Contribuições a um pensar sociológico sobre a deficiência

Made available in DSpace on 2016-06-02T19:44:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Retido.pdf: 19733 bytes, checksum: 6aad255badc436a06364517de2344ab6 (MD5) Previous issue date: 2012-07-03 === Throughout modern history the deficiency has been described mainly by the medical knowledge. In this paper we...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Piccolo, Gustavo Martins
Other Authors: Mendes, Enicéia Gonçalves
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de São Carlos 2016
Subjects:
Online Access:https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/2898
Description
Summary:Made available in DSpace on 2016-06-02T19:44:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Retido.pdf: 19733 bytes, checksum: 6aad255badc436a06364517de2344ab6 (MD5) Previous issue date: 2012-07-03 === Throughout modern history the deficiency has been described mainly by the medical knowledge. In this paper we propose to investigate the importance of theory toward understanding the cited phenomenon on other bases than the accepted hegemonic, for this, we assumed that only a movement led by a revolutionary theory can effectively exercise the role of combatant lead. The development cited to materialize mainly through a process of dive on the writings of the London group called Disability Studies, representative current of a movement that can be seen as an inflection point on the historically dominant knowledge in dealing with disabilities, based on explanatory concepts from the field of sociology. Our work will be focused on this literature , aiming to compose a scenario which presents the historical development of this movement, as well as some of its limitations and possibilities to be explored. By materializing a theoretical search process, this work constitutes primarily as a literary composition (involving review, seizure, analysis, explanation and creation of literature), with the guidelines the historical materialism theory, though it does not materialize a Marxist work strict sense. Prior to submission of detailed theoretical corpus, we conducted a methodological process by state of the art on the dissertations and theses produced on (post-)graduate programs accredited by CAPES in fields related to sociological science (Sociology, Social Sciences, Anthropology and Political Science) between 1990 and 2010, mister universe by which Londoners develop their relations on disability. After collecting these data we found empirically that almost nothing was written about disability in the sociological fields. In 5691 texts of sociology cataloged only 10 (0.18%) dealt directly on disability. These data do not show significant changes when we compared the texts produced in the Graduate Program in Anthropology and Political Science. In anthropology, 1893 works were produced, and only 5 (0.26%) of these papers have disability as the main object of study, the same number found in Political Science in a universe of 1211 theses and dissertations. Of the 20 works found in a universe of 8798, only two made sporadic references to the London group. Thus, the deficiency still seems primarily as a medical phenomenon, a pre-sociological issue, not worthy of note to be represented as a matter of research in the sciences that make use of social analysis. In this sense, a question inevitably tends to be made: How to develop emancipatory policies for people with disabilities if the benchmark it leaves is inextricably linked to disability as a condition of dependency? Policies and practices need to be libertarian concepts and epistemologies also libertarian. But such concepts exist and seeking to appropriate the same we did a real scan magazine articles published in Disability & Society, the most important journal in the existing sociological analysis of disability. From June 1986 to July 2011 the magazine published 1487 articles, all in English, although produced by authors from more than 30 countries. Of these, 383 were read in full, which allowed us to compose the lines of this work, having as a foundational assumption the idea that disability is a product of social oppression inserted over the differences expressed by the body of his subjects, so, it is created by the intrinsic insensitivity of the environment in which we operate. From the literature review indicated themes were extracted to analyze the contributions and limits of social approach to disability and the urgent need ownership of their constructs. We conclude that the deficiency to be a category created shown capable of overcoming, whose objective conditions are given in the interstice of capitalist sociality, though never effected due to the structurally exclusive composition that features this system. Having all the means to overcome this oppressive condition that involves people with disabilities and does not exceed it is a phenomenon that highlights so nuclear forms the split between essence and existence, hence the need in fighting against these alienations, which reduces human beings the simple desire to have, the role of mere objects, thus, dispossessed or pruned sharply as the subjective capacity for self-determination, the choice of destination and the means of its attainment. The aforementioned struggle will succeed only when that full coincidence of changing circumstances and the transformation of consciousness, hallmark of any revolutionary act. Revolution, therefore, that never ceased to be the transformation of economic, political and cultural structures, linked by awareness the truths and prohibitions of the system that oppresses us. Only to discover their real interests can actually propose to overcome them. Precisely at the intersection of these elements, the thought of Marx's arises such as philosophy unsurpassed in our time because of its critical and emancipatory property; the dialectical unity between the study of capital and call for its overthrow, the analysis of alienation and fetishism by which we are involved and proposals for the disposal of all the conditions within which a man is to be reduced, abandoned, mutilated, despised. We need to bring Marxism to the analytical field of disability, that is our commitment and the universe with which the reader will encounter now. === Ao longo da história moderna a deficiência tem sido fundamentalmente descrita pelo saber médico. No presente trabalho nos proporemos a investigar a importância da teoria em direção a compreensão do fenômeno aludido sobre outras bases que não as hegemonicamente veiculadas, na medida em que partimos do pressuposto que apenas um movimento guiado por uma teoria efetivamente revolucionária pode desempenhar o papel de combatente de vanguarda. A empreitada envolveu um processo de densa imersão sobre os escritos do grupo londrino denominado Disability Studies, corrente representativa de um movimento que pode ser visto como um ponto de inflexão sobre os saberes historicamente dominantes no trato com a deficiência, tendo por base conceitos explicativos oriundos do campo sociológico. Sobre esta literatura nosso trabalho se debruçará, intuindo compor um cenário que apresenta o desenvolvimento histórico deste movimento, assim como algumas de suas limitações e possibilidades projetivas a serem exploradas. Por materializar um processo de busca teórica, o referente trabalho se constitui basicamente como uma composição literária (envolvendo revisão, apreensão, análise, explicação e criação de literatura), tendo por referencial teórico cardeal o materialismo histórico, embora o mesmo não materialize um trabalho marxista strictu sensu. Anteriormente a apresentação pormenorizada deste corpus teórico, realizamos como preposto metodológico um processo de estado da arte sobre as dissertações e teses produzidas nos programas de pós-graduação credenciados pela CAPES em campos afins a ciência sociológica (Sociologia, Ciências Sociais, Antropologia e Ciência Política) entre os anos de 1990 e 2010, universo mister pelo qual os londrinos desenvolvem suas relações sobre a deficiência. Após a coleta destes dados constatamos empiricamente que pouco de efetivamente sociológico foi escrito sobre a deficiência. Na sociologia dos 5691 trabalhos catalogados apenas 10 (0,18%) versaram diretamente sobre a deficiência. Na antropologia, dos 1893 trabalhos produzidos apenas 5 (0,26%) tiveram a deficiência como objeto de estudo principal, o mesmo número encontrado na Ciência Política em um universo de 1211 teses e dissertações. Dos 20 trabalhos encontrados em um universo de 8.798, apenas dois fizeram esporádicas menções ao grupo londrino. Assim, a deficiência ainda parece vista essencialmente sob firmamentos médicos, um tema pré ou pouco sociológico, não digno de nota de ser representado como questão de pesquisa pelas ciências que se valem da análise do social. Nesse sentido, uma pergunta emerge: Como se elaborar políticas públicas emancipatórias para as pessoas com deficiência se o referencial do qual partem está inextricavelmente ligado a condição da deficiência como doença e dependência? Políticas e práticas libertárias carecem de conceitos e epistemologias também libertárias. Mas tais conceitos existem e na busca em se apropriar dos mesmos fizemos uma verdadeira varredura nos artigos publicados pela revista Disability & Society, mais importante periódico existente na análise sociológica da deficiência. De junho de 1986 a julho de 2011 a revista publicou 1.487 artigos, todos em língua inglesa, embora produzidos por autores de mais de 30 países. Destes, 383 foram lidos na íntegra, os quais nos permitiram compor as linhas deste trabalho, que tem como um de seus pressupostos fundantes a ideia de que a deficiência é produto da opressão social inserida por sobre as diferenças expressas pelo corpo de seus sujeitos, portanto, criada mediante a insensibilidade intrínseca do meio no qual estamos inseridos. A partir da análise da literatura indicada foram extraídos os eixos temáticos no que tange ao analisar as contribuições e limites desta abordagem social da deficiência e a necessidade imperiosa de apropriação de seus constructos. Conclui-se que por ser a deficiência uma categoria criada se mostra passível de superação, cujas condições objetivas estão dadas no interstício da própria sociedade capitalista, embora jamais efetivadas devido à própria composição estruturalmente excludente que caracteriza dito sistema. Ter todos os meios para se superar esta condição opressiva que envolve as pessoas com deficiência e não superá-la é um fenômeno que destaca cardealmente a cisão entre essência e existência, daí a necessidade candente em lutarmos contra estas alienações, as quais reduzem os seres humanos ao simples desejo do ter, ao papel de meros objetos, destarte, despossuídos ou podados bruscamente quanto à capacidade subjetiva de autodeterminação, da escolha do destino e dos caminhos elencados para esta acolhida. A citada luta apenas obterá sucesso pleno quando da coincidência entre a mudança das circunstâncias e a transformação das consciências, marca característica de qualquer ato efetivamente revolucionário. Revolução, por conseguinte, que nunca deixou de ser a transformação das estruturas econômicas, políticas e culturais coadunadas pela tomada de consciência das verdades e interditos do sistema que nos oprime. Apenas ao desvendar seus reais interesses podemos de fato propor sua superação. Justamente na intersecção destes elementos que o pensamento de Marx se coloca como a filosofia ainda insuperável de nosso tempo em função de sua propriedade crítica e emancipadora; da unidade dialética entre o estudo do capital e a convocação para sua derrubada, da análise da alienação e do fetichismo ao qual estamos envolvidos e a proposição de eliminação de todas as condições no seio das quais o homem é um ser diminuído, abandonado, mutilado, desprezado. É preciso trazer o marxismo ao campo analítico da deficiência, essa é nossa aposta e o universo com o qual o leitor se deparará a partir de agora.