Atividade neurofarmacológica do pericarpo dos frutos de Passiflora edulis variedade flavicarpa Degener (maracujá) em camundongos

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Florianópolis, 2009 === Made available in DSpace on 2012-10-24T08:40:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1 274233.pdf: 2190208 bytes, checksum: c305632f61d7951c46e5ac8bf44c5...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Sena, Ligia Moreiras
Other Authors: Universidade Federal de Santa Catarina
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/92415
Description
Summary:Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Florianópolis, 2009 === Made available in DSpace on 2012-10-24T08:40:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1 274233.pdf: 2190208 bytes, checksum: c305632f61d7951c46e5ac8bf44c5c7a (MD5) === As espécies vegetais pertencentes ao gênero Passiflora são chamadas popularmente de maracujá e são utilizadas tradicionalmente na medicina popular como sedativo, ansiolítico natural, e no tratamento e prevenção da irritabilidade, insônia e nervosismo. Embora a Farmacopeia Brasileira considere como a espécie oficial do gênero Passiflora apenas a espécie Passiflora alata, a espécie Passiflora edulis variedade flavicarpa Degener, popularmente conhecida no Brasil como maracujá azedo ou maracujá amarelo, é a mais frequentemente usada tanto para a produção de suco pela indústria alimentícia quanto como remédio pela população. Esta tese investigou os efeitos neurofarmacológicos do extrato aquoso (EA), fração butanólica (FB) e fração aquosa residual (FAR) obtidos a partir do pericarpo dos frutos da espécie Passiflora edulis variedade flavicarpa (P. edulis). No teste da transição claro-escuro, o tratamento por via oral com o EA do pericarpo aumentou o tempo de permanência no compartimento claro do modelo, de maneira semelhante ao efeito do diazepam, sugerindo um efeito tipoansiolítico. Além disso, reduziu significativamente o tempo para início do sono induzido por éter etílico, além de aumentar a duração total do sono. No teste da suspensão pela cauda, o tratamento com o EA produziu efeito tipo-antidepressivo, representado pelo aumento da latência para a primeira imobilidade e redução do tempo total de imobilidade, de maneira semelhante ao efeito da imipramina. A FB produziu efeitos semelhantes, tanto no teste da transição claro-escuro, quanto no da suspensão pela cauda, enquanto a FAR mostrou-se desprovida de ação neurofarmacológica. A presença de flavonoides Cglicosídeos, identificados como vicenina-2, 6,8-di-C-glicosilcrisina, spinosina e isoorientina, o último como composto majoritário, tanto no EA quanto na FB, foi associada aos efeitos neurofarmacológicos observados. O tratamento por via oral com a isoorientina isolada promoveu tanto um efeito tipo-ansiolítico no teste da transição claroescuro, quanto um efeito tipo-antidepressivo no teste da suspensão pela cauda. No teste da transição claro-escuro, o pré-tratamento com flumazenil, antagonista benzodiazepínico, não bloqueou o efeito tipoansiolítico da isoorientina, enquanto o pré-tratamento com AY- 100635, antagonista 5-HT1A, bloqueou tal efeito. No teste da suspensão pela cauda, o pré-tratamento com p-clorofenilalanina, inibidor da síntese de serotonina, bloqueou o efeito tipo-antidepressivo da isoorientina, enquanto não houve bloqueio após o pré-tratamento com prazosina, antagonista adrenérgico. Esses resultados sugerem que a atividade neurofarmacológica do pericarpo de P. edulis, observada pela primeira vez neste trabalho, está relacionada à presença de flavonoides Cglicosídeos, principalmente a isoorientina, a qual parece promover atividade tipo-ansiolítica e antidepressiva via mecanismos serotonérgicos de neurotransmissão. O presente trabalho descreve, portanto, a atividade neurofarmacológica de uma parte da planta a casca que é considerada resíduo industrial e, portanto, descartada. Cerca de 300 mil toneladas de cascas dos frutos de P. edulis são descartadas anualmente, o que representa um desperdício de material que poderia ser utilizado como matéria-prima para diferentes tipos de indústria, inclusive, ou principalmente, a farmacêutica.