O lado negro do preto

Dissertação (mestrado) - Unversidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2010 === Made available in DSpace on 2012-10-25T05:57:49Z (GMT). No. of bitstreams: 1 279168.pdf: 2346960 bytes, checksum: 155d871e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Gomes, Maíra Marchi
Other Authors: Universidade Federal de Santa Catarina
Language:Portuguese
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/94055
Description
Summary:Dissertação (mestrado) - Unversidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2010 === Made available in DSpace on 2012-10-25T05:57:49Z (GMT). No. of bitstreams: 1 279168.pdf: 2346960 bytes, checksum: 155d871e13a862ea3a1b23cf2b5bba68 (MD5) === Aborda-se o conceito de mandato policial de grupos especiais de polícia a partir de observação participante e entrevistas junto a integrantes do BOPE-SC, tendo como método a análise de narrativas. Apresenta-se a carência de estudos que tratem explicitamente do mandato policial e algumas possíveis compreensíveis do que o seja a partir de uma análise da produção bibliográfica encontrada. Abordam-se, especificamente, as menções ao mandato policial de grupos especiais de polícia, ressaltando-se que só foram encontradas em manuais/monografias/sites de autoria de instituições de Segurança Pública ou representantes delas, nas quais o discurso não é analítico, mas apenas prescritivo/normativo. O fato de apenas nativos haverem falado, até o momento, sobre grupos especiais de polícia articula-se com as considerações feitas a propósito da posição do pesquisador em Antropologia, haja vista a condição da própria autora de compor o quadro de uma força policial ter sido uma via de entrada em campo. A entrada em campo também é descrita, a partir do uso que os participantes fizeram das categorias de mulher, psicóloga e policial civil, como já tendo sinalizado uma categoria fundamental para o entendimento do mandato policial de grupos especiais de polícia: a de masculinidade, identificada pelos policiais a atributos de virilidade como o uso da força e como condição na qual o sujeito se iniciaria. Fundamenta-se, no capítulo seguinte, como a representação que os policiais em questão fazem dos suspeitos/autores de crimes tem por função a estruturação, por oposição, da identidade do grupo especial de polícia. Em seguida, discute-se que o mandato de grupos especiais de grupo de polícia coloca em suspensão as categorias de Justiça e Direito, sendo que os policiais definem em seu trabalho sempre tendo por referência (tanto para se aproximar, como para se distanciar) o ordenamento jurídico e para, a partir dele, definirem o que consideram o princípio fundamental de sua atuação: a justiça. Entende-se que a suspensão de tais categorias deve ser pensada a partir das concepções destes policiais sobre o que os particulariza (que é, a propósito, o mesmo que entendem que os diferencia da polícia convencional): uma certa moral. Moral esta desenvolvida e visibilizada pelos treinamentos/cursos de formação e #mística# própria ao batalhão, e que atenderia a anseios inclusive da própria sociedade. Sobre a última, cabe mencionar a particular função da farda do batalhão: a de distintivo. Como uma síntese das discussões realizadas até o momento, compreende-se o mandato policial de grupos especiais de polícia como fundado em um ethos guerreiro, a partir do quê os policiais compreendem as relações estabelecidas entre as praças e os oficiais, entre o Comando do BOPE-SC e seus subordinados, entre o Comando do BOPE-SC e o Comando Geral. Este ethos guerreiro é exemplarmente manifesto no uso que fazem de metáforas animas e da categoria #rusticidade# para falarem de todas estas relações; principalmente, para falarem do trânsito entre diferentes posições hierárquicas realizado por todos os envolvidos nestas relações. === The concept of police mandate of special police units is approached through communicating observation and interviews with police officers of BOPE-SC, using as a method the narrative analyses. The literature about police mandate shows a lack of studies that address explicitly the police mandate, as well as several possible understandings of what it is, originating from the overview of a bibliographic production found. References to the mandate of police special units have been specially approached, emphasizing that they had been found in manuals/monographs/websites authored by institutions of Public Safety or their representatives, in which the speech is not analytical, but only prescriptive/normative. The fact that only native people have spoken about special police units so far is articulated with the considerations made about the position of the anthropology researcher, considering that even the author belongs to the ranks of a police force was a way of entry in field. The ingress into the field is also described through the use made by the participants of the categories of woman, psychologist and civil police officer, as pointing a fundamental category for the understanding of the police mandate of special police units: the one of masculinity, identified by the police officers as attributes of virility as the use of strength and as a condition in which people would begin. It is for this structure role that masculinity, thus understood, has for the group, who identify himself as opposed to feminine. It is based, still, as a representation that the police officers do about suspects/offenders have as their function the structuring, also for opposition, of the police special unit#s identity. Then, it is brought about that the mandate of special police units puts in suspension the categories of Law and Justice, once the policemen agree in their work always having as reference (for both approaches, and to distance themselves from) the legal methodology, in order to, according to it, determine what they consider the fundamental principle of its activities: the justice. It#s of common understanding that the suspension of these categories must be thought from the conceptions of these police officers about what particularize them (which is, moreover, the same understanding that differ them from the conventional police): a certain moral. This moral developed and visualized by practice/training courses and "mystical" of the own battalion, that would respond to the concerns even of the society itself. About this mystical, it#s important to mention the particular function of the uniform of the battalion: as the distinguishing. As a summary of the discussions held so far, the police mandate of special police units is understood as founded in a warrior ethos, from what the police officers understand the relations set between the non-commissioned officers and the officers, between the BOPE's command and its subordinates, and between the BOPE's command and the General Command of the Military Police. This warrior ethos is exemplary manifested in their use of animal metaphors and in the category of "rusticity" to talk about all these relations, mainly to talk about the traffic between different hierarchical positions made by all the people involved in these relationships.