Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 2009. === Made available in DSpace on 2012-10-24T16:27:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
274627.pdf: 1387361 bytes, checksum: 6ec64679cb2c1f5f84414c1a05594124 (MD5) === Esta dissertação trata da contribuição do cientista e teórico holandês Anton Pannekoek (1873-1960) para a análise de duas formas de organização política: partidos e sindicatos de trabalhadores. Toma por objetivo extrair conceitos e categorias analíticas para uma teoria autonomista da política, discutir a relação dirigentes/dirigidos como aspecto da divisão social do trabalho, destacar o tratamento dado por Pannekoek para a função exercida pela subjetividade e a consciência nas lutas sociais, e verificar como se equaciona, na teoria do autor em tela, a relação entre o cotidiano dos trabalhadores e os aparelhos sindicais e partidários. Adota o método dialético para proceder à leitura e interpretação do pensamento e dos escritos de Pannekoek, ancorado numa seleção de autores que discutem a questão da reconstituição do concreto no pensamento em busca das determinações dos fenômenos. Está estruturada em três partes: a primeira realiza sintética apresentação da trajetória pessoal, intelectual e política do autor em estudo, situa Pannekoek em seu tempo por meio da apresentação do contexto sociopolítico e econômico em que viveu e atuou, além de expor contextual e analiticamente os quatro processos históricos que serviram de base empírica para as suas formulações; a segunda apresenta a crítica de Pannekoek às ortodoxias social-democrata e bolchevique e ao fenômeno burocrático no Estado e nos partidos e sindicatos de trabalhadores; a terceira apresenta as proposições de Pannekoek em termos de organização política dos trabalhadores. Ao final, considera que as ideias de Pannekoek expressaram uma recusa consciente, não utópica, das consequencias da divisão social em classes antagônicas; que as alternativas por ele formuladas são viáveis por se basearem em sólida visão científica da vida dos seres humanos em sociedade e da realidade material; que a degeneração burocrática dos sindicatos e dos partidos socialistas e comunistas somente pode ser superada pela ação autônoma dos trabalhadores para criar formas novas e próprias de organização e de expressão política; considera ainda que parte das suas análises foi fruto de condições que desapareceram e, por isso, parcela das proposições formuladas apresentam insuficiências para serem aplicadas atualmente. Do balanço geral entre vida e obra conclui que Pannekoek foi um teórico inovador na tradição marxista e que boa parte de suas contribuições continuam válidas para se pensar criticamente não apenas partidos e sindicatos, mas a sociedade como um todo - especialmente pelo valor que atribuiu aos elementos subjetivos e culturais nas lutas sociais e de classes, pela capacidade de teorizar o fim das classes com base na liberdade e na igualdade dos produtores diretos sem abrir mão da coerência e pela confiança que demonstrou na capacidade dos seres humanos para superar obstáculos e instaurar um sistema social menos injusto e desumano.
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