Práticas integrativas complementares em saúde: “mindfulness” no controle de cefaleias - uma revisão sistemática e metanálise

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Mestrado Profissional) da Universidade do Extremo Sul Catarinense, para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. === No Brasil, as Diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas Complementares (PNPIC) recomendam...

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Bibliographic Details
Main Author: Antunes, Lilian Beatriz
Other Authors: Simões, Priscyla Waleska Targino de Azevedo
Language:Portuguese
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://repositorio.unesc.net/handle/1/6134
Description
Summary:Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Mestrado Profissional) da Universidade do Extremo Sul Catarinense, para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. === No Brasil, as Diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas Complementares (PNPIC) recomendam a implementação da meditação no Sistema Único de Saúde (SUS), visando corroborar com a integralidade da atenção à saúde pela oferta de ações com diversas abordagens. Programas de mindfulness, ampliando os cuidados convencionais no manejo das cefaleias, especialmente na atenção básica na qual as queixas são particularmente comuns, poderiam impactar beneficamente, considerando o custo pessoal e econômico do tratamento tradicional, seus potenciais efeitos colaterais e, por vezes, sua ineficiência na resolução das crises altamente incapacitantes. O incentivo da PNPIC com vistas a subsidiar essas práticas no SUS, assim como estudos conflitantes frente à efetividade dessas intervenções nas cefaleias, justificam a busca de evidências relativas ao tema. Este estudo objetivou investigar a efetividade das práticas do mindfulness sobre características das cefaleias, sintomas associados, ansiedade, depressão, estresse e manejo da dor, por meio de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos na literatura. A estratégia de busca ocorreu por meio de pesquisa exaustiva nas bases Medline, Embase, PsycINFO (e correlatas), incluindo a Literatura Cinza, em julho de 2017. Os descritores utilizados incluíram os termos: “mindfulness”, “headache”, e sinônimos do Medical Subject Headings. A metanálise foi desenvolvida nos softwares R 3.4.3 e Review Manager 5.3, e a qualidade dos estudos avaliada pelo checklist da Cochrane. Foram incluídos na metanálise 9 estudos, sendo os protocolos mais utilizados o Mindfulnes-Based Cognitive Therapy e o Mindfulness-Based Stress Reduction. Nos desfechos primários, a metanálise apontou tamanhos de efeito para a intensidade da dor: SMD= -1,02 (IC 95%: -2,08-0,05; I2=93%); incapacidade gerada pelas crises: SMD= -0,90 (IC 95%: -2,22-0,43; I2=91%); duração das crises: SMD= -0,16 (IC 95%: -0,70-0,38; I2=40%) e frequência das crises: SMD= -0,09 (IC 95%: -0,42-0,25; I2=0%). Nos desfechos secundários relativos ao manejo da dor, quanto à autoeficácia: SMD=0,63 (IC 95%: -0,536-1,14; I2=82%); catastrofização da dor: SMD- -0,29 (IC 95%: -1,70-1,13; I2=83%) e aceitação da dor: SMD= 0,05 (IC 95%: -1,02 - 1,11; I2=72%). Desfechos secundários relativos à ansiedade, estresse e depressão mostraram: SMD= -0,71 (IC 95%: -1,8811-0,46; I2=85%), SMD= -0,58 (IC 95%: -2,097-0,935; I2=88%) e SMD= -0,12 (IC 95%: -1,3162-1,076; I2=72%), respectivamente. Resultados sugerem que a direção do efeito favorece as intervenções baseadas em mindfulness, considerando o tamanho de efeito e tendência a significância estatística quanto à intensidade da dor (p=0,06). Contudo, a heterogeneidade entre os estudos nesse, e na maioria dos desfechos, assim como a ausência de significância estatística nos demais, o reduzido número de estudos incluídos em algumas análises, além da reduzida qualidade dos mesmos, impõe cautela em sua interpretação. Tendo em vista a implementação de práticas complementares no SUS que corroboram com a integralidade da atenção à saúde, esse estudo, ao indicar alguma direcionalidade de efeito dos programas de mindfulness sobre características das cefaleias, e o descrito empoderamento dos usuários alterando a forma como esses reagem à experiência da dor, alerta para a importância de aprofundamento desse tema emergente através de ampliação dos ensaios clínicos de elevada qualidade. É provável que pesquisas adicionais tenham um impacto importante na estimativa do efeito e possam alterar essa estimativa.