Educação, infância e literaturas: ouvindo meninas negras a partir de algumas leituras (E.M.E.I.E.F. Oswaldo Hülse, Criciúma - SC)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação. === Este estudo trata de uma pesquisa realizada com crianças, na condição de meninas negras, durante os anos de...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Santos, Ivana Beatriz dos
Other Authors: Costa, Marli de Oliveira
Language:Portuguese
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://repositorio.unesc.net/handle/1/5668
Description
Summary:Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação. === Este estudo trata de uma pesquisa realizada com crianças, na condição de meninas negras, durante os anos de 2015-2016, alunas de uma escola pública municipal de Criciúma. O trabalho investigativo envolveu experiências de leituras de Literatura Infantil que apresentam conteúdos sobre a Cultura Afro-Brasileira e Africana. O objetivo da investigação foi compreender, por meio da escuta, o que seis meninas negras da E.M.E.I.E.F. Oswaldo Hülse dizem acerca das representações da cultura Afro-Brasileira nos livros de literatura presentes na escola. A metodologia utilizada foi o Espaço de Narrativas, metodologia que vem sendo realizada em estudos com crianças. Para efetivar o trabalho de investigação, buscou-se em um primeiro momento localizar dentre as escolas municipais, aquela que possuía um número maior de alunos e alunas de descendência africana. A escola com essa identificação foi a E.M.E.I.E.F. Oswaldo Hülse, localizada no bairro São Francisco. Após a escolha da escola, foram realizados contatos com a equipe diretiva e a professora da classe em que seria realizada a pesquisa. A classe escolhida foi o 2º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em função da suposta condição das crianças estarem alfabetizadas. Porém, no momento dos encontros no Espaço de Narrativa, as crianças estavam no 3º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A ideia de serem somente meninas deu-se em função da compreensão, por parte da pesquisadora, que as mulheres sofrem muitas mazelas na sociedade, e que as mulheres negras ainda sofrem e passam por opressões diferentes. Na turma selecionada, havia 06 meninas, as quais foram identificadas como negras pelos pais no ato da matrícula. Dessa forma, a pesquisa contou com a participação de seis meninas. Seguindo a metodologia do Espaço de Narrativas, as crianças receberam nomes fictícios e tiveram suas identidades preservadas. No entanto, foi necessário, também, obter a autorização dos pais, a fim de que pudessem participar da pesquisa. Ao todo, foram cinco encontros. Para provocar a expressão e as reflexões das crianças acerca do tema, foram escolhidos cinco livros de Literatura encaminhados pelo Programa Nacional da Biblioteca Escolar – PNBE e outros acervos. Para abordar a escuta das falas das meninas, foi necessário revisitar alguns conceitos como: Infância, Leitura e Literatura, Identidade, Racismo e Religião Africana, bem como apresentar a história dos Movimentos Negros no Brasil e Criciúma. As meninas apresentaram suas interpretações sobre Racismo, a partir da própria identificação com a cor da pele, tipo de cabelos e o corpo dos personagens dos livros; mostraram conhecimento acerca da cultura africana a partir das práticas religiosas; evidenciaram, mesmo possuindo uma matriz étnica semelhante, o entendimento das diferenças e puderam falar de si, mostrar seus “mundos de vida” e serem ouvidas em uma pesquisa acadêmica.