O mapeamento dos conflitos socioambientais de Mato Grosso: denunciando injustiças ambientais e anunciando táticas de resistência

Made available in DSpace on 2016-06-02T19:29:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1 4510.pdf: 21586873 bytes, checksum: dc7736a50801bb300f2885223e09b923 (MD5) Previous issue date: 2012-03-23 === Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso === The State of Mato Grosso-Brazil, locus of this rese...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Silva, Michelle Tatiane Jaber da
Other Authors: Sato, Michele
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de São Carlos 2016
Subjects:
Online Access:https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/1780
Description
Summary:Made available in DSpace on 2016-06-02T19:29:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1 4510.pdf: 21586873 bytes, checksum: dc7736a50801bb300f2885223e09b923 (MD5) Previous issue date: 2012-03-23 === Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso === The State of Mato Grosso-Brazil, locus of this research, is singular from the ecological point of view, encompassing three important biomes: Amazon, Cerrado (Savannah) and Pantanal, and also a peculiar ecosystem called Araguaia. However, in this landscape there is a contrast between the results of the search for economic growth strongly centred on the activities of the agribusiness, of the power plants and other activities that are the driving force of significant socio-environmental conflicts. These conflicts that emerge when at least one of the groups has the continuity of their ways of life threatened by undesirable environmental impacts, due to the action of other groups. The understanding of such a diverse dynamic that is present in this territory is emphasized in this research, since the main aim of this thesis is to map the main social environmental conflicts that are in the 12 planning regions of Mato Grosso, from the narratives of the vulnerable social groups. In this context, we consider that the vulnerable social groups are the most affected by this model and we presuppose that in places where the conflicts are more intense, the tactics of resistance and organized forms are also more expressive. So, in order to investigate such issues, we started in 2008 a research Project Mapping of identities and territories of the State of Mato Grosso , developed by the Environmental Education, Communication and Arts Research Group of the Federal University of Mato Grosso, sponsored by the Mato Grosso State Research Support Foundation. In this project we have promoted two Seminars on Social Mapping, which occurred in the city of Cuiabá-MT, in 2008 and 2010. In each one about 250 people took part in the seminar, representatives of several social groups of the State. To understand this vigorous broth we used a methodological complexity which composes the epistemological contribution provided by the phenomenology, linked to the praxis of the social map and by the axiological values inspired in the cartography of the imaginary. In this way, we presented in this thesis a general view of the socio-environmental conflicts that were mapped, allowing for a picture of the global landscape of MT. Besides, we offered some settings of the local landscape, showing the struggles of some specific social groups, which are: Mata Cavalo Slave`s Descendant Black Community (Quilombo), Pantanal`s Community of São Pedro de Joselândia Community, Xavante People of the Indigenous Land of Marãwaitsédé and Rubbertappers of Guariba & Roosevelt Extractivist Reserve. Subsidized by the use of technologies of the geo-referenced database processing, we presented a spatialization of the Map on the socioenvironmental conflicts of the State of Mato Grosso with 194 points of conflicts identified, places where death threatens and slave work exists. The participant`s narratives point to the understanding that the mapped conflicts are expressions of the development model that leads to the destructions of the ecosystems and the annihilation of singular forms of life. The mapping reveals that the main direct driving forces of the conflicts are: dispute for the land, dispute for water, deforestation, burning and abusive use of agricultural pesticides. Opposite to the striking practices, several tactics of resistance appear, that go from the legal procedures to the most subversive ones. Thus, from an environmental education point of viewthat aims for the social changes with ecological responsibility, we consider that the results shown in this study may become a referential to the researchers, governments and civil society; that when elaborating public policies, they can take into account the socio-environmental conflicts in their decisionmakings, seeking for the participation as one of the driving forces of the conceptual, political and scientific for the world transformation. === O Estado de Mato Grosso-Brasil, lócus desta pesquisa, é singular do ponto de vista ecológico, abrangendo três importantes biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal, além de um peculiar ecossistema chamado Araguaia. Entretanto, contrastam nessa paisagem os resultados da busca pelo crescimento econômico, centrada fortemente na atividade do agronegócio, das usinas hidrelétricas e de outras atividades que são propulsoras de significativos conflitos socioambientais. Conflitos estes, aflorados quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade do seu modo de vida ameaçada por impactos ambientais indesejáveis, decorrentes da ação de outros grupos. A compreensão dessa dinâmica tão diversa que se faz presente neste território ganha relevo nesta pesquisa, pois, o objetivo central desta tese é mapear os principais conflitos socioambientais presentes nas 12 regiões de planejamento de Mato Grosso e suas causas propulsoras, a partir das narrativas dos grupos sociais vulneráveis. Avaliamos essencial dar visibilidade a estes dilemas, denunciando os conflitos socioambientais de MT, desvelando os riscos que os ecossistemas mato-grossenses estão expostos, as mazelas a que os grupos sociais vulneráveis estão subjugados, e, anunciando novas formas de supressão das violências desenvolvimentistas, agora sob a égide da sustentabilidade. Neste contexto, consideramos que os grupos sociais vulneráveis são os principais atingidos por esse modelo e presumimos que em locais onde os conflitos são mais intensos, as táticas de resistência e formas organizativas são também mais expressivas. Assim, a fim de investigar tais questões, iniciamos em 2008 o projeto de pesquisa Mapeamento das identidades e territórios do Estado de Mato Grosso , desenvolvido pelo Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte, da Universidade Federal de Mato Grosso, sob financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso. Neste projeto promovemos dois Seminários de Mapeamento Social, ocorridos na cidade de Cuiabá-MT, nos anos de 2008 e 2010. Em cada um deles reunimos aproximadamente 250 pessoas, representantes dos diversos grupos sociais do Estado. Para uma compreensão deste caldo vigoroso recorremos a uma complexidade metodológica que compõe o aporte epistemológico propiciado pela fenomenologia, aliada à práxis do mapa social e pelos valores axiológicos inspirados na cartografia do imaginário. Deste modo, apresentamos nesta tese um panorama geral dos conflitos socioambientais mapeados, possibilitando um retrato da paisagem global de MT. Além disso, oferecemos alguns cenários da paisagem local, evidenciando as lutas de alguns grupos sociais específicos, sendo eles: Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, Comunidade Pantaneira de São Pedro de Joselândia, Povo Xavante da Terra Indígena de Marãwaitsédé e Seringueiros da Reserva Extrativista Guariba & Roosevelt. Subsidiados pelo uso de tecnologias de processamento de dados georreferenciados, apresentamos uma espacialização do Mapa dos conflitos socioambientais do Estado de Mato Grosso com os 194 pontos de ocorrência de conflitos identificados, locais em que existem ameaças de morte e trabalho escravo. As narrativas dos entrevistados apontam a compreensão de que os conflitos mapeados são expressões do modelo de desenvolvimento que levam a destruição dos ecossistemas e o aniquilamento de formas singulares de vidas. O mapeamento revela que as principais forças motrizes diretas (driving forces) dos conflitos são: disputas por terra, disputa por água, desmatamento, queimada e uso abusivo de agrotóxicos. No contraponto às práticas impactantes, surgem diversas táticas de resistência que vão desde as vias legais até as mais subversivas. Assim, inscritos em uma educação ambiental que almeja a transformação social com responsabilidade ecológica, consideramos que os resultados apontados neste estudo podem se tornar um referencial aos pesquisadores, governos e sociedade civil; que ao elaborarem as políticas públicas, consigam considerar os conflitos socioambientais nas tomadas de decisão, buscando a participação como uma das molas propulsoras da guinada conceitual, política e científica.