Summary: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação === Made available in DSpace on 2012-10-22T14:47:44Z (GMT). No. of bitstreams: 0 === O presente trabalho propôs-se a verificar como a expansão da escola elementar pública catarinense na Primeira República pôde contribuir para a "adesão" das populações dos municípios às concepções de mundo e aos interesses das classes dirigentes do período. Ou, ainda, em terminologia gramsciana, de que maneira ela pôde contribuir para o processo de hegemonia, em que se promoveu a subordinação das classes subalternas à direção política e cultural das oligarquias dirigentes ao longo do período em estudo. Para tanto, investigou as políticas de modernização da instrução primária pública, especialmente nas décadas de 10 e 20 do século XX, quando a partir de 1911 foram criados os primeiros Grupos Escolares catarinenses, caracterizando, pela primeira vez no Estado, a presença da escola pública primária moderna: seriação dos conteúdos; homogeneização das turmas por faixa etária e grau de conhecimento; racionalização espacial e administrativa das escolas; implementação de certo método de ensino, nomeado à época "método intuitivo" ou "lição de coisas", que deveria ser desenvolvido com a reorganização da Escola Normal. De uma ênfase inicial dos governos na expansão da escola primária pública de tipo moderno - graduada e urbana, o Grupo Escolar -, passou-se a uma preferencial expansão das escolas isoladas rurais, especialmente nos núcleos coloniais, premidos pela urgência em nacionalizar as várias populações "estrangeiras", a partir do envolvimento do Brasil na Primeira Grande Guerra. Nacionalização particularmente desenvolvida em torno da questão do "perigo alemão", de sua exploração política, e no interesse dos governos na constituição por meio da escola de um "sentimento de nacionalidade" na sociedade brasileira em geral sob o ideal do "Estado-nação", de tendência conservadora e autoritária. A Igreja Católica exerceria no período grande ingerência nas questões do ensino público, tendo até mesmo várias de suas instituições escolares subsidiadas por recursos públicos. Em uma perspectiva gramsciana, a Igreja como uma organização da sociedade civil se constituía então como um "aparelho privado de hegemonia", a partir da aliança entre as elites dirigentes e os altos quadros da Igreja Católica. A afirmação de tais valores e práticas - nacionalistas e católicos, por exemplo - estabelecida no ambiente escolar por meio do currículo e dos programas cumpriria papel disciplinador e de constituição de um consenso que iria ao encontro dos interesses e das práticas políticas da época, em um sistema oligárquico fundado em relações pessoalizadas e de trocas de favores caracteristicas do coronelismo da Primeira República.
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