Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. === Made available in DSpace on 2012-10-22T10:05:03Z (GMT). No. of bitstreams: 1
242745.pdf: 1098668 bytes, checksum: 670bedf38d0e0abc695493e28d95f2e7 (MD5) === Considerando que a concepção de saúde-doença fundamenta a estrutura curricular das escolas médicas, a sua proposta pedagógica e, por fim, a prática profissional, o objetivo geral da pesquisa foi investigar as percepções sobre o processo saúde-doença dos estudantes da primeira fase do curso de medicina da UFSC, traduzidas nas expectativas que eles têm em relação à sua formação e ao seu futuro profissional e na definição de saúde e doença. Os pressupostos são que os estudantes têm uma concepção biologicista do processo saúde doença e de que isso se traduza na formação através da expectativa de um ensino voltado para o diagnóstico e tratamento das doenças, realizado preferencialmente no ambiente hospitalar. No exercício profissional, pressupõe-se que esperem exercer a profissão no hospital e no consultório particular, como especialistas, com grande reconhecimento social, tanto em prestígio como em retorno financeiro. Espera-se, ainda, que ao definir saúde, o façam como a ausência de doenças e que, na definição de doença, a restrinjam ao corpo biológico. A pesquisa foi qualitativa, através de um estudo de caso, utilizando a entrevista semi-estruturada como técnica de coleta de dados. Os sujeitos do estudo foram onze estudantes da primeira fase do curso de medicina da UFSC do primeiro semestre de 2006, sendo seis do sexo masculino e cinco do sexo feminino, escolhidos aleatoriamente entre os que concordaram em participar da pesquisa. Os dados foram organizados e analisados através da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. A análise dos discursos teve como referência as concepções de saúde-doença, que, em decorrência do marco teórico utilizado, foram divididas em três categorias: a concepção biologicista, a concepção multicausal e a da determinação social da doença. Os resultados mostraram a existência de uma forte visão biologicista do processo saúde-doença traduzida nas expectativas em relação à formação e ao exercício da profissão no futuro, mas com uma forte disposição altruísta e humanitária presentes nesta fase inicial. Na definição de saúde e doença aparece a noção de equilíbrio-desequilíbrio ente os aspectos físicos e psíquicos como determinador do estado de saúde ou de doença da pessoa. Saúde e doença adquirem um caráter subjetivo e individual para o Sujeito Coletivo. O papel das condições de vida, incluindo as sócio-econômicas, de habitação, educação, saneamento básico, lazer, entre outros, também aparecem como intervenientes no processo de adoecer, recuperar e manter a saúde. Não há entretanto um percepção da causalidade da doença determinada socialmente. A concepção de saúde-doença predominante é a multicausal, embora com um forte componente biologicista em alguns momentos e uma percepção que coincide com a promoção da saúde, em outros. O Sujeito Coletio, portanto, é contraditório. Considerou-se que a vivência dos estudantes com o novo currículo em implantação na UFSC possa ter influenciado favoravelmente para uma ampliação do significado e importância da prática médica para além da prática clínica. O autor questiona a amplitude da nova proposta curricular do curso de medicina da UFSC, considerando que ela, em seu formato, não rompe com a lógica disciplinar, embora acrescente elementos da prática profissional na formação desde o início do curso. Considera, também, a importância de continuar acompanhando os estudantes para avaliar a evolução da concepção de saúde-doença ao longo do desenvolvimento do curso.
Taking into consideration that the conception of health-disease gives support to the curricular structure of medical schools, its pedagogical proposition and its professional practice, the general objective of the present study was to investigate the perceptions about health-disease among the students from the first semester of the course of medicine at UFSC, perceptions that are translated into the expectations that these students have in relation to their studies and to their professional future, as well as to the definition of health and disease. The assumptions are that the students have a biologicist conception of the health-disease process and that this view can be translated in the studies through the expectations of a kind of teaching that emphasizes the diagnosis and the treatment of the diseases, which takes place, specially, in the hospital environment. In the professional practice, one may presuppose that they expect to practice the profession in the hospital, and in a private doctor´s office as specialists, and as professionals socially recognized in prestige, as well as in financial gains. Additionally, it is expected that when defining health, the subjects mean lack of disease and that, when defining disease, they restrict it to the biological body. This research was a qualitative case-study, that was accomplished by means of a semi-structured interview as a technique of data collection. The subjects of the study were eleven (11) students, six male and five female, attending the first period of Medicine at UFSC, during the first semester of 2006, students who were chosen at random among those who agreed to participate of the research. The data were organized and analyzed through the technique of the Discourse of the Collective Subject. The analysis of the discourses used as reference the conceptions of health-disease, that as a result of the theoretical mark used , were divided into three categories: the biologicist conception, the multi causal conception and the one of the social determination of the disease. The results indicated a strong biologicist view of the health-disease process translated in the expectations in relation to the studies, and to the practice of the profession in the future, but with a strong altruist disposition and humanitarian disposition present in this initial phase. In the definition of health and disease the notion of equilibrium-unbalance appears among biological and psychic aspects as determinants of the condition of health or disease of a person. Health and disease acquire, in this case, a subjective and individual form for the Collective Subject. The role of the living conditions, including the ones such as socio economic, habitation, education, basic sanitation, leisure, among others, appear also interfering in the process of becoming ill, of recovering and of the maintenance of health. There is not, therefore, a perception of the occurrence of the disease socially determined. The predominant conception of health-disease is multi casual, although with a strong bioligicist component in some moments, and a perception that coincides with the promotion of health, in others. The Collective Subject, therefore, is contradictory. It was taken into consideration that the experience of the students with the new curriculum implanted at UFSC may have influenced positively in the amplification of the meaning and in the importance of the medical practice for beyond the clinical practice.The author argue the amplitude of the new curricular proposition for the Course of Medicine at UFSC, considering that it, in its format, does not break the logic of the disciplines, although it adds elements of the professional practice into the formation since the beginning of the course. It also takes into account the importance of keeping on monitoring the students in order to evaluate the evolution of the conception of health- disease during all the course.
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