Para uma leitura em outras direções: arranjos teóricos sobre a Ars amatoria de Ovídio

Made available in DSpace on 2014-06-11T19:26:48Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2006-04-10Bitstream added on 2014-06-13T19:34:39Z : No. of bitstreams: 1 boschiero_ic_me_arafcl.pdf: 712055 bytes, checksum: 2787ee77308de0e62cb2c3351a274b4a (MD5) === Coordenação de Aperfeiçoamento d...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Boschiero, Irene Cristina [UNESP]
Other Authors: Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual Paulista (UNESP) 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/11449/93861
Description
Summary:Made available in DSpace on 2014-06-11T19:26:48Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2006-04-10Bitstream added on 2014-06-13T19:34:39Z : No. of bitstreams: 1 boschiero_ic_me_arafcl.pdf: 712055 bytes, checksum: 2787ee77308de0e62cb2c3351a274b4a (MD5) === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) === Assumindo o papel de praeceptor amoris (preceptor do amor), Ovídio compõe a Ars amatoria, proclamando que tal obra é capaz de tornar instruídos (docti) os que não sabem amar. O título dado à preceptística é já esclarecedor, pois evidencia a concepção de amor como ars, ou seja, o relaciona à perícia, técnica, habilidade, bem como a método, teoria, sistema de procedimentos. Além da matéria que se propõe a ensinar, o manual ovidiano possui outra característica intrigante: é um poema híbrido, ou seja, um poema didático composto em metro elegíaco e não em hexâmetro, permeado de topoi próprios das elegias. Esse hibridismo ou o entrelaçar dos corpos elegíaco e didático é que denuncia o caráter inter e metatextual da Ars amatoria. Nas elegias, o leitor é levado a crer que aqueles topoi são de fato sentimentos naturais e espontâneos. Quando esse leitor se defronta com a Ars, nota que, na verdade, eles são imitações de sentimentos. Em outras palavras, é declarado a ele que a maneira de agir de um apaixonado não passa de uma série de convenções. Assim, Ovídio remete seu leitor para outras obras elegíacas, inclusive as suas próprias (Amores, Heróides, Os remédios para o amor). Esse procedimento capacita o leitor a estabelecer relações entre textos diferentes, ou seja, mostra a ele como ler, como se engajar no discurso erótico, tornando a Ars amatoria, mais que um manual de amor, um manual de poesia. === Assuming the role of praeceptor amoris (preceptor of love), Ovid composes the Ars amatoria, proclaiming that such work is able to make experts (docti) out of those who don t know how to love. The title given to the poem is significant in itself, since it makes evident the concept of love as ars, that is, related to technique, acquired skill, as well as to method, theory, and system of procedures. Aside from the subject it teaches, the ovidian manual has another intriguing feature: it is a hybrid poem, that is, a didactic poem composed in elegiac meter, not in hexameters, permeated of elegiac topoi. Intemingling the elegiac with didactic bodies reveals the Ars amatoria s inter and metatextual feature. In elegies, the reader begins to believe that those topoi are spontaneous feelings. However, when he faces the Ars, the reader notices that those feelings are, in fact, imitations of feelings. In other words, it is declared that being as a passionate person is nothing but following a series of conventions. In order to produce such an effect, Ovid sends the readers to other elegiac works, including his ones (Amores, Heroids, Remedia amoris). By doing that, Ovid enables the reader to establish conexions between different texts, that is, he demonstrates to the reader how he can engage himself in the erotic discourse. Such a procedure makes the Ars, more than a manual of love, a manual of poetry.