and hedonist senses can, also, be noticed not only for their appearance, but, in the same way, be a seduction and fascination place, creating liaisons, celebrating pleasure and creativity, through agreements. The technique and force aspects, in the sporting climbing, are as requested as lightness and delicacy, independently of the gender. The body climbing, sudden or planned motion, free in creative, tense, and sensitivity expresses movements its subjectivity in a constant dialogue with other bodies and with the technological apparatus, which in turn, comes as facilitator of the practice, mediating the body and the activity. Therefore the technology is not just understood in its functional aspect, but also cultural, as a logic sensible to the fascinations, desires and cultural needs. The adventure in the artificial walls of climbing has no relation unknown and the danger, but it is manifested in the previous and posterior events to the activity; its limits are determined by them, under calculated safety and completely integrated into the daily tasks, duties and the climbers' academic works. The pleasure experimentation of the body, in its genuine forms, is quite perceptible in the wall, making possible to live new emotions, giving different connotation to the risk possibilities and danger (practically nonexistent) and to the pleasure sensations and tear. In spite of the time of the climbers' leisure to harness to the time of the academic obligations and to the work, the logic of those two dimensions is not equally marked by the productivity and/or revenue. The wall is not a mere stage. There is manifested a ritual permeated by the ethics of the group and expressed for its inclusive character. It was possible to notice that the behaviors, tastes and styles of GEEU climbers are part of the context of the countless transformations of modern great cities urban culture. The climbing walls, spread in the severa I corners of the city, appear in this perspective: innovation forms and contemporary cultural expression, solidified by friendship politics Mestrado Mestre em Educação Física 2001 2018-07-27T23:36:35Z 2018-07-27T23:36:35Z 2001-02-03T00:00:00Z info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis (Broch.) MARINHO, Alcyane. Da busca pela natureza aos ambientes artificiais: reflexões sobre a escalada esportiva. 2001. 122p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Fisica, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/275346>. 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